O carro parou. A estrada está deserta, afinal, eles estão em um deserto. Ethan desce do carro para averiguar o que aconteceu. Ele abre o capô do carro. A fumaça quente bate em seu rosto.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Sam, com a cabeça para fora da janela.
— Sim, — respondeu — a água do carro acabou. Se é que tinha água quando saímos.
— Parece que a gasolina também acabou — disse Dan, no banco da frente.
Ethan suspirou, expirou em seguida.
— É, vamos ter que ir andando. Acho que falta pouco mais de uma hora de viagem, talvez mais. Conseguem dizer onde estamos?
— Acho que podemos tentar — falou Sam, descendo do carro. Dan desce em seguida.
Ethan fecha o capô do carro. O ambiente está silencioso à sua volta. Apesar de estarem próximos do inverno, a temperatura estava abafada. Um mormaço que o fizera tirar o casaco.
— Tentem localizar “Garrison”.
— Certo — diz Dan.
— Certo —
O vento soprava no deserto árido e vazio. O carro chegava em uma instalação do exército, aparentemente o exército a fez de base militar.— Que lugar é esse? — Perguntou Ethan.O carro parou.— Um antigo complexo industrial de pesquisas científica. — Disse Jake, abrindo a porta do carro — quando aquelas coisas apareceram, o transformando em uma base provisória.Sam e Dan ainda estavam exaustos. A expressão em seus rostos denunciava o quão ofensivo foi para eles usar tanto poder. Eles abraçam Ethan fortemente, demonstrando medo em seus olhares.— Está tudo bem — cochichou Ethan.— Não vai descer, Ethan?Ethan sai do carro. Jake o guia para dentro da base. O complexo era cercado por um muro alto, aparentemente tinha sete metros da altura. O prédio principal tinha dois andares.
O ano é 2023. Ou será 2024? Ethan não se lembra mais. Sinceramente, Ethan não se lembra mais quantos anos tem. Ele não lembra mais o que é um dia de calor na praia, em Nova York ou em qualquer lugar do mundo. Faz 5 anos que ele não vê um dia de sol, só chuva, neblina, frio e mais chuva. É quarta de manhã, as crianças estão dormindo. O barulho da chuva é reconfortante. Um café cairia bem nesse clima, mas não tem café. Qual foi a última vez que Ethan tomou café? Foi naquela manhã antes de ir buscar a mãe no aeroporto. Mãe? As crianças não conheceram a mamãe. Será que ela ainda está viva? Já faz muito tempo desde a última vez em que eles se viram. Durante todos esses anos ele foi a mãe, o pai e o irmão deles. "Cabeludinhos", era assim que ela os chamava. E pelo visto continuaria chamando. Nasceram cabeludos. Ethan corta seus cabelos, mas eles crescem rápidos. Parecem anjos. Essas crianças nunca sentiram o calor de um dia de verão. O que acontece
Uma grande explosão. Essa é a teoria mais aceita para explicar a origem do universo. A astronomia é uma ciência fantástica, gosto dela desde criança. Ethan terminou o ensino médio há cerca de um ano atrás. Ele deveria procurar uma faculdade, mas ainda não sabe o que estudar. Astronomia, talvez? Ou deveria seguir os passos do pai e se tornar banqueiro? Sua mãe é embaixadora dos EUA. Ela está no Japão resolvendo assuntos diplomáticos. Samuel e Daniel nasceram há 9 meses, sua mãe deveria estar ali para cuidar deles, mas assim como seu pai, ela acha que o dinheiro compra a felicidade dos filhos. Não compra. Mas ela sempre fez o possível para estar com eles. Ethan se lembra de quando ela mentiu para não ir viajar com o presidente, só para ir ver o jogo de futebol dele. Ela disse que voltaria no dia seguinte, Ethan e Thomas, seu pai, iriam buscar ela no aeroporto JFK, de manhã. O dia está bem quente e ensolarado, uma piscina cairia bem. Ethan tem uma vista
Ethan chegará em Nevada dentro de 3 ou 4 dias. Atualmente, eles estão no norte do Colorado. Já faz 2 horas que saíram de casa, uma casa no meio da floresta, próximo das montanhas. Só há estática no rádio do carro. Ele não consegue falar com Jake. Jake é o homem quem respondeu o pedido de socorro de Ethan. Ele disse que há uma esperança, que ainda há muitos sobreviventes. Será? Ethan tem medo daquelas coisas estarem enganando-os. Ele lembra quando elas possuíram a Amanda. Foi algo terrível. Fazia tempo que Ethan não dirigia. A estrada não tinha movimentação. Talvez um deserto fosse mais vazio. Sem carros ou caminhões destruídos para atrapalhar a passagem. Ethan só saía de casa para procurar suprimentos. O céu ameaçava chover novamente, pois estava muito nublado. Faz anos que Ethan não vê um dia ensolarado. Aquelas coisas são vulneráveis ao calor, por isso trouxeram o frio com elas. Ele lembra do céu azul daquela noite, aquela maldita noite. Parecia tã
