DEENAEla parecia ser apenas poucos anos mais velha do que eu, tinha os cabelos pretos presos em um coque alto com franja muito bem arrumados, sem nem um fio fora do lugar. Usava um vestido branco, ombro a ombro de mangas muito justo e muito brilhante.— Quantos anos a sua mãe tem? — pergunto assombrada.— Estamos comemorando seus quarenta e sete anos. — ele responde divertido.— Ela é muito nova!—Sim. Ela é. Casou-se com meu pai com dezessete anos. Um casamento por contrato.— O quê? — achava que isso só acontecia nos romances.— Sim. Um acordo entre famílias. Nasci quando ela tinha 19, se não me engano.Ia fazer mais perguntas, mas as engulo no momento em que percebo que ela olha em nossa direção. Primeiro um olhar assombrado e depois analítico.— Vamos? — Henry diz com as mãos espalmadas pelas minhas costas, já me guiando na direção dela.— Mamãe! Essa é Deena Hoyth. — Assim que Henry me apresenta, ela analisa cada detalhe da roupa do filho embasbacada.— Henry Denis, isso é sério
HENRYNão posso acreditar que Deena quer ter uma D.R no meio da festa da minha mãe! Pensei que estivéssemos bem, só vivendo o momento, deixando este sentimento crescer com todo o cuidado necessário para não machucar Eve, mas eu não entendo o que ela quer, agora, justo hoje.Ando a passos rápidos, pela casa que conheço tão bem. De longe consigo vê-la, brilhando em seu vestido azul claro, comendo uma pilha de salgados.Me aproximo. Ela me olha envergonhada, percebo seu corpo se contrair. Cruzo os braços, ela revira os olhos. Me ajoelho para ficar mais próximo da altura dela.— Deena! Não vamos deixar uma palavra boba com duplo sentido estragar a nossa noite.Ela não responde. Enfia uma torrada com patê, inteira na boca, me encarando com raiva. Pego em sua mão, a música está muito alta para que eu comece uma argumentação, por isso a puxo para que se levante comigo. Assim que estamos em pé, envolvo seus ombros.— Eu não sou bom com as palavras, mas — toco delicadamente sua nuca. — Sei que
DEENACorro o mais rápido que posso em direção as limusines, preciso voltar para a minha casa e para Eve, a barra do vestido se enrosca em algo e, quando menos espero, estou com o rosto na grama úmida.Droga!Tento me levantar, mas sou içada por Henry. Ter as suas mãos em meu corpo era, ao mesmo tempo, tão confortável quanto irritante. Assim que estou com meus dois pés bem fincados no chão, puxo e repuxo meus braços, a fim de me desvencilhar dele. Espalmo meu vestido e meu rosto, agora todo sujo.— Sai de perto de mim! — grito.— Para com isso, Deena... Até agora estava dando tudo certo. Estávamos juntos, nos agarrando ali...— Cala a boca, Henry! — grito um pouco alto demais, pois Otto sai de uma das limusines, preocupado.— Está tudo bem, Otto. — Henry o tranquiliza. Olho para ele inconformada.— Parece tudo bem para você? Olha só pra mim! Eu não pertenço ao seu mundo!Ele me prende ao seu abraço e vai me guiando para a nossa limusine enquanto me debato e protesto. Assim que entramo
HENRY Nossa! O que deu nessa mulher? Ela estava com tanta raiva e mesmo assim sentou em mim daquele jeito louco e intenso, agora quer que eu vá embora. Estava tudo certo, mandamos Eve dormir fora para termos a noite só para nós, eu fiz tudo certo e, mesmo assim, a garota surtou desse jeito. Agora estou aqui fora, com as mãos grudadas no estreito vidro da porta da sala, de onde consigo ver um pedaço da barra daquele vestido que a deixou tão magnífica. — Deena! — Já falei para você ir embora. — Só me diga que vai ficar bem? — pergunto. — Não vou, se você continuar aqui — ela responde irritada. — Se você não for embora, vou chamar a polícia e dizer que você é a droga de um stalker que não me deixa em paz. Me afasto da porta. É isso que tenho sido para ela? Um Stalker? — Que pena! Então eu acho que você adora um Stalker, porque se é isso que eu sou, sinto dizer que você está tr*****do com um. — Eu vou pegar o telefone. - ela ameaça. Não digo mais nada, apenas envio uma
