Alice acordou sem ninguém precisar chamá-la, ela estava acostumada a acordar cedo por conta do trabalho, mas olhando o relógio até que não estava tão cedo assim, eram oito da manhã, a mulher decidiu se levantar, pois, seria um longo dia, Alice se arrumou no banheiro colocando uma roupa bonita e prática para ir à clínica.
Dessa vez, ela decidiu ir comer na sala de jantar, ainda lembrava vagamente onde era e quando chegou no local, todos os irmãos estavam comendo juntos e conversando sobre assuntos da empresa, Alice se sentou deslocada, ela lembra dessa sensação, quando perdeu toda a fortuna e agora não poderia ficar no meio de todos aqueles herdeiros ricos, Alice estava quase decidindo voltar ao quarto quando Letícia percebeu sua presença. — Alice, você acordou, venha comer! — diz a mulher animada. Alice suspirou e se sentou ao lado de Letícia, ela pegou um pouco de iogurte e torradas integral. — Bom dia. — falou Alice, ainda se sentindo estranha por estar ali. — Você está animada para hoje? — Penso que nervosa é um termo melhor, afinal nunca imaginei que iria engravidar um dia. — Sério? Nunca passou pela sua cabeça ter uma família? — Julgo que não. — Bem, não se preocupe, você terá que passar pela gravidez, não tem que aprender a cuidar de um bebê. — É, você tem razão. Os homens não se preocuparam em prestar atenção na conversa delas, apenas comiam um pouco do café da manhã e falavam sobre contabilidade, Alice realmente não se importou muito com isso. — Aqui! — Letícia lhe passa uma xícara pequena de chá, após ver que Alice terminou de comer todo o café da manhã. — vai ajudar a lhe deixar mais calma, ficar nervosa não vai ajudar em nada. — Obrigada. — Uma pena tudo isso ser apenas negócios, julgo que você teria sido uma ótima esposa um dia para meu irmão. Alice não disse nada, apenas tomou alguns goles do chá, não sabia se era algo de sua cabeça, mas já se sentia um pouco melhor. — Você terminou? — dessa vez, foi Gabriel que falou, ele finalmente saiu da conversa com seus irmãos e prestou atenção em si. — Sim, já estou satisfeita. — Então vamos, é melhor acabar logo com isso. Alice e Gabriel saíram da sala de jantar, e foram para o carro preto que o homem tinha, um motorista então começou a dirigir até a clínica. — Acabei de perceber que se dar tudo certo, não sei o que vou dizer ao meu pai. — Como assim? — Vai chegar um momento que minha barriga vai estar enorme, o que vou falar ao meu pai? Que vendi meu corpo para carregar um neto dele e que ele jamais poderá vê-lo por conta do contrato que assinei? Ele está muito fraco, não quero causar mal a ele. — Não vamos pensar nisso por enquanto, você já está bem estressada e isso não vai causar algo bom em ninguém. — Tudo bem, será que tem problema beber chá na gravidez? — Contanto que não seja um chá abortivo. — É claro que não! — Isso foi uma piada. — Então você tem um péssimo humor. Eles finalmente chegaram, Alice acompanhou Gabriel em silêncio, eles foram à recepção e Alice deixou o homem falar com a recepcionista, foi uma conversa rápida e logo eles estavam indo para uma sala, havia uma médica lá dentro, seus cabelos eram castanhos e estavam presos em um penteado de rabo de cavalo, e seus olhos eram, de duas cores. Alice ficou surpresa com isso, ela nunca viu ninguém com heterocromia, o olho direito da médica era azul enquanto o outro, era castanho. — Bom dia, meu nome é Maria, sou a médica principal da família Gomes, é bom conhecer você senhorita Alice. — Também é bom conhecer você. — Então, vamos aos exames? Eram coisas simples, respondendo algumas perguntas sobre sua dieta e exercícios físicos, vendo como estava sua altura e peso, alguns exames mais chatos como sangue e urina, mas no fim tudo parecia bem. — Apesar da rotina extensa de trabalho, está tudo bem, você só perdeu um pouco de peso por conta de passar horas com fome ou comer comidas congeladas, mas isso é fácil de consertar. — Mas ela pode fazer a inseminação hoje? — Sim. Maria só precisou pegar alguns documentos para Alice assinar, Gabriel então iria esperar na recepção enquanto Alice seguiu Maria para outra sala mais privada. — É algo rápido? — Claro, e também, completamente indolor, você nem sequer vai precisar ser sedada. — Desculpe, é que estou um pouco nervosa. — Entendo, você nunca fez nada assim antes, não é a primeira vez que atendo mulheres que às vezes não sabem muito sobre a inseminação artificial. Maria pegou algumas luvas e máscara. — O que faço agora? — Espero que não se importe em estranhos lhe ver nua, é que preciso ter acesso ao seu útero. — Já tive exames de ginecologista, não me importo com isso. O "processo" então começou, Alice