Não demorou muito para chegar ao hospital, a pequena viagem de carro não ajudou muito a mulher a se acalmar, ela esperava que seu pai não percebesse que ela estava nervosa. Alice saiu do carro enquanto Gabriel iria esperar ali, ele estava organizando algumas pastas no seu celular, Alice foi até a recepção e pediu para ver seu pai e já estava na hora de visitas, mas Alice ficou confusa quando foi recusada a entrar no quarto para ver seu pai.
Isso nunca havia acontecido antes, ela sempre tinha permissão para ver seu pai, começou a ficar receosa que algo havia acontecido com ele, mas a mulher da recepção disse que ele estava dormindo, isso não fazia sentido, ela não podia visitá-lo porque ele estava dormindo? — Senhora, preciso que fique calma. — diz a mulher da recepção, Alice faz uma careta. — Eu não vou me acalmar até saber o motivo de não poder ver meu pai, sei que ele está bem agora, mas câncer é algo que não dá para controlar, ela pode morrer e eu nem estarei ao seu lado. A mulher da recepção não tenta falar consigo novamente, na verdade, ela pega o telefone e liga para alguém, o que diabos estava acontecendo hoje? Não demorou para outra mulher chegar, ela parecia quase como uma Barbie na vida real, os cabelos loiros e olhos azuis, mas ela usava um terno bem formal e chique. — Olá, meu nome é Sofia, deve me conhecer porque trabalhei no hospital diamante cor-de-rosa, fui transferida para cá para ajudar o hospital, sou tipo uma gerente, mas futuramente posso ser a dona. Alice apenas revirou os olhos, ela não queria saber sobre os cargos da mulher e seus planos futuros, claramente Sofia tinha um ar de arrogância e deboche. — Quero ver meu pai, mas estou sendo impedida, e quero saber o porquê. — Me falaram sobre isso, Alice Marques, né? e seu pai é Eduardo Marques, enfim, fui eu que dei a ordem que você não poderia vê-lo. — E, porquê? — Você tem uma dívida enorme com esse hospital, e parece aumentar cada vez mais, sinto muito, mas não posso deixá-la ver seu pai até pagar tudo. — Você não pode fazer isso! — Claro que posso, não quero que você acabe fugindo com ele e deixando um grande prejuízo no hospital. — Eu jamais faria isso. — Não tenho garantias, conheço seu tipo. — Meu tipo? A mulher olhou de cima para baixo para ela com um olhar meio enojado, Alice não sabia se Sofia estava falando sobre o fato dela ser pobre ou negra. — Você deve mais de dez mil para esse hospital. — Da última vez que verifiquei, não era tudo isso, sei que esse hospital é caro, mas meu pai tem plano de saúde, devo pelo menos três mil. — Aumentei o dinheiro, seu pai recebeu do bom e do melhor, nada mais justo que vocês pagaram a mais. — Isso é ilegal. — Boa sorte para conseguir um advogado. — Algum problema aqui? — pergunta uma voz. Alice então viu Gabriel, ele deve ter percebido pela janela do carro a pequena briga que estava acontecendo entre ela e Sofia, a outra mulher parecia surpresa pelo CEO está ali, mas logo abriu um largo sorriso, seu olhar debochado e arrogante mudou para algo mais sensual. — Senhor Gabriel, é tão bom ver o senhor por aqui, está passando mal? Precisa de assistência médica? — Estou muito bem, gostaria de saber o motivo de toda essa discussão. — Essa garota não quer pagar as dívidas do hospital, então não posso deixá-la ver o pai, imagina se eles fogem? Essas pessoas sem dinheiro fazem loucuras. — Você aumentou a dívida, isso é ilegal! — Ah! Cala a boca macaca, e volta para seu país! Um silêncio aconteceu após a fala da mulher, Alice ficou sem palavras, ela realmente nunca sofreu racismo antes, provavelmente por ser rica ninguém nunca falou nada assim para ela, Alice saiu de seus pensamentos quando Gabriel ficou ao seu lado e passou o braço em volta de sua cintura e ela ficou sem saber como reagir, mas prestou atenção no olhar dele, o homem tinha uma expressão séria, mas dava para perceber como estava irritado. — Você acabou de ser racista com minha noiva? — pergunta Gabriel. Alice ficou confusa, mas não disse nada, ela percebeu como Sofia ficou completamente pálida. — Agora, escute aqui, foi apenas um engano. — SEGURANÇA! Sofia ficou sem reação, logo um dos seguranças se aproximou e Gabriel logo contou a situação, o segurança acabou confessando que não era primeira vez, Sofia já foi racista com outras pessoas, além de homofóbica com casais homossexuais que já passaram por ali, o dono do hospital sabia o que estava acontecendo, mas não fez nada por Sofia ter muito dinheiro