ANASTASIADessa vez, Dennis ficou completamente rígido. Um silêncio tenso pairou no ar antes que ele lentamente se afastasse de mim, suas mãos ainda pousadas levemente na minha cintura. Com a testa franzida, ele perguntou: — O que você quer dizer com “ele cuidou das contas”? Ele enfatizou as palavras “cuidou”.Franzi a testa, confusa. — Quero dizer que ele pagou as contas do hospital. — De quem? — Perguntou, enquanto deixava as mãos caírem para os lados. Uma risadinha nervosa escapou dos meus lábios. — Da Amie, claro. De quem mais seria? — Por quê? Havia um tom cortante em sua voz, que me alertou a agir com cautela.Comecei devagar: — Eu não sei, só que...— Você pediu para ele pagar as contas? — Eu...— Anastasia, eu sou o seu marido. Sou eu quem cuida de você e da Amie desde que nos casamos. Tenho pago todas as despesas. Por que pediria ajuda a ele? Eu te disse alguma vez que estava sobrecarregado?Me encolhi, surpresa com o tom dele. Apesar da voz baixa, era impossí
ANASTASIADesabei no chão da garagem enquanto via o carro dele sumir na escuridão da noite.Meu peito se apertou e levei a mão ao coração, tentando impedir que ele se despedaçasse. Minha cabeça latejava enquanto as lágrimas escorriam lentamente pelo meu rosto. Primeiro foram apenas alguns soluços abafados enquanto eu tentava me manter firme, mas logo se transformaram em choros altos e descontrolados.Agradeci pela escuridão da noite que me ocultava enquanto eu chorava pelo meu casamento que estava começando a ruir, mas, mais do que isso, eu lamentava pela amizade que estávamos perdendo. A linda e altruísta amizade que eu tinha com meu marido.Dennis, por mais irritado que estivesse, nunca tinha saído de casa me deixando para trás. Nunca levantou a voz para mim. Nunca suportou me ver chorar.Eu sabia que estava à beira de perder meu melhor amigo, mas não fazia ideia do que fazer. Só me restava liberar essa dor lancinante que apertava meu peito, através das lágrimas que pareciam não ter
SHARONMergulhar no trabalho não tinha sido uma distração suficiente. Apesar da minha carga excessiva de tarefas, eu ainda me pegava pensando em Aiden, Anastasia e no bebê deles. E tudo piorou depois que Aiden anunciou que o procedimento tinha sido bem-sucedido e que Ana estava grávida.Eu sabia que a segunda melhor maneira de afastar esses pensamentos e não deixar espaço para sentir nada era me afundar ainda mais no trabalho. Mais distração.E qual seria a melhor forma de me manter ocupado além de planejar um evento? Um evento beneficente para a minha empresa. Além de me manter ocupada, também nos daria a chance de nos aproximarmos do público e aumentar o reconhecimento da empresa entre aqueles que ainda não tinham ouvido falar de nós. Como tínhamos acabado de abrir aqui, poucas pessoas nos conheciam.Quando me aproximei, o burburinho das conversas enchia o ambiente. No instante em que entrei, o silêncio tomou conta do lugar.Assim que me sentei, fui direto ao ponto. Apoiei as mãos so
AIDENEu não sabia que a perspectiva de ser pai, ou melhor, de me tornar pai novamente, pudesse ser tão emocionante.Enquanto Ana e eu observávamos o ultrassom, meu olhar ficou preso na pequena vida que criamos, e meu coração se encheu de alegria. Como algo que eu nem podia tocar poderia me fazer tão feliz? Talvez fosse por causa da mulher com quem eu o havia gerado.Lancei um olhar para Ana. Seus lábios estavam cobertos pela palma da mão direita. Seus olhos pareciam marejados, mas a felicidade ainda brilhava neles.Por um instante, me perguntei se ela estava feliz por causa do bebê ou se apenas sentia alívio por Amie finalmente ter uma chance maior de viver.Falando em Amie... Ana e eu chegamos cedo ao hospital, então tínhamos algum tempo livre. Decidi passar no quarto dela para dizer um oi. Ela ainda me olhava como se eu fosse um estranho. Eu não gostava de ver o jeito como seu sorriso aberto e despreocupado se desfazia e dava lugar a uma expressão educada sempre que percebia minha p
