Capítulo 3

Não havia outras irmãs no orfanato e mesmo que ouvesse não deixava de ser um pesadelo,todos sabiam das dívidas de jogos que Harry possuía,o homem que havia demorado muitas horas antes de finalmente partir não parecia ser alguém da região,as roupas de boa qualidade e aparência jovem e distinta se não fosse pela enorme cicatriz que atravessava o olho direito e desaparecia pelo pescoço sabe Deus até onde por baixo da roupa.

Tereze havia passado muito tempo ouvindo a conversa de ambos que de início eram apenas sobre banalidades regadas a vinho,o estranho tinha em mãos uma sacola de veludo que pelo tilintar ao pousar sobre a mesa era moedas,ele com certeza estava pagando,mas pelo que?se pelo visto elas serviriam como pagamento a divida de Harry,sem saber quando o estranho as buscaria teve de sair dali o mas rapido possível pôs batidas a porta chamou a atenção de todos,a jovem subiu as escadas rapidamente,quando entrou no quarto onde todas do sexo feminino dividiam uma cama minúsculas e um armário velho,havia cochicho a janela.

— É a guarda?o que aconteceu desta vez?— duas das moças do grupinho tentavam bisbilhotar lá embaixo sem serem vistas,havia chegado em uma péssima hora,elas não perderiam uma oportunidade assim.— Há rumores de morte de duas jovens na região,os lobos estão nos caçando!— Mary falou ao olhar para ela.

— Que bom que chegou!Conte-nos Tereze!onde estave esse tempo todo,caçar para pessoas como você deve ser fácil,afinal é tão selvagem quanto os animais que mata,quase nos deixou com fome se não fosse o bem feitor deste lugar nos trazer tantos presentes,Harry havia dito para ser rapida ou enfrentaria as consequências.— disse Mary a líder do grupo.— confesso que estou pensando seriamente em contar que estave em um encontro com Alexandre,você vive se agarando com ele pelo celeiro.

— Vomos negociar!— disse a outra,que tal isso aqui em troca do nosso silêncio.— ela sacudiu o velho pedaço de tecido onde continha tudo o que tinha para fugir com a irmã para longe de um destino cruel,não poderia deixar com que lhe tirassem tudo o que conquistou depois de tanto tempo lutando para sair dali.

— Me devolver isso!— Tereze avançou um passo em direçao a garota que sacudia a trouxinha de moedas.

— Seja uma boa garota e não faça escândalos!— elas começaram a caminhar em direção a porta,era um convite para que saisse dali e ela não teve escolha,tinha que recuperar as economias só não sabia como,olhou uma última vez em direção a cama da irmã que dormia tranquilamente e seguiu-as mesmo sabendo que nada de bom resultaria dessa escapada noturna.

As três andaram silenciosamente a frente e entraram na biblioteca,quando Tereze fechou a porta e virou de frente foi recebida por um soco no queixo que a derrubou,o gosto ferroso do sangue se espalhou pela boca,foi imediatamente segurada por cada um dos braços e erguida pra que Mary pudesse continuar seu espetáculo de tortura.

— Vomos deixar algumas coisas bem claras aqui!— outro soco foi lhe acertado no estômago.— você não vai estragar minha chance de sair desse lugar,então deixe Alexander em paz!— Tereze cuspiu na velha camisola branca que Mary usava e um sorriso sujo de sangue lhe veio aos lábios juntos de uma crise de tosse.

— É por ele todo esse desespero?— outra crise de tosse.— Juro eu não sabia do romance entre vocês dois.— um puxão no cabelo fez tereze murmurar um palavrão que causaria inveja ao mas sórdido linguajar de um marinheiro.

— Desgraçada!— Outro soco no queixo e ela jurava que se isto prosseguisse por mas tempo logo seria apenas um monte de ossos,pele e um punhado de carne moído no chão.— Estragou minha camisola!isso vai lhe custar um pouquinho a mas que isto.—Tereze sabia que precisava recuperar as economias e não pensou duas vezes ao se lançar na direção da garota que balançava a trouxinha com as moedas de forma debochada.

As duas que lhe seguravam foram pegas de surpresa,a jovem sabia não ser pareo para as três por isso puxou os cabelos de Mary e a apertou com um dos braços na região do pescoço da outra enquando lhe prendia o braço de maneira dolorosa,já estava cansada destas violências,nenhuma delas era uma criança para viverem em um embate sem fim,ofegante lhe sussurrou no ouvido.

— Me devolva as moedas ou eu juro que a sufocarei até que nenhum fôlego de vida reste nessa sua carcaça.— o coração bateu acelerado quando a lua surgiu alta e luminosa no céu.

— Não é capaz! — Mary a testou.

— Não queira pagar pra ver! — começou a sufocá-la. — Mande suas cadelas ficarem longe de mim e de minha irmã ou eu... — não conseguiu terminar a frase quando a porta da biblioteca foi aberta e, por ela, um Harry acompanhado do homem elegante, além de dois brutamontes musculosos e mal encarados, repletos de cicatrizes, surgiram.

Cada partícula do ser de Tereze berrava que tudo acabava de se tornar muito pior.

Respirou fundo quando a porta foi fechada em um baque abafado.

— Muito bem, meninas! Estávamos procurando por vocês, e olhe que surpresa mais agradável, estão todas aqui, especialmente você, Tereze. — Harry tinha um sorriso mais do que satisfeito.

— O que quer de mim? — a voz saiu em um fio estérico.

— Primeiro, solte Mary e vamos conversar de maneira mais civilizada! Vamos deixá-la ir; há negócios a serem tratados com você, Tereze, em particular. — O homem elegante sinalizou para os dois capangas que se aproximaram. Não havia escapatória; ela seria vendida. Odiou-se por não ter fugido dali o quanto antes; poderia ter tido uma chance. Mary foi arrancada de seu aperto por uma força sobre-humana, vinda de um dos homens cheios de cicatrizes. O outro, em uma posição defensiva, se posicionou atrás dela, e seu desespero só aumentou quando uma voz doce vinha acompanhada de passos pelo corredor.

— Por que temos que viajar a esta hora? Não sabia que a situação aqui estava tão insustentável. Tereze já está pronta? — Era a voz de Selena. Por Deus, ela agora parecia ter sido atingida por um soco muito mais forte que antes.

A porta se abriu e a irmã correu em sua direção; estava vestida como as damas refinadas que via passarem em suas carruagens. O sorriso que lhe devolveu quando a abraçou lhe cortou a alma. — Tereze, que bom que voltou a tempo! Recebemos uma carta de uma tia distante. Acredita que temos parentes vivos? Estaremos sob sua tutela, teremos uma vida nova, olha isso! – ela rodopiou e exibiu o vestido novo. — Essa é nossa prima, senhorita Amber Linster. — A loira lhe cumprimentou, e o sorriso predatório que deu fez o sangue gelar. — Tia Edwina Herries também lhe enviou roupas novas. — Tereze já não ouvia mais nada; talvez fosse a pressão por tudo que havia passado nas vinte e quatro horas. As mãos tremiam e um zumbido forte lhe nublou a visão, restando apenas escuridão.

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