Capítulo:07

(Primeiro mês)

Os enjoos continuavam, Alice acordava de manhã cedo e acabava vomitando, alguns odores também provocavam sua ânsia de vômito, o chá, infelizmente, além de certas frutas e comidas com cheiros fortes. Por sorte, Alice não se importava com o cheiro de perfume, Letícia usava perfumes com um cheiro muito doce, mas Alice não sentiu nada.

O que Alice realmente não gostava muito, era a sonolência, ela estava o tempo todo, cansada, e estava quase sempre dormindo, acordando apenas para comer ou vomitar, Gabriel não era um profissional que sabia tudo sobre gravidez, então no começo pensou que aquela sonolência toda era um problema, por sorte, Letícia tinha conhecimento.

— Tem certeza? Isso não é normal! — diz Gabriel olhando para sua irmã, Letícia tinha uma expressão calma e até entediada no rosto.

— Sim, isso é normal, além do mais que vocês estão sempre indo à clínica para fazer exames de rotina, e deu algum problema?

— Não, mas pensei que esse cansaço todo só iria aparecer quando sua barriga estivesse maior.

— Todos pensam que o cansaço vem do peso do bebê, mas na realidade isso está acontecendo por conta de seus hormônios, esse cansaço todo é normal, principalmente no começo da gestação.

Gabriel suspirou, Alice estava no sofá assistindo um filme, mas deu para ver em seu olhar que ela estava cansada, Alice não gostava de se sentir sonolenta.

— Tudo bem, julgo que estou exagerando.

— Tudo certo, é sua noiva, afinal.

— Para com isso, eu preciso ir ao escritório.

— Leva a Alice com você.

— O quê? Porquê?

— Você se esqueceu? Vai ter dedetização hoje na mansão, Alice não pode ficar aqui.

Gabriel havia esquecido disso, recentemente começou a aparecer muitas baratas por ali, eles não conseguiam entender de onde vieram, então optaram por fazer uma dedetização. Obviamente que ninguém poderia ficar na mansão enquanto aquilo acontecesse, o melhor seria Gabriel levar Alice para a empresa, ela não tinha muitas opções para ir.

— Certo, vou levar ela.

— Não se preocupe, Alice está tão cansada que praticamente só vai ficar dormindo no seu sofá.

— Tudo bem.

Gabriel precisou segurar Alice pela cintura e ambos entraram no carro, a viagem foi rápida, a mulher parecia não estar prestando atenção em muita coisa, eles logo chegaram na empresa e Gabriel foi praticamente correndo para seu escritório, não queria se esbarrar em Rebecca. Infelizmente, Roberto ainda não a demitiu, estava sendo difícil encontrar uma nova secretária, sinceramente, Gabriel disse que poderia escolher qualquer uma, apenas para tirar logo aquela mulher dali.

Alice se deitou no sofá macio do escritório, Gabriel se sentou em sua mesa e começou a arrumar sua papelada, tudo estava tranquilo, até Rebecca entrar na sala com um café na mão.

— Bom dia, chefe.

— Senhorita, tenho certeza que não chamei você aqui.

— Sei que não, mas trouxe um café.

— Não, obrigado.

Gabriel nunca beberia ou comeria nada do que Rebecca lhe oferecia, apesar da paixão da mulher, às vezes algumas pessoas faziam loucuras por quem amavam.

— Quem é essa?

Rebecca rapidamente apontou para Alice que dormia tranquilamente, Rebecca além de trabalhar ali também fazia faculdade veterinária, ou seja, tinha uma vida realmente corrida e não perdia tempo com notícias ou fofocas, então Rebecca não sabia que Alice era a suposta noiva do CEO.

— O nome dela é Alice, é minha noiva, ela decidiu vir ao trabalho comigo hoje.

Rebecca ficou paralisada por alguns segundos, mas logo seu rosto ficou vermelho de raiva.

— COMO ASSIM NOIVA?

— Você não está na sua casa para gritar assim.

A mulher respirou fundo, não se acalmou, mas tentou no mínimo abaixar sua voz.

— Sua noiva?

— Exatamente.

— Senhor, por favor, essa mulher só pode estar lhe enganando, ela nunca amaria você, apenas seu dinheiro, eu já demonstrei tanto o amor que sinto por você, então, por favor, acabe com essa loucura e fique comigo.

— Já chega! Senhorita, já deixei claro que não sinto nada e jamais sentirei alguma coisa por você, vá embora!

Rebecca ficou ainda mais irritada, mas não com Gabriel, ela não poderia sentir raiva por seu grande amor, aquilo tudo era culpa daquela mulher que dormia serenamente no sofá, ela estava em seu caminho atrapalhando tudo.

Gabriel sempre pensou que Rebecca fosse uma maluca, parecia que cada vez mais que a rejeitava, ela pensava em algo novo para fazer, e ficava cada vez mais radical, Gabriel arregalou os olhos quando Rebecca foi em direção de Alice para jogar o café quente que segurava em cima dela, por sorte, o CEO foi mais rápido e conseguiu segurar Rebecca a tempo.

— ME SOLTA, É TUDO CULPA DELA!

— JÁ CHEGA!

Gabriel apertou um botão chamando os seguranças, eles rapidamente apareceram e seguraram Rebecca.

— Por favor, senhor, não me demita, a gente foi feito um para o outro.

— Alguém pode chamar a polícia, por favor? Quero uma queixa contra assédio, além de tentativa de agressão a uma mulher grávida.

Rebecca arregalou os olhos, então foi assim que a mulher conseguiu prender seu amor? Um golpe da barriga, os seguranças levaram Rebecca embora antes que ela pudesse gritar "verdades" para Gabriel e dizer que sua suposta noiva estava lhe dando um golpe.

Por conta de toda comoção, Roberto acabou aparecendo no escritório do irmão para saber o que estava acontecendo, Gabriel contou tudo e deixou Roberto abismado.

— Eu realmente não sabia que era louca, uma coisa é você sentir uma queda por alguém, mas isso, ela tem que ser internada!

— Julgo que as coisas ficaram piores quando Rebecca descobriu que Alice é minha noiva e está grávida.

— Vou acompanhar o caso, Rebecca não será uma mulher livre, nem fodendo.

Os dois olharam para Alice que finalmente acordou, ela olhou em volta, ainda com um olhar muito cansado.

— A bela adormecida despertou. — diz Gabriel.

Alice revirou os olhos, mas também sorriu, os homens perceberam que ela parecia procurar por alguma coisa na sala.

— Você está bem Alice?

— Onde está?

— O quê?

Alice parecia um pouco mais desperta e olhava loucamente para os lados.

— Alice, você está bem? — perguntou Gabriel.

A mulher finalmente olhou para ele, e disse seriamente:

— Sonhei que uma galinha gritava comigo.

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