Capítulo 3

Capítulo 3

Jade Lucchese

Se eu disser que amo essa vida, não estaria sendo 100% sincera. Diferente das minhas irmãs, não sou apaixonada por essa adrenalina de tortura e violência. Mas, se mexerem com a nossa família, a única certeza é a morte. Cresci aprendendo isso e não tenho problema algum em me defender. Não sou uma menina mimada como as que conheci na faculdade, mesmo tendo sempre tudo que quis.

Sou extremamente apegada à minha mãe e, nesses últimos dias, sinto que estou me destruindo. Confesso que minha vontade é sair matando qualquer inimigo, antigo ou novo, por pouca coisa ou algo grande. Só quero algo que arranque essa dor de ter perdido nossos pais. Isso tem me consumido, e eu me afundo cada vez mais nos meus antidepressivos.

Ao chegar à reunião hoje, confesso que estava completamente aérea, dopada de remédios. Enfrentar a realidade de não ter mais nossos pais está acabando comigo. Após a leitura do testamento, nada fora do normal, mas, nos acordos, até minha mente, que estava totalmente delirante, se obrigou a ficar sã.

Como meu pai pode fazer isso? Oferecer uma de nós para um russo estranho em casamento?

Minha cabeça começou a rodar, minhas mãos suavam, e eu não conseguia dizer nada. Minha boca parecia colada.

— Bom, vocês têm um mês para decidir quem vai casar com o senhor Petrov. Pensem pelo lado bom: pode ser qualquer uma das três, mas preciso da decisão até o dia 20. No dia 22, o senhor Petrov estará em visita à cidade, e já precisamos providenciar o noivado!

Aquilo foi como um soco no estômago. Olhei para Safira, que, mesmo sem transparecer, estava em pânico — eu sei bem quem ela ama. Já Ruby estava furiosa; sempre odiou a ideia de casamento arranjado.

— Bom, se é só isso, Capo Magno, eu e minhas irmãs temos muito o que conversar.

Ruby se levantou em um rompante. Estava prestes a explodir se tivesse que ficar ali por mais um segundo.

— Nada mais a ser dito. Espero que as joias da família Lucchese possam nos dar uma resposta em breve. Precisamos dessa aliança para ontem, para evitar uma guerra...

— E terá o mais breve possível, Capo. Com sua licença.

Alisando o vestido justo no corpo, em um ato que demonstrava seu nervosismo, Ruby saiu, seguida por Safira e por mim, logo atrás. Juan e Jack estavam ao nosso lado, em total alerta. Entramos no carro, e, só depois de passarmos pelos portões, Ruby soltou todos os palavrões possíveis.

— Como o papai teve coragem de fazer isso?

— Calma, Ruby. Vamos achar uma brecha. Eu vou ler o contrato e...

— Jade, você acha mesmo que, com uma guerra em vista, o papai deixaria brechas em um contrato?

— Realmente acho difícil, mas precisamos tentar algo. Como vamos casar com um desconhecido? E, pelo jeito do Magno falar, deve ser um velho babão.

— Safira, fale algo!

— Eu não tenho o que falar. Temos que apenas cumprir a última vontade do papai. Ele com certeza sabia o que estava fazendo.

Vi Juan olhar para ela pelo retrovisor enquanto ela desviava o olhar. Que inferno!

— Eu caso!

Olhamos para Ruby em choque. Como assim?

— Como assim? Temos que decidir juntas!

— Não. Eu sou a irmã mais velha. Eu caso e não se fala mais nisso. O máximo que pode acontecer é eu ficar viúva em circunstâncias não muito favoráveis...

Ela estava decidida. Eu a conheço bem. Ruby nunca deixaria nenhuma de nós passar por isso. Ela sempre foi superprotetora.

Nos abraçamos no carro. Não consigo imaginar perder mais ninguém, nem que seja pela distância. Não sei como vai ser isso...

Chegamos em casa. Peguei uma garrafa de tequila e fui para o jardim. Precisava respirar um pouco, tentar colocar as ideias no lugar. Caminhando pela propriedade e bebendo direto da garrafa, ouvi um barulho vindo da academia e fui até lá. Era Joana. Por Deus, como pode ser tão linda?

Fiquei observando-a treinar até que, sem pensar muito, entrei na academia.

— Senhorita Jade, o que faz aqui a essa hora?

— Joana, você nunca para de treinar?

— Tenho que manter a forma, não é?

Ela falou andando na minha direção. Não é de hoje que sonho com ela. E não sei se foi a quantidade de remédio, de bebida ou talvez os dois juntos, mas estávamos tão próximas que eu podia sentir o gosto do seu beijo.

Busquei dentro de mim uma centelha de juízo, mas não encontrei. Então, terminei com a distância entre nós, ficando com os rostos quase colados. Sua respiração fazia cócegas, e eliminei os milímetros que nos separavam, tomando seus lábios com os meus.

Por um segundo, ela ficou sem reação, mas logo tomou o rumo do beijo, me encostando na parede. Suas mãos passearam por todas as minhas curvas. Seus lábios vorazes me devoraram com eficiência, descendo pelo meu pescoço. Suas mãos acariciavam meus seios por cima do vestido.

Minha intimidade já estava encharcada. Sua boca quente deslizava pelo meu pescoço, e, quando percebi, meu vestido tomara que caia já estava com os seios à mostra. Seu olhar encontrou o meu, e nele havia uma súplica.

Apenas fechei os olhos e deixei que ela me abocanhasse, sua boca me causando arrepios. Era como se nada mais existisse, como se o tempo tivesse parado só para nós duas.

Senti meu vestido caindo aos meus pés, sua boca deslizando pelo meu corpo, voltando para minha boca. Seus dedos encontraram minha intimidade, e, com delicadeza, ela começou a me acariciar, me deixando ainda mais louca de tesão. Estava prestes a me derreter ali mesmo quando ouvimos a porta dos fundos abrir.

Paramos imediatamente. Ergui meu vestido e disfarçamos. Ela se encostou no primeiro aparelho que viu, e eu sentei em outro, como se estivéssemos apenas conversando. Mas eu ainda sentia minha intimidade escorrendo pelas pernas.

Jack entrou, nos olhando desconfiado.

— Está tudo bem por aqui?

— Sim, só estou conversando com a Joana. A noite foi... ou melhor, está difícil.

— Certo, senhorita. Se precisar de algo, Juan e Joana estarão de guarda dentro da casa esta noite. É só chamar no rádio.

Essa foi a melhor notícia que eu poderia ter.

Assenti e virei o resto da tequila na boca. Ela não vai me escapar hoje...

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