Amanheceu.
Ethan abria os olhos lentamente. Sam estava ao seu lado, ainda dormindo. Se levantou levemente, o chão de madeira velha fazia barulho no seu movimentar. Sua cabeça doía um pouco, talvez fosse enxaqueca. Dan estava acordado e sentado na cama, sua expressão era de cansaço, talvez também estivesse com enxaqueca, pois usar seu poder na noite passada demandou muito de sua energia. Ethan caminhou até ele, devagar e meio tonto. Já não nevava mais lá fora.
— Você está bem? — Perguntou Ethan.
— Estou — respondeu Dan. — Eu só precisava dormir um pouco.
Ethan sorri levemente.
— Você foi muito bem ontem — sentou-se, abraçando o irmãozinho.
— Obrigado.
Ethan colocou sua mão sobre Taylor, balançando-a no intuito de acordar ela.
— Taylor? Acorda.
— Ela não vai te ouvir — disse Sam, sentado no chão.
Ethan virou-se rapidamente para Sam.
— Por que não?
— Ela está morta.
Havia se passado um dia desde que Nathaniel foi expulso. Ethan estava na janela segurando Dan em seus braços, enquanto Sam dormia na cama. O nevoeiro era denso, faltava pouco para anoitecer. A janela estava embaçada pela névoa. Dan olhava fixamente para a janela e estampava um sorriso gostoso de bebê em seu rosto. Não estava chovendo. A porta do quarto estava meio aberta, Amanda aparece com sua cabeça entre o vão e bate levemente na porta. — Posso entrar? Ethan assentiu com a cabeça. Amanda entra. Senta-se na beirada da cama. — Seus irmãos são uma graça. — Obrigado — Ethan estampou om leve sorriso em sua face. — Posso fazer uma pergunta? — Claro. — É sobre a Delaney. Eu acho que ela não gosta de mim. Ethan mudou a expressão em seu rosto. — Por que pensa assim? — Bom, desde que chegamos aqui, ela tem me tratado de uma forma estranha. Ethan sabia do que Amanda estava falando, ele c
A paisagem do ambiente mudava aos poucos. Aos poucos, a neve gélida e o ambiente coberto pelo branco profundo ficavam para trás. A fronteira entre Utah e Nevada estava há apenas 300 quilômetros de distância; pouco mais de 3 horas de viagem. Ethan está confiante de que nada dará errado até o destino."Nossa unidade de resgate estará te esperando na comunidade de Garrison...", lembrou de sua conversa com Jake.Nada poderia dar errado.Mas ainda havia uma preocupação que incomodava Ethan, algo que ele pensava desde que falou com Jake pela primeira vez, uma suposta possessão de Jake. E se Jake não fosse um ajudante? E se, na verdade, ele fosse um dos possuídos tentando enganá-lo? Dúvidas que fariam a cabeça de qualquer um explodir. Mas ele tinha que arriscar, afinal, era a possível chance de dar uma vida melhor para se
Aeroporto JFK.— Eu sou o Comandante Carlos — respondeu o Oficial do exército.Os carros estavam entrando no aeroporto JFK. O exército havia feito uma base provisória no local. Ethan, Delaney e Amanda se impressionaram com a quantidade de pessoas que ali estavam. Eles estavam acompanhados por um grupo enorme de pessoas.— Quantas pessoas tem aqui, Comandante? — Perguntou Amanda.— Não sei ao certo, mas ao que nos consta, resgatamos pouco mais de 100.000 pessoas. Estimamos que muita gente abandou a cidade quando aquelas coisas apareceram.— Ainda existe um governo?— Mais ou menos, aquelas coisas mataram o presidente.— Para onde vão mandar todas essas pessoas, Comandante? — Perguntou Ethan.— Para a costa oeste. Aquela região do país não foi tomada por essas coisas.— Tem outros de nós?