DEENA— Quero que seja a minha mulher.Essas palavras disparam mil alarmes na minha cabeça. Ele já tinha falado sobre isso na mansão. Espera aí! Isso não foi um pedido de casamento, né? Paraliso embaixo dele, apenas para ouvir depois:— Você é muito gostosa!O que foi um alívio, me fazendo sorrir em seguida.Após alguns minutos, estamos deitados lado a lado, de frente um para o outro. Amparo minha cabeça no travesseiro sobre minha mão. Nos olhamos satisfeitos entre meios sorrisos. Eu queria que todas as noites fossem assim, mas as coisas entre nós são tão complicadas e, as coisas em mim são tão complicadas. Suspiro.— O que foi? Já se arrependeu? — ele pergunta em um tom sarcástico. Lá está ele de novo, essa partezinha dele que me dá vontade de esganar.— Não. Só estou pensando.— Você pensa demais, Boneca! — ele diz, me puxando pela cintura. Talvez. Talvez eu pense muito mesmo, afinal a vida não foi tão gentil para mim como foi para ele, além de toda a confusão de Henry com a justiç
HENRYÉ claro que eu a esperei acordado, quando mais teremos uma chance como essa, sozinhos em casa?O fato é que depois de tanto “exercício” caímos cansados muito tarde, ou muito cedo, depende do ponto de vista, por isso, acordamos assustados com nossos telefones e campainha tocando, vozes femininas nos chamando e fortes batidas na porta. Olhamos nos relógios e nem conseguimos acreditar! Já se passava de uma da tarde. Estão quase chamando a polícia pensando que irão encontrar nossos corpos. Enquanto ainda estou despertando sinto uma pancada na nuca. É minha calça.— Se veste! O que Judith vai pensar de mim? — olho para trás e vejo Deena saltando para subir uma calça jeans, seus cabelos estão revoltos, enquanto procura uma camiseta, desesperadamente. Coloco minha calça, a branca do terno, pois foi a última peça que vesti, bem como a regata sobrepele que vejo jogada no chão. Olho para o lado e ainda vejo Deena com a parte de cima do corpo exposta, com a cabeça enfiada no guarda-roupas
DEENAEnquanto a estrada corre através do vidro do carro a minha frente, Henry move-se agitado no banco do passageiro e Eve ressona no banco de trás. Ele insistiu para vir conosco, mas agora está bem desconfortável.— Não precisava ter vindo. O que você tem?— O que você vai dizer para a psicóloga? O que devemos dizer sobre nós? Você disse que ela quer conversar primeiro com a gente...Assinto. Isso tem me incomodado muito também, o fato de não sabermos o que somos um do outro, ou o que esperam que eu diga sobre isso. Me sinto muito culpada por tudo isso, porque, ao mesmo tempo que quero que Eve entenda as coisas e pare de chamar Henry de pai, estamos agindo como pessoas casadas na sua frente. Deixo minha testa cair sobre o volante rapidamente e quando a levanto, Henry aperta o meu ombro.— Eu sei. É demais para você! Podemos dizer que somos namorados.— Cala a boca! — disparo irritada. — Não preciso de mais essa confusão.— Que confusão? Nós não estamos fazendo tudo o que namorados fa
HENRYDepois de nossa conversa com a psicóloga, Deena se manteve quieta durante todo aquele dia, como se tivesse tomado um soco ou algo assim. Era obvio que éramos nós que precisávamos de terapia e não a pobre da menina.A primeira coisa que fiz naquela terça-feira, foi ligar para a srta. Madders solicitando uma outra pessoa para supervisionar meus trabalhos, preciso ao menos retirar esse peso dos ombros da minha garota.Hoje já é quinta e Deena ainda não voltou a falar comigo novamente. Estou lavando a louça do jantar enquanto ela etiqueta e guarda alguns potes de comida para a semana no freezer.— O ensopado estava maravilhoso! — quebrei o silêncio.— Hum, hum... — ela confirma distraidamente,— Vamos ter para amanhã? — pergunto, me aproximando dela, que logo dá um passo para o lado e cruza os braços.— Vamos. Sobrou bastante.— Deena... — digo em um suspiro. Ela também suspira sem olhar para mim.— Henry, o que você quer? — sua voz é fria e cortante. Fico confuso sobre o que ela qu