DENNIS— Não é impossível, mas pode levar tempinho.Ah, exatamente.Quase revirei os olhos enquanto girava a cadeira. Me virei completamente para encarar Tabitha, arqueando as sobrancelhas, esperando uma resposta diferente, uma que fizesse sentido. Mas eu sabia que ela não tinha.Ela deu de ombros de novo.— Estou falando sério. Não é impossível. Nada é impossível. Só vai levar tempo.Joguei a cabeça para trás e soltei um gemido.— Só me diz como recuperar isso. — Encarei ela de novo. — Se vai levar tempo ou não, tanto faz. Só me diz.Ela mordeu o lábio e desviou o olhar para a minha mesa antes de voltar a me encarar.— É que...O toque estridente do meu celular a interrompeu. Soltei um suspiro pesado, peguei o aparelho do bolso e olhei para o identificador de chamadas.Franzi o cenho. "Por que diabos a Clara está me ligando?", murmurei, jogando o celular sobre a mesa com um estalo irritado.Tabitha olhou do meu rosto para o celular, mas não disse nada.Quando a chamada caiu, fiz um ge
AIDENEu esfreguei a toalha nos meus cabelos molhados enquanto puxava a porta do banheiro para trás de mim.Meu olhar se fixou em Sharon enquanto eu me dirigia para o closet. Ela estava dormindo. Estava com o laptop no colo e deitada de maneira desconfortável na cama. Como estava sentada enquanto trabalhava, ainda estava na mesma posição, mas com a cabeça caída para o lado, as mãos caídas sobre o laptop.Fiquei incomodado por dentro. Se ela dormisse por muito tempo naquela posição, com certeza acordaria com uma dor no pescoço.Cortando minha jornada até o closet, fui até o lado da cama onde ela estava para ajudar ela a se deitar de forma confortável.Quando tirei o laptop de seu colo, algo brilhou perto dos pés dela, na cama.Era meu celular. A barra de notificações apareceu e eu vi que uma mensagem tinha acabado de chegar. Eu ia ignorá-la, era só uma mensagem aleatória de prestadoras de serviço, mas meu olhar imediatamente se fixou nas ligações perdidas que eu tinha.Mais de dez? Fran
ANASTASIAMinhas pálpebras estavam pesadas enquanto eu tentava levantá-las. Minha garganta estava seca e dolorida, como se eu tivesse gritado por horas sem parar. Meu estômago parecia uma panela de sopa sendo mexida. E, acima de tudo, eu me sentia completamente desorientada.Por que eu estava sentindo tudo aquilo?Olhei ao redor. Lembrei que estava no hospital. Então me lembrei que entrei em trabalho de parto prematuro e... precisaria fazer uma cirurgia.Meu olhar se fixou no médico. Assim como da primeira vez que abri os olhos após ficar inconsciente, ele tinha um sorriso brilhante no rosto. Mas aquele parecia ainda mais radiante. E eu me perguntei se aquilo significava boas notícias ou algo pior.— A cirurgia foi um sucesso. — Ele disse, respondendo a pergunta que estava borbulhando na minha mente.Decidi que o sorriso dele daquela vez realmente estava justificado.Soltei um suspiro de alívio. Eu tinha acabado de acordar alguns minutos atrás e já estava prendendo a respiração?— E me
ANASTASIAApesar da expressão séria que eu estava tentando manter, Clara gritou baixinho ao entrar no quarto.— Meu Deus, Ana. Eu estou tão feliz que você está bem. Graças a Deus.Apertei os lábios para não revirar os olhos.— Obrigada.— Não é nada, amiga. — Ela parou ao lado da cama. — Eu faria isso várias vezes, se fosse preciso. — Ela deu uma risada baixa e acrescentou. — Não que eu queira que você se machuque. Só quero que você saiba que vou estar aqui para ajudar, sempre que precisar.Aquela era minha amiga. A Clara que eu achava que conhecia. A que eu estava tão convencida de que tinha meu melhor interesse no coração e que seria minha amiga para sempre. Aquela pessoa com quem eu estava pronta para envelhecer ao lado, mas eu sabia que era melhor não.Eu sabia que não poderia deixar as palavras dela nublarem meu raciocínio, então fui direta ao ponto de ter chamado ela.— Obrigada por salvar a mim e ao meu bebê. — Eu disse, de forma rígida. Eu estava grata, de verdade. Tentei ser m