Uma casa no topo de um morro á beira de um rio. — Sam, Dan, a comida está pronta — disse Delaney. Os meninos desciam correndo pelas escadas. Corriam pela sala até a mesa de refeições onde Delaney colocava os pratos com comida. 5 anos haviam se passado desde que o grupo chegou ao Colorado, os gêmeos cresceram e se tornaram crianças adoráveis. Sam penteia seus longos cabelos para a direita, enquanto Dan para a esquerda, diferenciando-se um do outro. — Onde estão Ethan e Amanda? — Perguntou Dan. — Estão no porão — respondeu Delaney. — Vou ir chamá-los. Delaney caminhou até a porta que ficava abaixo da escada que levava ao andar superior; a porta levava ao porão. Descendo as escadas, ela ouvia os risos de Amanda que soavam pelo ar. Na ponta da escada, espiou pela parede os dois conversando. — É verdade — disse Ethan, sorrindo. — Muitas coisas boas aconteceram nos meus tempos de escola. O pé de Delaney escorregou, f
Amanda e Delaney saíram cedo em busca de suprimentos. — Está muito frio hoje — disse Delaney, andando entre as árvores. — Realmente — concordou Amanda. — Desde que aquelas coisas apareceram, raramente o sol dá o ar de sua graça. As duas caminham pela floresta em direção a cidade de Aspen, que ficava próximo dali. As folhas no chão estavam molhadas devido à chuva que ocorrera pouco tempo antes de terem partido; as gotas nas árvores caíam sobre suas cabeças. A cidade não era muito longe, apenas 10 minutos de caminhada. Delaney carregava uma escopeta em suas mãos, enquanto Amanda levava um rifle de assalto. Adentrando a cidade, um posto de gasolina à direita das duas. Ao lado das bombas, alguns galões de gasolina estavam no chão. Delaney verifica se há gasolina neles; todos vazios. Uma das bombas ainda possui gasolina, sem pensar muito, Delaney prepara-se para tirá-la. Amanda adentrou a loja de conveniência do posto. — Grite se precisar
O carro parou. A estrada está deserta, afinal, eles estão em um deserto. Ethan desce do carro para averiguar o que aconteceu. Ele abre o capô do carro. A fumaça quente bate em seu rosto. — Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Sam, com a cabeça para fora da janela. — Sim, — respondeu — a água do carro acabou. Se é que tinha água quando saímos. — Parece que a gasolina também acabou — disse Dan, no banco da frente. Ethan suspirou, expirou em seguida. — É, vamos ter que ir andando. Acho que falta pouco mais de uma hora de viagem, talvez mais. Conseguem dizer onde estamos? — Acho que podemos tentar — falou Sam, descendo do carro. Dan desce em seguida. Ethan fecha o capô do carro. O ambiente está silencioso à sua volta. Apesar de estarem próximos do inverno, a temperatura estava abafada. Um mormaço que o fizera tirar o casaco. — Tentem localizar “Garrison”. — Certo — diz Dan. — Certo —
O vento soprava no deserto árido e vazio. O carro chegava em uma instalação do exército, aparentemente o exército a fez de base militar.— Que lugar é esse? — Perguntou Ethan.O carro parou.— Um antigo complexo industrial de pesquisas científica. — Disse Jake, abrindo a porta do carro — quando aquelas coisas apareceram, o transformando em uma base provisória.Sam e Dan ainda estavam exaustos. A expressão em seus rostos denunciava o quão ofensivo foi para eles usar tanto poder. Eles abraçam Ethan fortemente, demonstrando medo em seus olhares.— Está tudo bem — cochichou Ethan.— Não vai descer, Ethan?Ethan sai do carro. Jake o guia para dentro da base. O complexo era cercado por um muro alto, aparentemente tinha sete metros da altura. O prédio principal tinha dois andares.
O ano é 2023. Ou será 2024? Ethan não se lembra mais. Sinceramente, Ethan não se lembra mais quantos anos tem. Ele não lembra mais o que é um dia de calor na praia, em Nova York ou em qualquer lugar do mundo. Faz 5 anos que ele não vê um dia de sol, só chuva, neblina, frio e mais chuva. É quarta de manhã, as crianças estão dormindo. O barulho da chuva é reconfortante. Um café cairia bem nesse clima, mas não tem café. Qual foi a última vez que Ethan tomou café? Foi naquela manhã antes de ir buscar a mãe no aeroporto. Mãe? As crianças não conheceram a mamãe. Será que ela ainda está viva? Já faz muito tempo desde a última vez em que eles se viram. Durante todos esses anos ele foi a mãe, o pai e o irmão deles. "Cabeludinhos", era assim que ela os chamava. E pelo visto continuaria chamando. Nasceram cabeludos. Ethan corta seus cabelos, mas eles crescem rápidos. Parecem anjos. Essas crianças nunca sentiram o calor de um dia de verão. O que acontece