DEENAFico tão confusa com as maneiras de Henry para comigo. Quando chegaram, depois da feira, fui conversar com ele, mas ele recusou. Disse que queria jogar videogame com Eve. Ambos riram muito, enquanto eu preparava o jantar e enquanto comiam.Algo, que ainda não sei, mas posso imaginar, mudou seu jeito em relação a Eve e quer ganhar a mãe? Trate bem o seu filho.Agora estou deitada na cama, junto a minha filha, enquanto ele, sentado aos pés da dela, lê o conto da “Princesa e a ervilha”. Não precisamos de muito tempo para vê-la fechar os olhos e ressonar.— Você sabe que essa história é uma crítica a realeza e a nobreza, né?Sussurro enquanto fecho a porta do quarto da menina atrás de mim.— Por que as pessoas de sangue nobre são tão delicadas a ponto de sentir uma ervilha embaixo de um monte de colchões?Sorrio timidamente.— É isso aí. — digo, indo para o meu quarto. Ele me dá dois cutucões na cintura.— Você acha que isso se aplica a mim? Estou dormindo em um sofá em que não cabem
HENRYQuanto mais as pessoas desqualificam minha garota, mais me prendo a ela, mais tenho vontade de protegê-la e exaltá-la.Acho que dei o meu recado direitinho para que a tratassem muito bem. Queria tanto que as coisas entre nós tivessem sido mais orgânicas e mais livres, mas infelizmente sou um idiota que acaba sempre estragando as coisas.Antes de Red Springs, da fazenda Paterson e de Deena e Eve, estava indo em uma espiral de autodestruição, de uma total falta de sentido na vida, que acabei me enrolando muitas vezes com a lei. Nada considerado tão grave, exceto por dirigir bêbado, porém, coisas que um homem correto não faria.Sei que há pouquíssimo tempo que estamos envolvidos, mas por elas, eu quero ser um homem melhor.Subo as escadas da mansão de meus pais, até o quarto onde minha mãe se apronta, está sentada na maca, onde acabou de receber uma massagem. Está de roupão, com os cabelos escuros e ondulados caindo-lhe pelos ombros.— Ah! Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?!
DEENAApesar do olhar de estranhamento de algumas pessoas, como se eu fosse algum espécime animal, nunca fui tão paparicada em toda a minha vida. Primeiro me deixaram “de molho” em ofurô muito perfumado e cheio de pétalas, quase cochilei na água quente e acolhedora. Depois recebi uma massagem vigorosa, que, tenho certeza, desfez até os nós da minha alma, pois, assim que me levantei parecia que estava flutuando. Foi então que veio a parte difícil: A depilação. Não que eu não faça isso, mas, meus amigos! Não tenho um só pelo em todo o meu corpo! Depilaram até os meus braços! Depois disso, entrei novamente no ofurô em uma água com cheiro de chá, até me lembrei de uma xícara de Eve, que tem um homenzinho pendurado na borda, na verdade, ele é uma peneira, onde colocamos as folhas de chá.— Isso é chá? — perguntei a uma das funcionárias.— Sim. É um mix de ervas para acalmar a vermelhidão da sua pele.Interessante! Olhei para os meus braços e, estavam realmente muito vermelhos nos lugares o
DEENAEla parecia ser apenas poucos anos mais velha do que eu, tinha os cabelos pretos presos em um coque alto com franja muito bem arrumados, sem nem um fio fora do lugar. Usava um vestido branco, ombro a ombro de mangas muito justo e muito brilhante.— Quantos anos a sua mãe tem? — pergunto assombrada.— Estamos comemorando seus quarenta e sete anos. — ele responde divertido.— Ela é muito nova!—Sim. Ela é. Casou-se com meu pai com dezessete anos. Um casamento por contrato.— O quê? — achava que isso só acontecia nos romances.— Sim. Um acordo entre famílias. Nasci quando ela tinha 19, se não me engano.Ia fazer mais perguntas, mas as engulo no momento em que percebo que ela olha em nossa direção. Primeiro um olhar assombrado e depois analítico.— Vamos? — Henry diz com as mãos espalmadas pelas minhas costas, já me guiando na direção dela.— Mamãe! Essa é Deena Hoyth. — Assim que Henry me apresenta, ela analisa cada detalhe da roupa do filho embasbacada.— Henry Denis, isso é sério
