Capítulo 4

Capítulo 4

Ruby Lucchese

Entrei em casa e subi direto para o quarto dos meus pais, onde estou ficando até o final da reforma. Poderíamos ir para outra casa, das inúmeras que temos, ou até para um hotel, mas mesmo depois da invasão, não há lugar mais seguro que a Lá Belle e a casa onde Ônix está. Ainda assim, não quero que ele veja o que estamos fazendo. Então, é melhor que ele fique lá e nós aqui.

Peguei meu notebook e comecei a buscar qualquer informação que me levasse à família Petrov, mas, obviamente, não havia nada. Assim como não haveria se alguém buscasse por nós...

Que infernoooo! Meu pai não podia ter feito isso!

Andei de um lado para o outro pelo quarto, tentando assimilar essa obrigação. Claro, era minha obrigação. Jamais deixaria minhas irmãs passarem por isso. Tinha que ser eu.

Fui até a adega e peguei uma garrafa de vinho. Não havia muito o que fazer além de esperar amanhecer e já informar ao Magno minha decisão. Nossos contratos são assinados com sangue, e não deixarei ninguém derramar uma gota em uma guerra por não querer cumprir. Para mim, a família da máfia está acima de tudo, até de qualquer sentimento que eu possa ter...

Não, eu nunca me apaixonei de verdade por ninguém. Mas, uma vez... apenas uma vez, eu quis ser uma garota normal. Estava em uma festa da faculdade quando o conheci— uma das poucas que frequentei — quando o vi. Parecia que faíscas saíam toda vez que eu olhava para ele. Começamos a conversar. Ele era tão educado, culto, charmoso... a personificação de um deus grego. Um ar misterioso o envolvia, cheirava a perigo. E, claro, isso chamou totalmente minha atenção. O beijo, a pegada... era tudo que eu sempre quis. Vivemos ótimos momentos, foram meses que eu nunca esquecerei até que, enfim, essa era uma vida que eu não poderia ter...

Nunca o traria para o meu mundo. Meu pai jamais aceitaria alguém de fora. Então, simplesmente sumi, antes que me apaixonasse de verdade, pelo menos era isso que eu pensava na época... mas... deixa pra lá não posso pensar nisso agora...

Nossa vida na máfia não tem muito espaço para sentimentos...

Virei a taça de vinho, com o rosto dele vivo em minha memória. Igor. Esse era o nome dele...

Arrumei algumas papeladas da próxima entrega e dei uma última olhada no quadro do casamento dos meus pais, que ficava no quarto. Meu coração apertou de saudade. Estou trabalhando e cuidando de tudo, sem ter tempo para pensar, para não ser destruída pela dor. Mas eu prometo a vocês: vou encontrar quem fez isso. E, seja quem for, vai pagar...

Fiz essa promessa olhando para eles naquele quadro, sentindo meu coração congelar de vez.

Sinto muito, Nicolai Petrov, mas não espere amor ou qualquer sentimento nesse casamento...

Terminei meu vinho enquanto pulava de um programa para outro na TV, até ser vencida pelo cansaço.

Me aconcheguei na cama dos meus pais, como se aquilo pudesse me proteger de tudo o que ainda terei que enfrentar. Mas é isso... o amanhã está traçado, e, nesse caso, não terei escolha.

---

Jade Lucchese

Já eram por volta das três da manhã quando escutei passos no corredor. Espiei pela fresta para confirmar e vi que era ela. Joana.

Abri a porta rapidamente e a puxei para dentro do quarto. Em sua defesa, ela me segurou firme, olhando no fundo dos meus olhos, deixando-me ainda mais cheia de desejo por ela...

— Está precisando de algo, senhorita?

Ela falou, passando a língua nos lábios, me deixando ainda mais louca de desejo.

— Sim. E já disse para me chamar apenas de Jade. Preciso de você aqui no quarto, com urgência...

— Eu não acho que seja uma boa ideia, Jade.

Ela sussurrou no meu ouvido, com aquela voz rouca que me deixava incapaz de deixá-la sair daqui.

— É boa. Pode apostar que é boa, Jô...

Mal terminei de falar, e ela tomou meus lábios com aquela mistura de hortelã e tequila que eu já havia experimentado mais cedo.

Passei a chave na porta e, sob a luz fosca do abajur da minha cama, ela enfim me observou apenas de camisola. Depois de me deitar delicadamente, Joana tirou as luvas, o colete e veio na minha direção.

Tirei sua camiseta e observei suas várias tatuagens. Passei os dedos contornando algumas, vendo sua pele se arrepiar...

— Eu, por mim, passaria a noite toda aqui... mas não posso demorar, Jade...

Puxei-a para mim, beijando seus lábios novamente. Logo, ela desceu, percorrendo meu corpo com sua boca quente. Suas mãos passeavam pelo meu corpo, causando arrepios por onde tocavam. Ao chegar na minha intimidade, rasgou com força as pequenas tiras da minha lingerie, observou por alguns segundos e começou a passar lentamente a língua, me causando tremores que nunca senti antes.

Era como se ela estivesse beijando minha intimidade com cada passada de língua. Com seus dedos, começou a acariciar meus pontos de prazer. Meu quadril se movia involuntariamente contra seu rosto, enquanto ela parecia se deliciar ali...

— Goza pra mim, Jade... Me deixa sentir seu gosto por completo...

Assim que ela falou isso, foi como se um botão tivesse sido acionado dentro de mim. Ela aumentou a velocidade, e logo me derramei para ela, que sugou com mais vontade ainda.

— Exatamente como eu imaginava...

Ela sorriu, satisfeita, se levantando e se vestindo.

— Aonde você vai? — indaguei, me sentindo fraca.

— Preciso voltar ao meu posto. Se meu pai perceber que saí, vai dar B.O.

— Mas...

— Quando quiser me procurar, já sabe onde me encontrar, minha joia...

Ela sorriu e saiu assim que terminou de se vestir. Logo, adormeci, exausta e bêbada...

Pela manhã, quando acordei, lembrei-me, em flashes, do que aconteceu. Sentei rapidamente na cama, me perguntando se realmente fiz aquilo ou se foi um sonho.

Passei a mão pelo meu corpo, recordando o toque de Joana por toda parte. Fechei os olhos, sentindo meu corpo esquentar apenas com as lembranças. Mas seriam apenas lembranças? Ou será que sonhei?

Ao tocar minha intimidade nua, abri os olhos novamente e olhei ao redor. Quando vi minha calcinha rasgada no chão, tive certeza: não foi apenas um sonho...

Essa garota me enlouquece há anos. Mas eu não quero só isso. Quero mais. Muito mais...

Ainda perdida nas lembranças, fui tirada delas pelo som de uma discussão calorosa no corredor do meu quarto. Levantei rapidamente para ver o que estava acontecendo.

— Safira? Ruby? O que está acontecendo?

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App