AIDENMeu olhar percorreu seu corpo. Não havia sangue em suas mãos nem em nenhuma parte do seu corpo. Embora sua cabeça estivesse abaixada, seus ombros não tremiam de tanto chorar. Soltei um suspiro de alívio e agradeci a Deus por ela estar fisicamente bem, enquanto meu olhar varria o quarto.Eu não sabia o que esperava, mas fiquei aliviado por não haver nenhum perigo físico à espreita... Ou será que havia?— Sharon? — Chamei enquanto caminhava mais para dentro do quarto. — Você está bem?Enquanto falava, me joguei na cama ao lado dela.Ela finalmente levantou a cabeça do papel que segurava nas mãos. Não consegui decifrar a expressão no rosto dela enquanto me entregava o papel sem dizer uma palavra.— O que é isso? — Perguntei, arqueando as sobrancelhas, meu olhar estava fixo no rosto dela enquanto pegava o papel.— Não estava me sentindo bem no trabalho. Fui ao hospital, fiz um exame e esse é o resultado. — Ela disse de forma curta, sem emoção.Meus olhos percorriam seu rosto e pergun
ANASTASIANo momento em que o médico entrou, seu olhar imediatamente se voltou para a cadeira que Aiden ocupava.— Onde ele está?— Ele foi embora. — Respondi e acrescentei. — Teve uma emergência.Ele assentiu e seguimos com a sessão.Depois da minha consulta, fui até o quarto da Amie. No caminho, peguei meu celular na bolsa e tentei ligar para Dennis novamente, mas as chamadas iam direto para a caixa postal.Quando entrei, Amie sorriu, mas olhou por cima do meu ombro, com o olhar fixo na porta. Eu sabia que ela esperava que Aiden entrasse, como mais cedo.Mas quando a porta permaneceu fechada, ela soltou um suspiro de alívio e abriu ainda mais o sorriso.E meu coração afundou. Por um instante, me perguntei se ela aceitaria Aiden como pai. Mas eu nunca saberia se não contasse a verdade, certo? Eu só ainda não estava pronta.Ela o respeitava porque havia sido ensinada a respeitar todos, mas eu não achava que gostasse da presença dele.Eu via a dúvida em seus olhos sempre que olhava para
ANASTASIAEnquanto eu caminhava pela entrada da garagem, a caminho da entrada do bar, fiquei impressionada com a reforma que foi feita no local. Ele parecia ainda melhor de perto.Ainda me lembrava quando Dennis me contou sobre a reforma do lugar antes de nos casarmos. Passamos várias noites acordados, depois de um dia de trabalho cansativo, escolhendo designs e temas.Um sorriso apareceu nos meus lábios. Aqueles foram tempos divertidos. Tempos em que eu não tinha nenhuma preocupação.Ele me envolveu em todo o processo da reforma. Depois da reforma, ele me mostrou fotos do local e nós dois ficamos orgulhosos do bom gosto que tivemos nas escolhas dos designs, porque os resultados ficaram maravilhosos.Meu coração se aqueceu e meu sorriso se alargou ao lembrar das brigas que tivemos sobre quem escolheu qual design.O resultado da reforma foi a melhor parte. Os novos designs, acolhedores e ao mesmo tempo intrigantes, atraíram mais clientes, fazendo com que o bar se tornasse um dos mais an
ANASTASIA— Ou você prefere esperar no escritório dele? — Ele olhou ao redor e me deu um sorriso apologético. — Eu não acho que o chefe gostaria se eu te deixasse esperar aqui.Eu sorri e respondi:— Qualquer lugar serve, na verdade. Eu só quero esperar até ele voltar.— Então você deve esperar no escritório dele. — Ele falou sem expressão. — Por favor, você é a esposa do chefe.Revirei os olhos e disse:— Tá bom. Então eu me virei para a esquerda. É por aqui, né?Apontei para a escada mobiliada.— Sim, deixa eu te acompanhar. — Ele assentiu.— Ok. — Eu me afastei para que ele pudesse me guiar.Eu não gostava de toda aquela formalidade e respeito. Aquilo me fazia me sentir mais deslocada do que já estava. Se eu soubesse o caminho, teria preferido que ele não me “acompanhasse”.Admirei o design do corredor enquanto passávamos por ele. Todo o corredor estava imerso no estilo de Dennis. Era sombrio e complexo.Minha atenção voltou para o gerente quando ele parou de repente diante de uma p