ANASTASIAApertei minha barriga com mais força e me perguntei se aquele era o meu fim.Será que era daquele jeito que eu estava destinado a morrer?E... Amie!Só de pensar nela, abri os olhos rapidamente. Minha morte provavelmente significaria a morte do meu bebê, o que significaria que Amie não teria mais chances de viver. Ela provavelmente morreria logo depois da minha morte ou viveria mais alguns anos sofrendo antes de finalmente partir.Não.Eu agarrei as pernas da cadeira e tentei me levantar, mas não conseguia tirar minhas mãos da barriga. A dor estava por toda parte, em todos os lugares doía, mas parecia que minha barriga era a raiz de tudo. Mas eu não desisti. Não podia.Me perguntei quanto meu bebê estaria sofrendo se a dor que eu sentia era daquele jeito.Não queria imaginar como Dennis ficaria devastado. Não queria pensar que o choque da minha morte poderia tirar a vida de Amie. E se aquilo não acontecesse, além da dor física que ela teria que suportar, nos próximos anos ela
DENNISEmpurrei a porta do bar, sentindo uma dor de cabeça terrível. Minha mente estava cheia de pensamentos sobre como eu poderia ter investido aquele dinheiro em algo melhor, como eu poderia rastrear aquele desgraçado e fazer ele pagar por nos enganar.Normalmente, não deixava as coisas me afetarem. Odiava me exaltar ou ficar com raiva, por isso sempre tentava manter a calma. Mas nos últimos meses, vinha sendo difícil. A cada dia, minha paciência era testada.Mas aquele dia tinha sido o pior de todos. Foi a gota d'água que me fez explodir. 6 milhões malditos reais! Como eu iria justificar aquilo? Como eu poderia recuperar todos os ativos que vendi?Não tinha como eu não estar estressado. Eu estava mentalmente exausto, fisicamente desgastado. Eu estava estressado em todos os sentidos possíveis.Desde que saí do encontro com Cole, eu vinha lançando olhares carrancudos para qualquer um que tivesse o azar de cruzar meu caminho.O bar estava lotado como sempre. Era o mais movimentado dos
DENNIS— Não é impossível, mas pode levar tempinho.Ah, exatamente.Quase revirei os olhos enquanto girava a cadeira. Me virei completamente para encarar Tabitha, arqueando as sobrancelhas, esperando uma resposta diferente, uma que fizesse sentido. Mas eu sabia que ela não tinha.Ela deu de ombros de novo.— Estou falando sério. Não é impossível. Nada é impossível. Só vai levar tempo.Joguei a cabeça para trás e soltei um gemido.— Só me diz como recuperar isso. — Encarei ela de novo. — Se vai levar tempo ou não, tanto faz. Só me diz.Ela mordeu o lábio e desviou o olhar para a minha mesa antes de voltar a me encarar.— É que...O toque estridente do meu celular a interrompeu. Soltei um suspiro pesado, peguei o aparelho do bolso e olhei para o identificador de chamadas.Franzi o cenho. "Por que diabos a Clara está me ligando?", murmurei, jogando o celular sobre a mesa com um estalo irritado.Tabitha olhou do meu rosto para o celular, mas não disse nada.Quando a chamada caiu, fiz um ge
AIDENEu esfreguei a toalha nos meus cabelos molhados enquanto puxava a porta do banheiro para trás de mim.Meu olhar se fixou em Sharon enquanto eu me dirigia para o closet. Ela estava dormindo. Estava com o laptop no colo e deitada de maneira desconfortável na cama. Como estava sentada enquanto trabalhava, ainda estava na mesma posição, mas com a cabeça caída para o lado, as mãos caídas sobre o laptop.Fiquei incomodado por dentro. Se ela dormisse por muito tempo naquela posição, com certeza acordaria com uma dor no pescoço.Cortando minha jornada até o closet, fui até o lado da cama onde ela estava para ajudar ela a se deitar de forma confortável.Quando tirei o laptop de seu colo, algo brilhou perto dos pés dela, na cama.Era meu celular. A barra de notificações apareceu e eu vi que uma mensagem tinha acabado de chegar. Eu ia ignorá-la, era só uma mensagem aleatória de prestadoras de serviço, mas meu olhar imediatamente se fixou nas ligações perdidas que eu tinha.Mais de dez? Fran