não falou muito e só olhava para o teto, claro que ela também sentia o que estava acontecendo, mas realmente nada dolorido. — Acabamos! — É sério? — Sim, eu disse que seria rápido. Alice se sentiu mais aliviada, ela se arrumou um pouco e então saiu da sala e foi se encontrar com Gabriel, ele estava trocando mensagens com alguém no celular e quando percebeu sua presença, disse um rápido adeus para a pessoa que estava conversando. — Está tudo bem? — Sim, foi realmente algo rápido e indolor, mas aparentemente está tudo certo e estou grávida, é estranho. — Penso que em breve você pode começar a dar os primeiros sinais de gravidez. Alice olhou para sua própria barriga, daqui a alguns meses estariam enormes, será que iria continuar bonita? Ela lembra de algumas mulheres mais velhas reclamando que ficaram horrorosas depois que tiveram filhos, apesar que Alice não conseguia enxergar isso. — Gabriel, será que podemos ir ao hospital onde meu pai está? — Você vai querer falar com ele sobre o que está acontecendo? — Não, pelo menos não agora, mas visito ele todo dia, preciso dar apoio a ele. — Tudo bem, então vamos para o carro. Eles saíram da clínica e voltaram para o carro, dessa vez com o motorista os levando ao hospital que seu pai estava, mesmo sabendo que não iria contar a verdade ao pai, ainda estava muito nervosa.Não demorou muito para chegar ao hospital, a pequena viagem de carro não ajudou muito a mulher a se acalmar, ela esperava que seu pai não percebesse que ela estava nervosa. Alice saiu do carro enquanto Gabriel iria esperar ali, ele estava organizando algumas pastas no seu celular, Alice foi até a recepção e pediu para ver seu pai e já estava na hora de visitas, mas Alice ficou confusa quando foi recusada a entrar no quarto para ver seu pai.Isso nunca havia acontecido antes, ela sempre tinha permissão para ver seu pai, começou a ficar receosa que algo havia acontecido com ele, mas a mulher da recepção disse que ele estava dormindo, isso não fazia sentido, ela não podia visitá-lo porque ele estava dormindo?— Senhora, preciso que fique calma. — diz a mulher da recepção, Alice faz uma careta.— Eu não vou me acalmar até saber o motivo de não poder ver meu pai, sei que ele está bem agora, mas câncer é algo que não dá para controlar, ela pode morrer e eu nem estarei ao seu lado.A mulher
Se passaram alguns dias, Alice iria tranquilamente visitar seu pai no hospital e não precisa se preocupar com dívidas, apesar que não sabia o que pensar, Gabriel não precisava pagar tudo assim, ela iria ganhar dinheiro justamente para acabar com aquilo, mas o homem não mudou de ideia. Mesmo após ter feito a "gravidez artificial" Alice não sentiu nenhum sintoma de gravidez, mas Letícia disse que é normal assim no começo, Alice ficou curiosa de como a mulher sabia disso, e aparentemente Letícia era médica antes de largar o emprego e decidir trabalhar na empresa da família.Quando Alice desceu para o café da manhã, apenas Gabriel e Roberto estavam lá, sempre discutindo alguma coisa, haver com a empresa, Alice começou a comer tranquilamente algumas frutas, e decidiu beber chá também, acabou se agarrando aquela bebida, o problema, é que assim que sentiu o cheiro de chá, uma ânsia de vômito lhe atingiu.— Eu já disse para demiti-la. — diz Gabriel.— Rebecca é uma ótima secretária, sincerame
(Primeiro mês)Os enjoos continuavam, Alice acordava de manhã cedo e acabava vomitando, alguns odores também provocavam sua ânsia de vômito, o chá, infelizmente, além de certas frutas e comidas com cheiros fortes. Por sorte, Alice não se importava com o cheiro de perfume, Letícia usava perfumes com um cheiro muito doce, mas Alice não sentiu nada.O que Alice realmente não gostava muito, era a sonolência, ela estava o tempo todo, cansada, e estava quase sempre dormindo, acordando apenas para comer ou vomitar, Gabriel não era um profissional que sabia tudo sobre gravidez, então no começo pensou que aquela sonolência toda era um problema, por sorte, Letícia tinha conhecimento.— Tem certeza? Isso não é normal! — diz Gabriel olhando para sua irmã, Letícia tinha uma expressão calma e até entediada no rosto.— Sim, isso é normal, além do mais que vocês estão sempre indo à clínica para fazer exames de rotina, e deu algum problema?— Não, mas pensei que esse cansaço todo só iria aparecer quan
