Bento não conseguiu dormir. Não apenas porque seus pais estavam brigando na sala por causa de um pacote de pão Wickbold que foi deixado aberto (e amoleceu e isso era um desperdício — sua mãe dizia); mas porque ele não conseguia parar de pensar em Carol.
Passou a mão no telefone cel
Bento estava treinando violão sentado no sofá da sala e batendo o pé no ritmo da música procurando acertar as cordas. — De segunda a segun…da eu fico lou…co pra te… ver. — ele estava tentando cantar junto, mas um pouco atrapalhado.A porta da entrada abriu. —
Era um jantar em família na casa de Daniel, todos comiam em silêncio. O prato era um peixe com ervilhas e mini — cenouras, acompanhado de risoto de arroz com castanhas e queijo. Comprados no delivery, já que sua mãe por algum motivo tosco não teve tempo para cozinhar.Laércio estava em cas
Os pais de Daniel tentaram falar com todo mundo que eles conheciam do círculo de amigos do filho: Bento e Nice, Lucinda, Sabrina, algumas ex-namoradas e até para a diretora da escola. Não encontraram.Na última tentativa, eles ligaram para o Petshop. Já estava fechado, mas tocou em transferência na linha da m
Bento estava tamborilando os dedos, nervoso e sua cabeça focava apenas em uma coisa: Daniel não tinha confiado nele para contar duas das mais importantes coisas da sua vida. A primeira tinha sido o que ele sentia por Nice, a segunda, o lance na casa de seus pais. Era uma sensação horrível, mas Bento sabia que havia sido porque ele não dera abertura.Ignácio estava contando sobre suas preocupações de pai de uma mãe adolescente, mas Bento não conseguia nem escutar, ficava olhando para a entrada do estacionamento rezando para ver a hora em que Nice e Daniel aparecessem. As horas iam passando, eles chegaram as nove por ali e já eram mais de meia noite. Nic
— Meu Deus, você tá ridículo. — Daniel deu um peteleco na aba do chapéu de mariachi que estava em cima da cabeça de Bento e riu. Ele deveria encaixotar as coisas do seu quarto para morar com o pai, mas não ia perder aquilo por nada no mundo.
O som estridente do despertador do celular prateado tocou anunciando seis horas da manhã. Bento despertou, mas não sentia a menor vontade de se levantar. Roçou os cabelos castanhos claros cacheados pela fronha branca, colocando a cabeça embaixo do travesseiro.A porta do seu quarto abriu, deixando a luz entrar. Bento não se mexeu, sabia que possivelmente era sua irmã Nice entrando no seu quarto — como fazia todos os dias que tinha aula — para pegar emprestado um par de meias. Nice tinha muitas meias, cor-de-rosa, azul, verde, listradas, de ursos
Assim que chegou à escola, Nice saiu correndo para abraçar-se com Lucinda, com saudades da amiga. Lucinda era uma loira magra e bonita, de olhos azuis e pele morena do sol. Apenas seus cabelos eram um pouco secos por causa das diversas descolorações em busca do loiro perfeito.— Luci que saudades! — Nice se agarrou com a amiga.— Eu também!