Apesar de ser cedo, já dava para imaginar que aquele dia seria de muito calor. Não havia brisa e as árvores estavam todas paradas. A claridade do dia era intensa e o Sol estava brilhando forte e quente.
Sabrina cruzou o pátio da escola com os cabelos presos por um lenço vermelho, chegara mais cedo naquele dia porque sua mãe tinha consulta médica logo de manhã e a levou antes. Segurava seus cadernos nos braços. Inesperadamente Sabrina parou de andar, riu quando viu Daniel dormindo em cima do banco de cimento, sentado com a mochila nas costas.
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Lucinda segurou os cabelos de Sabrina enquanto ajudava a menina a lavar o rosto. Levantou os olhos azuis para Nice, que estava dura feito uma pedra parada na porta do banheiro feminino. Estavam conversando e retocando a maquiagem quando Sabrina invadiu o banheiro chorando e balbuciando coisas que não dava para entender. Pegou toalhas de papel e estendeu para Sabrina, que secou o rosto vermelho do choro.— Brigou com o Daniel? — Lucinda tentou adivinhar.— Se durante o dia todo nada havia sido capaz de chamar a atenção de Daniel, foi só porque ele ainda não havia pisado no pátio da escola, onde Nice e Ângelo trocavam beijos incessantes, dando um show para toda a escola.Daniel sentiu enjoo de tanta raiva. Ver Nice se beijando com o namorado baixinho tinha sido como um soco no estômago. Ele já tinha visto Nice com outros namorados antes e teve que lidar com isso, lidou até muito bem, mas aquele dia não era o melhor dia para isso acontecer. Se fosse um dia normal, talvez Daniel até separasse os dois e depois daria um belo soco bem no meio da cara de Ângelo, mas aquele não era um dia normal e Daniel senCapítulo 17
Ao entrar em casa depois de conversar com Claudinha a tarde inteira, Daniel tinha se decidido a aceitar as desculpas de sua mãe e deixar que ela resolvesse os problemas no casamento da forma que achasse melhor. A casa estava um silêncio total e ele escutou o rádio ligado na piscina. Andou devagar até a varanda e parou bem na frente da porta de vidro, vendo mais uma cena de filme pornográfico ao vivo: sua mãe estava agarrada com seu tio no meio da piscina, transando.Mas dessa vez Daniel não fugiu como da primeira vez, foi como se estivesse fora de si e correu para a piscina, abrindo a porta com um estrondo interrompendo o ato sexual dos dois.
Quando Daniel entrou em casa o clima já estava pesado. Sua mãe estava sentada na sala com um bonito vestido elegante, o cabelo em um coque e saltos finos, porém com o nariz vermelho e os olhos molhados de choro. Seu pai estava de terno, recém-chegado do aeroporto, com cara de enterro e a barba por fazer. Era um homem alto e bonito, de quem Daniel havia puxado as feições. Havia outro homem com eles, um senhor grisalho de paletó xadrez e óculos de grau bem pesado no rosto. Essa terceira pessoa, Daniel não sabia quem era e estranhou que o homem estivesse em sua casa naquele momento, porque parecia até que estava sendo esperado.
Depois do almoço, no sábado, Nice se beijava com Ângelo em seu quarto. Ambos estavam deitados na sua cama por cima dos lençóis de estampa de gatinho. Enquanto beijava os lábios de Ângelo, Nice não conseguia pensar em mais nada a não ser em Daniel. Era como se beijar Ângelo fosse errado e seus lábios macios pareciam asquerosos. Por isso, afastou-se de Ângelo interrompendo o beijo.— O que foi? — Ângelo perguntou estranhando a atitude da menina. Ângelo e Claudinha trocavam beijos em cima de sua cama no domingo à noite. Eles estavam de alianças e Claudinha, com um vestido azul florido e folgado no corpo, por onde as mãos de Ângelo passavam acariciando seu corpo. As luzes estavam apagadas e a porta fechada. A garota estremeceu e interrompeu o beijo.— Espera, espera… ainda não estou pronta.— Capítulo 21
Como todos os dias, Lucinda e Nice se encontraram para conversar antes do intervalo, no banheiro feminino. Dessa vez Sabrina não estava com elas.— Não acredito que você chamou o Daniel para segurar vela para você e o Ângelo, Nice! Você perdeu a noção?— Ai, Lucinda, chega desse papo. O Daniel me esqueceu, está óbvi
Lucinda estava esperando uma resposta. Daniel estava calado na sua frente com cara de espanto, parecia até que tinha visto um monstro ou coisa parecida.— Não posso fazer isso. — recusou logo de início.— Claro que pode.—