(Segundo mês)Alice comia seu almoço feliz, ela iria visitar Yasmin no trabalho hoje, aparentemente a amiga não estava tão ocupada e queria vê-la, além do mais que ela parecia ter algumas novidades para contar e isso deixou Alice um pouco ansiosa. Gabriel estava com ela na mesa, ele não precisou ir à empresa hoje, mas as coisas estavam um pouco complicadas porque ainda não conseguiram encontrar uma secretária, mas Alice acabou descobrindo que Rebecca foi presa por conta das acusações contra ela, aparentemente a mulher não tinha nenhum transtorno mental, apenas uma obsessão doentia por Gabriel.Após finalmente terminar de comer, Alice mandou uma rápida mensagem para Yasmin dizendo que estava saindo de casa.— Vou sair agora. — diz Alice, Gabriel parecia também ter terminado sua comida.— Tudo bem, levo você.— O quê? e o motorista?— Está com virose, ele avisou isso no último momento por isso não tenho um substituto.— Tá! Tudo bem, você não precisa me levar.— Você sabe dirigir?— Eu
(Terceiro mês)A mansão parecia sombria, enquanto Gabriel estava na sala fazendo algumas anotações em seu notebook, Alice estava em seu quarto, Gabriel às vezes podia ouvir a televisão ligada em alguma série, mas era terrível ver Alice deprimida, ela era como o sol, e agora perdeu todo o seu brilho. Gabriel suspirou, ele não sabia o que fazer, a única notícia boa é que finalmente foi contratada uma nova secretária, e desse jeito uma boa parte dos problemas de Gabriel foi resolvida.O homem deixou seu notebook de lado, não estava conseguindo pensar direito, quando foi que ele começou a sentir tanta preocupação com Alice? Isso não poderia continuar.— Gabriel…— Fabiano? O que foi?— Eu só vim trazer informações sobre a nova secretária.— Se ela foi contratada, deve ser boa, não preciso disso.— Que bicho mordeu você?Gabriel não respondeu, apenas revirou os olhos, ele não sabia lidar com aquela preocupação, o que diabos ele poderia fazer? O homem saiu de seus pensamentos quando Fabiano
(Quarto mês)Alice realmente não havia percebido, até que Gabriel falou sobre isso, mas ela tinha barriga, uma linda e pequena barriga de grávida, a mulher achou engraçado ver o CEO praticamente babando e falando com sua barriga, era uma cena adorável. Ela se sentiu estranha, como um calor no peito, e Alice ficou um pouco apreensiva, a última vez que teve esse tipo de sentimento, foi quando se apaixonou, ela não podia se apaixonar por Gabriel, aquilo tudo é por causa do contrato.Alice queria tirar sua mente daqueles pensamentos, mas não ajudou muito o fato de Gabriel chamá-la para o shopping para eles fazerem compras para o bebê.— Achei tantas roupas bonitas, mas a maioria é rosa ou azul, fica difícil.— Verdade, como não temos certeza do gênero ainda, precisamos comprar roupas com cores neutras, acho amarelo lindo, vermelho, branco e até verde.— Preto.— Definitivamente não.Gabriel acabou rindo pela cara que Alice fez, a mulher piscou os olhos de maneira confusa, não tinha certez
(Quinto mês)Alice se admirou um pouco no espelho, seu vestido era longo, quase chegando aos seus pés, e tinha um tom suave de rosa, o chá de revelação iria acontecer, o bebê já estava bem formado e conseguiram fazer o exame de gênero e a mulher tinha que admitir que estava ansiosa. As pessoas iriam vir vestidas de rosa ou azul, claro que não estavam exatamente torcendo por algum gênero específico, era mais como uma aposta amigável.Além de se admirar com o vestido, Alice também se focou em sua barriga, que já estava bem grandinha, e o bebê finalmente começou a dar alguns movimentos, quando Gabriel estava livre de suas tarefas da empresa, ele gostava de se sentar ao lado de Alice e ficar sentindo os movimentos do bebê, é como se o pequeno pudesse sentir a presença de seu pai.— Está pronta?Alice se virou para Gabriel, ele usava uma roupa casual azul.— Sim, todos já chegaram?— Você falando assim, até parece que vem muita gente.— Sei que é algo pequeno e com poucas pessoas, mas atra
(Sexto mês)Alice sorriu quando Gabriel abriu a porta do carro para ela, agora sua barriga estava bem grande e ficando pesada e isso realmente não ajudava com suas costas, mas sua gravidez estava se passando calmante e sem estresse, ela gostava dos momentos que passava com Gabriel que praticamente ficava babando em sua barriga conversando com Gabriella, Alice também gostava de passar momentos com Yasmin e Letícia, todos pareciam animados para a bebê chegar, mas ainda faltavam alguns meses.Alice sentia que estava se aproximando bastante daquela família, Fabiano era um pouco anti-social, mas ele e a mulher tinham um grande gosto por livros e ficavam sempre conversando sobre as obras literárias. Roberto havia apresentado sua noiva, seu nome é Vitória, às duas se deram muito bem.A mulher suspirou, porque ela continuava se aproximando daquela família? Tudo iria acabar quando Gabriella chegasse, isso iria magoar principalmente ela, Alice decidiu não pensar naquilo por enquanto, Gabriel a