O despertador toca. São 7:00 da manhã. Ethan se levanta. Como todo jovem, a primeira coisa que ele faz é pegar o celular na cômoda ao lado da sua cama. Tem algo errado, o termômetro está registrando 9° Celsius e chuva. Mas a previsão do tempo era de 30° Celsius e um dia bem ensolarado, afinal, estamos no verão. Ethan sai do seu quarto e caminha em direção as escadas no final do corredor. Enquanto desce, ele ouve seu pai falando ao telefone, pelo tom da voz, ele não está muito contente. — Pai? — Estou na cozinha — responde Thomas. — Estava falando com quem? — Com as empregadas e a babá. Elas estão presas na cidade, por causa dessa chuva. Mas que droga! O noticiário não disse que faria sol hoje? — Disse, mas pelo visto se enganaram. — Nós estamos no verão! - Disse Thomas com um tom de voz firme. - Deveria estar calor lá fora! — Acho que vamos ter que levá-los. Se bem que eu não consigo falar com a s
Já se passou doze horas desde que eles partiram. A noite já havia caído. Não estava chovendo, mas a neblina é densa. Ethan está ficando cansado de tanto dirigir. Ele sabe que precisa parar o carro para descansar. Mas e o perigo? será uma boa ideia? Delaney e Amanda. Seria mais fácil se elas estivessem ali. Os meninos estão dormindo, se Ethan dormir, quem ficará de olho neles? Ethan se aproxima de um posto de gasolina com uma lanchonete. É perfeito para encostar o carro e descansar. "Preciso descansar", pensa Ethan. Ele adentra ao posto, estacionando o carro. Vira-se para trás e cutuca os meninos, acordando-os. — Sam, Dan, acordem. — Nós já chegamos? — Pergunta Sam, com uma voz sonolenta. — Não, só paramos para descansar. Os três descem do carro. Ethan empunha a arma para garantir a segurança dos meninos. Ele arromba a porta da lanchonete que está bem bagunçada e suja. Há um quarto na parte de trás do estabelecimento. Ethan en
Dois dias. A chuva continua. Ainda há energia elétrica, por incrível que pareça. Mas por quanto tempo? A TV está ligada, embora não haja sinal. As redes sociais estão cheias de mensagens, hashtags e vídeos sobre o fim do mundo. #Fantasmas. #Apocalipse. Há um rádio presente na sala, ele tem sinal e está funcionando, apesar do péssimo sinal que provocava estática. O exército está comunicando as pessoas para não saírem de casa ou dos abrigos em que estão. É extremamente vital que permaneçam em locais seguros. A casa estava cheia, até que um casal saiu para ir salvar os filhos que estavam na escola. Eles nunca mais voltaram. São 5 estranhos, agora. Nathaniel, 28 anos, mora no andar abaixo de Delaney. Já teve alguns conflitos com Ethan, que o chama de “anarcopunk” de merda. Seu cabelo moicano espetado para cima... bem, tudo irritava Ethan; Sharon, 66 anos, mora no apartamento ao lado
Um dia na estrada. Faz um dia que Ethan e os meninos estão na estrada. Está chovendo, não muito forte, mas não muito fraco. Os meninos estão dormindo no banco de trás, enquanto Ethan dirige. A névoa está densa. As árvores e a natureza estão tomando conta da estrada. O termômetro do carro está marcando 4° Celsius. Ethan está exausto, não dormiu nada desde a noite passada. Ele pensa em parar o carro para descansar um pouco, mas não pode. Os perigos que estão nos arredores daquela estrada, dentro daquela floresta, são imprevisíveis. Ethan observa os meninos pelo retrovisor, estão dormindo em um sono profundo e confortante. Eles são a razão pela qual Ethan continua. A chuva está parando, é um bom sinal. Os fantasmas aparecem com mais frequência quando está chovendo. Tudo está tranquilo. O único som que se ouve é o do carro e o da natureza. Não há pássaros pelo céu. Ethan está concentrado na direção, mas o sono e o cansaço o incomodam. Suas pálpebras estão quase