Alice ainda tinha uma ótima etiqueta, ela precisava se comportar bem quando conhecia pessoas importantes, ela até já havia conhecido a família real, então logo tentou esconder seu choque e parecer mais casual, como se conhecer um grande CEO não fosse nada de mais. Gabriel era conhecido por todo Brasil, não só por sua beleza e riqueza, mas também por conta de todo o mistério à sua volta, Gabriel era um homem muito reservado, os paparazzi nunca conseguiram fofocas sobre ele, era quase inacreditável.

A mulher acabou soltando um leve suspiro enquanto olhava para o CEO, sua pele estava bronzeada, ele pode ter ido a sua praia particular, os cabelos ruivos e olhos verdes, era de tirar o fôlego, Alice estava surpresa pelo fato de que ninguém veio incomodar ele, afinal algumas pessoas eram sem noção.

— Bom dia, senhorita Alice.

— Bom dia.

— Não vamos enrolar muito, vamos começar a falar de negócios.

Gabriel pegou sua mala que trouxe consigo, e tirou alguns papéis que haviam ali, Alice não queria atrapalhar, mas ela era humana, e humanos tinham curiosidade.

— Senhor, posso saber porque você quer uma barriga de aluguel?

— Não tem problema em perguntar, eu no seu lugar também ficaria curioso, eu não estou em nenhum relacionamento no momento, infelizmente todas as mulheres com quem me relacionei apenas estavam interessadas no meu dinheiro, e minha última namorada tentou dar o golpe da barriga.

— Quando você tem muito dinheiro, é só isso que as pessoas pensam, elas não se importam com você de verdade, só querem colocar as mãos em sua herança.

Gabriel olhou para ela um pouco curioso, não eram todos que entendiam aquilo, mas obviamente que Alice entendia daquele assunto, ela já esteve no lugar de Gabriel.

— Exatamente, por isso decidi que o melhor seria ter uma barriga de aluguel, um dos meus grandes sonhos sempre foi ser pai, uma pena que realmente não consegui encontrar uma parceira descente.

— Tudo bem.

— Antes de começar, preciso falar de algo importante com você, barrigas de aluguel só emprestam o seu útero e nada mais, porém, vou querer seu óvulo também.

Alice o olhou em choque.

— Mas, desse jeito, meu bebê vai ter meu DNA.

— Sei, vou lhe pagar a mais por isso.

Alice ofegou mais uma vez, mais dinheiro? Ela já estava ganhando tanto e ainda sobraria, e Gabriel estava querendo dar ainda mais? Desse jeito, poderia até abrir um pequeno negócio e talvez conseguir uma vida mais estável.

— Mas, porque você quer isso?

— Pensei em pegar o óvulo de alguma instituição que recebe óvulos de mulheres para inseminação artificial, mas infelizmente, tenho medo que a mulher do óvulo possa vir atrás de mim, acredite, isso pode acontecer, então se você aceitar irei lhe pagar a mais, e você terá que assinar um contrato para não usar a criança para tentar pegar dinheiro meu.

— Eu jamais faria isso, só quero um pequeno favor.

Gabriel olhou para ela um pouco sério, já iria pagar a mais por aquilo, o que mais a mulher poderia pedir?

— Que favor?

— Só quero que deixe a criança bem longe de mim, eu até posso tirar meu leite e dar para você alimentar o bebê, mas não quero ter nada a ver com isso, não quero me apegar.

Gabriel realmente ficou surpreso por isso, ele esperava qualquer coisa, menos aquilo.

— Tudo bem, concordo com isso.

— Certo, onde posso assinar?

— Antes disso, precisamos conversar sobre outros assuntos, não se preocupe, não será tão radical.

— Certo.

— Pediu alguma coisa?

— Não, eu não tenho dinheiro para comprar nada aqui, o que sobrou é para eu pegar meu ônibus para voltar ao meu apartamento.

Gabriel chamou por uma garçonete e pediu um café puro para ele, Alice não quis pedir nada, mas o homem insistiu em pagar, a mulher então pediu um simples café com leite.

— Vamos para a etapa, dois, senhorita, caso aceite ser minha barriga de aluguel, quero que more na minha mansão comigo.

— Morar com você? Porquê?

— Preciso garantir que esteja segura, acredite, existem muitas pessoas invejosas e rancorosas por aí que querem meu mal, por isso seria melhor que vivesse comigo, além do mais que você que ter visitas regulares ao médico para acompanhamento da gravidez, afinal precisamos fazer todo o pré-natal, quero total segurança para meu filho.

— Meu pai também estaria em perigo?

— Seu pai mora com você?

— Não, ele está no hospital, ele tem câncer, está muito frágil, e se tentarem algo com ele?

— Caso concorde com tudo, posso colocar seguranças para cuidarem de seu pai.

— Parece bom.

— Se quiser, posso pedir para os melhores médicos cuidarem dele, como algo extra.

— Ele está no melhor hospital do Brasil, por isso as contas são tão caras.

— Me diga, como uma pessoa que praticamente não tem dinheiro nenhum, conseguiu que seu pai fosse tratado no melhor hospital do país.

— Usamos o dinheiro que tínhamos na época, a gente não pensou que iria acabar tão rápido, a realidade não quis cair sobre a gente.

— Não entendo.

— Meu nome é Alice Marques.

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos, Alice ficou com o rosto quente, talvez ele não conhecesse sua história, Alice era tão insignificante que o grande CEO nunca ouviu falar dela.

— Lembro de você, pelo menos, da história de sua família.

— Poucas pessoas lembram, praticamente todos os meus amigos me esqueceram, é incrível que quando você não tem dinheiro algum, os ricos esquecem da sua existência.

— A empresa do seu pai foi à falência, não é? Como isso poderia acontecer com uma empresa de carros de luxo? Ele tinha grandes clientes, meu primo comprou alguns carros com ele.

— Meu pai também não entende como tudo aconteceu, mas agora, estamos vivendo um inferno de dívidas.

— Entendo.

Os cafés deles chegaram, Gabriel deu alguns goles, enquanto Alice praticamente engoliu tudo de uma vez, quando foi a última vez que comeu? Seu trabalho tirava tudo de si.

— Então, já vimos tudo.

— Deixe eu mostrar o contrato que criei.

Gabriel então mostrou todo o contrato de forma bem detalhada para Alice, mostrando que não havia letras pequenas, e que os dois lados poderiam se beneficiar bastante, Alice não tinha do que reclamar e tudo parecia muito bom, ela olhou nos olhos de Gabriel e disse com convicção.

— Vou assinar!