HENRYNão posso acreditar que Deena quer ter uma D.R no meio da festa da minha mãe! Pensei que estivéssemos bem, só vivendo o momento, deixando este sentimento crescer com todo o cuidado necessário para não machucar Eve, mas eu não entendo o que ela quer, agora, justo hoje.Ando a passos rápidos, pela casa que conheço tão bem. De longe consigo vê-la, brilhando em seu vestido azul claro, comendo uma pilha de salgados.Me aproximo. Ela me olha envergonhada, percebo seu corpo se contrair. Cruzo os braços, ela revira os olhos. Me ajoelho para ficar mais próximo da altura dela.— Deena! Não vamos deixar uma palavra boba com duplo sentido estragar a nossa noite.Ela não responde. Enfia uma torrada com patê, inteira na boca, me encarando com raiva. Pego em sua mão, a música está muito alta para que eu comece uma argumentação, por isso a puxo para que se levante comigo. Assim que estamos em pé, envolvo seus ombros.— Eu não sou bom com as palavras, mas — toco delicadamente sua nuca. — Sei que
DEENACorro o mais rápido que posso em direção as limusines, preciso voltar para a minha casa e para Eve, a barra do vestido se enrosca em algo e, quando menos espero, estou com o rosto na grama úmida.Droga!Tento me levantar, mas sou içada por Henry. Ter as suas mãos em meu corpo era, ao mesmo tempo, tão confortável quanto irritante. Assim que estou com meus dois pés bem fincados no chão, puxo e repuxo meus braços, a fim de me desvencilhar dele. Espalmo meu vestido e meu rosto, agora todo sujo.— Sai de perto de mim! — grito.— Para com isso, Deena... Até agora estava dando tudo certo. Estávamos juntos, nos agarrando ali...— Cala a boca, Henry! — grito um pouco alto demais, pois Otto sai de uma das limusines, preocupado.— Está tudo bem, Otto. — Henry o tranquiliza. Olho para ele inconformada.— Parece tudo bem para você? Olha só pra mim! Eu não pertenço ao seu mundo!Ele me prende ao seu abraço e vai me guiando para a nossa limusine enquanto me debato e protesto. Assim que entramo
HENRY Nossa! O que deu nessa mulher? Ela estava com tanta raiva e mesmo assim sentou em mim daquele jeito louco e intenso, agora quer que eu vá embora. Estava tudo certo, mandamos Eve dormir fora para termos a noite só para nós, eu fiz tudo certo e, mesmo assim, a garota surtou desse jeito. Agora estou aqui fora, com as mãos grudadas no estreito vidro da porta da sala, de onde consigo ver um pedaço da barra daquele vestido que a deixou tão magnífica. — Deena! — Já falei para você ir embora. — Só me diga que vai ficar bem? — pergunto. — Não vou, se você continuar aqui — ela responde irritada. — Se você não for embora, vou chamar a polícia e dizer que você é a droga de um stalker que não me deixa em paz. Me afasto da porta. É isso que tenho sido para ela? Um Stalker? — Que pena! Então eu acho que você adora um Stalker, porque se é isso que eu sou, sinto dizer que você está tr*****do com um. — Eu vou pegar o telefone. - ela ameaça. Não digo mais nada, apenas envio uma
DEENA— Quero que seja a minha mulher.Essas palavras disparam mil alarmes na minha cabeça. Ele já tinha falado sobre isso na mansão. Espera aí! Isso não foi um pedido de casamento, né? Paraliso embaixo dele, apenas para ouvir depois:— Você é muito gostosa!O que foi um alívio, me fazendo sorrir em seguida.Após alguns minutos, estamos deitados lado a lado, de frente um para o outro. Amparo minha cabeça no travesseiro sobre minha mão. Nos olhamos satisfeitos entre meios sorrisos. Eu queria que todas as noites fossem assim, mas as coisas entre nós são tão complicadas e, as coisas em mim são tão complicadas. Suspiro.— O que foi? Já se arrependeu? — ele pergunta em um tom sarcástico. Lá está ele de novo, essa partezinha dele que me dá vontade de esganar.— Não. Só estou pensando.— Você pensa demais, Boneca! — ele diz, me puxando pela cintura. Talvez. Talvez eu pense muito mesmo, afinal a vida não foi tão gentil para mim como foi para ele, além de toda a confusão de Henry com a justiç