ANASTASIAMinhas pálpebras estavam pesadas enquanto eu tentava levantá-las. Minha garganta estava seca e dolorida, como se eu tivesse gritado por horas sem parar. Meu estômago parecia uma panela de sopa sendo mexida. E, acima de tudo, eu me sentia completamente desorientada.Por que eu estava sentindo tudo aquilo?Olhei ao redor. Lembrei que estava no hospital. Então me lembrei que entrei em trabalho de parto prematuro e... precisaria fazer uma cirurgia.Meu olhar se fixou no médico. Assim como da primeira vez que abri os olhos após ficar inconsciente, ele tinha um sorriso brilhante no rosto. Mas aquele parecia ainda mais radiante. E eu me perguntei se aquilo significava boas notícias ou algo pior.— A cirurgia foi um sucesso. — Ele disse, respondendo a pergunta que estava borbulhando na minha mente.Decidi que o sorriso dele daquela vez realmente estava justificado.Soltei um suspiro de alívio. Eu tinha acabado de acordar alguns minutos atrás e já estava prendendo a respiração?— E me
ANASTASIAApesar da expressão séria que eu estava tentando manter, Clara gritou baixinho ao entrar no quarto.— Meu Deus, Ana. Eu estou tão feliz que você está bem. Graças a Deus.Apertei os lábios para não revirar os olhos.— Obrigada.— Não é nada, amiga. — Ela parou ao lado da cama. — Eu faria isso várias vezes, se fosse preciso. — Ela deu uma risada baixa e acrescentou. — Não que eu queira que você se machuque. Só quero que você saiba que vou estar aqui para ajudar, sempre que precisar.Aquela era minha amiga. A Clara que eu achava que conhecia. A que eu estava tão convencida de que tinha meu melhor interesse no coração e que seria minha amiga para sempre. Aquela pessoa com quem eu estava pronta para envelhecer ao lado, mas eu sabia que era melhor não.Eu sabia que não poderia deixar as palavras dela nublarem meu raciocínio, então fui direta ao ponto de ter chamado ela.— Obrigada por salvar a mim e ao meu bebê. — Eu disse, de forma rígida. Eu estava grata, de verdade. Tentei ser m
AIDENAcordei com os braços de Sharon sobre a minha barriga, seu rosto apoiado no meu peito. Seus suaves roncos me disseram que ela ainda estava dormindo.No começo, eu tinha certeza de que ela estava fingindo só para não me deixar sair de casa, mas quando seu corpo começou a esquentar, percebi que não era teatro.Nunca tinha convivido com uma mulher grávida antes, então, enquanto ela dormia, comia alguma coisa que eu tinha corrido para buscar para ela ou ia ao banheiro pela milésima vez, eu aproveitei para pesquisar sobre o assunto.Descobri que a gravidez tinha fases. As mais comuns eram três: o primeiro, o segundo e o terceiro trimestre. A maioria das mulheres sentia muitos sintomas em cada etapa, e eu não pude deixar de pensar em como devia ter sido difícil para Ana quando teve Amie. Será que ela teve alguém para apoiá-la?Claro que sim, uma voz respondeu na minha cabeça. Dennis devia ter estado ao lado dela.Depois de ler todos os artigos que encontrei, comecei a entender algumas
DENNISSoltei um suspiro enquanto me deixava cair no banco do carro. Então, encostei a cabeça no volante.Não consegui parar de me perguntar o que teria acontecido se Clara não tivesse aparecido. Engoli em seco, ousando ir além da simples dúvida.Provavelmente, eu teria perdido minha esposa e, eventualmente, minha filha.Quão pior eu poderia ser com ela? Em primeiro lugar, eu nem deveria ter saído naquela noite. Tínhamos prometido estar juntos, na saúde e na doença. Não seria aquela a parte difícil, com todas aquelas brigas e mal-entendidos? Eu deveria ter sido paciente com ela.Mesmo que Aiden tivesse ultrapassado os limites ao pagar sem avisar a gente, eu não deveria ter ficado com raiva. Eu deveria entender que ela não sabia daquilo, e mesmo que soubesse, não teria poder para impedi-lo.Suspirei. Havia tantas coisas que eu poderia ter feito melhor para evitar que ela ficasse brava comigo. Tantas coisas, mas eu deixei a minha dor e raiva me controlarem.Naquele momento que ela estava