AIDENAcordei com os braços de Sharon sobre a minha barriga, seu rosto apoiado no meu peito. Seus suaves roncos me disseram que ela ainda estava dormindo.No começo, eu tinha certeza de que ela estava fingindo só para não me deixar sair de casa, mas quando seu corpo começou a esquentar, percebi que não era teatro.Nunca tinha convivido com uma mulher grávida antes, então, enquanto ela dormia, comia alguma coisa que eu tinha corrido para buscar para ela ou ia ao banheiro pela milésima vez, eu aproveitei para pesquisar sobre o assunto.Descobri que a gravidez tinha fases. As mais comuns eram três: o primeiro, o segundo e o terceiro trimestre. A maioria das mulheres sentia muitos sintomas em cada etapa, e eu não pude deixar de pensar em como devia ter sido difícil para Ana quando teve Amie. Será que ela teve alguém para apoiá-la?Claro que sim, uma voz respondeu na minha cabeça. Dennis devia ter estado ao lado dela.Depois de ler todos os artigos que encontrei, comecei a entender algumas
DENNISSoltei um suspiro enquanto me deixava cair no banco do carro. Então, encostei a cabeça no volante.Não consegui parar de me perguntar o que teria acontecido se Clara não tivesse aparecido. Engoli em seco, ousando ir além da simples dúvida.Provavelmente, eu teria perdido minha esposa e, eventualmente, minha filha.Quão pior eu poderia ser com ela? Em primeiro lugar, eu nem deveria ter saído naquela noite. Tínhamos prometido estar juntos, na saúde e na doença. Não seria aquela a parte difícil, com todas aquelas brigas e mal-entendidos? Eu deveria ter sido paciente com ela.Mesmo que Aiden tivesse ultrapassado os limites ao pagar sem avisar a gente, eu não deveria ter ficado com raiva. Eu deveria entender que ela não sabia daquilo, e mesmo que soubesse, não teria poder para impedi-lo.Suspirei. Havia tantas coisas que eu poderia ter feito melhor para evitar que ela ficasse brava comigo. Tantas coisas, mas eu deixei a minha dor e raiva me controlarem.Naquele momento que ela estava
ANASTASIAO caminho de volta da UTI neonatal foi tão silencioso quanto o que fizemos para chegar lá.A única conversa que tivemos a caminho da UTI foi Aiden se desculpando por não ter atendido minha ligação. Eu disse que estava tudo bem, e ele soltou um suspiro de alívio, balançando a cabeça.— Ainda bem que o Dennis chegou até você antes de mim.Meus lábios apenas se curvaram em um sorriso rígido. Depois, ele perguntou como eu estava, se eu conseguia caminhar até a UTI. Enquanto respondia que estava bem, por um breve momento me perguntei se ele se ofereceria para me carregar até o quarto caso eu dissesse que não conseguiria andar.Um sorriso nostálgico tocou meus lábios enquanto eu mesma respondia à minha pergunta. Provavelmente, ele teria feito aquilo.Naquele momento, meus olhos alternavam entre meus pés calçados com sandálias e os sapatos brilhantes e luxuosos de Aiden, a cada passo que me aproximava do meu quarto. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos, e seu olhar permanecia fixo
ANASTASIAAiden e eu viramos ao mesmo tempo. Através da minha visão turva, consegui ver Dennis e Amie.Pisquei e perguntei:— Amie?Meu olhar foi de Dennis para Amie.— Mamãe...Enquanto ela fazia um gesto para Dennis a deixar no chão, eu corri até eles.— Minha querida... — Me ajoelhei e a abracei. — Eu estava indo até aí. Você pode sair agora?— Não se preocupe, mamãe. Eu sou forte agora. Estou ficando mais forte a cada dia. Eu sinto sua falta, mamãe.— Eu também sinto sua falta, querida. Como estão as enfermeiras e seus amigos?— Eles estão bem...Enquanto falava, lancei um olhar irritado para Dennis.— Por que você trouxe ela fora? — Formei a pergunta com os lábios.Ele apertou os lábios e respondeu da mesma forma:— Relaxa.Relaxar! Eu deveria relaxar! Então, falei audivelmente:— Por que trouxe ela fora? Ela deveria estar descansando.— Eu recebi permissão para trazer ela por uma hora. Então, não tem motivo para se preocupar. As enfermeiras até confirmaram que ela está bem forte