e fazer um "bom trabalho" como gerente. O dono do hospital precisou ser chamado, esse homem tinha praticamente a mesma idade do pai de Alice. — Posso ajudar? Senhor Gabriel, faz tempo que a gente não se fala. — Não tenho tempo para conversas fúteis, acabei de descobrir que sua gerente foi preconceituosa com várias pessoas e você não fez nada sobre isso. — Isso são apenas boatos. — Ela foi racista com minha noiva, na minha frente, se você não se importa, então não vou doar mais para esse hospital. O dono olhou furioso para Sofia, a mulher estava calada e muito envergonhada. — Ela será demitida. — A dívida da minha noiva com esse hospital acabou, agora ela vai conversar com o pai, e acho melhor ir embora senhorita Sofia, antes que eu pense em prestar uma queixa. Sofia foi embora praticamente correndo, o dono do hospital se desculpou mais uma vez e rapidamente decidiu sair da presença de Gabriel. — Ela fez muitas coisas ruins, não seria mais fácil prestar queixa? — Ela tem dinheiro, agora me diga como uma ex-milionária, se você fosse presa, o que faria? — Usaria meu dinheiro para me tirar da cadeia, e caso precisasse contrataria os melhores advogados. — Exato, a ficha dela provavelmente está suja, vamos apenas deixar a vida continuar, talvez em algum momento ela pague por tudo que fez. — Tudo bem, vou falar com meu pai. — Vou esperar aqui. Alice então saiu e foi em direção ao quarto de seu pai, iria falar que a dívida foi paga, graças aos seus esforços, não poderia falar a verdade, muito menos o que havia acontecido ali.Se passaram alguns dias, Alice iria tranquilamente visitar seu pai no hospital e não precisa se preocupar com dívidas, apesar que não sabia o que pensar, Gabriel não precisava pagar tudo assim, ela iria ganhar dinheiro justamente para acabar com aquilo, mas o homem não mudou de ideia. Mesmo após ter feito a "gravidez artificial" Alice não sentiu nenhum sintoma de gravidez, mas Letícia disse que é normal assim no começo, Alice ficou curiosa de como a mulher sabia disso, e aparentemente Letícia era médica antes de largar o emprego e decidir trabalhar na empresa da família.Quando Alice desceu para o café da manhã, apenas Gabriel e Roberto estavam lá, sempre discutindo alguma coisa, haver com a empresa, Alice começou a comer tranquilamente algumas frutas, e decidiu beber chá também, acabou se agarrando aquela bebida, o problema, é que assim que sentiu o cheiro de chá, uma ânsia de vômito lhe atingiu.— Eu já disse para demiti-la. — diz Gabriel.— Rebecca é uma ótima secretária, sincerame
(Primeiro mês)Os enjoos continuavam, Alice acordava de manhã cedo e acabava vomitando, alguns odores também provocavam sua ânsia de vômito, o chá, infelizmente, além de certas frutas e comidas com cheiros fortes. Por sorte, Alice não se importava com o cheiro de perfume, Letícia usava perfumes com um cheiro muito doce, mas Alice não sentiu nada.O que Alice realmente não gostava muito, era a sonolência, ela estava o tempo todo, cansada, e estava quase sempre dormindo, acordando apenas para comer ou vomitar, Gabriel não era um profissional que sabia tudo sobre gravidez, então no começo pensou que aquela sonolência toda era um problema, por sorte, Letícia tinha conhecimento.— Tem certeza? Isso não é normal! — diz Gabriel olhando para sua irmã, Letícia tinha uma expressão calma e até entediada no rosto.— Sim, isso é normal, além do mais que vocês estão sempre indo à clínica para fazer exames de rotina, e deu algum problema?— Não, mas pensei que esse cansaço todo só iria aparecer quan
(Segundo mês)Alice comia seu almoço feliz, ela iria visitar Yasmin no trabalho hoje, aparentemente a amiga não estava tão ocupada e queria vê-la, além do mais que ela parecia ter algumas novidades para contar e isso deixou Alice um pouco ansiosa. Gabriel estava com ela na mesa, ele não precisou ir à empresa hoje, mas as coisas estavam um pouco complicadas porque ainda não conseguiram encontrar uma secretária, mas Alice acabou descobrindo que Rebecca foi presa por conta das acusações contra ela, aparentemente a mulher não tinha nenhum transtorno mental, apenas uma obsessão doentia por Gabriel.Após finalmente terminar de comer, Alice mandou uma rápida mensagem para Yasmin dizendo que estava saindo de casa.— Vou sair agora. — diz Alice, Gabriel parecia também ter terminado sua comida.— Tudo bem, levo você.— O quê? e o motorista?— Está com virose, ele avisou isso no último momento por isso não tenho um substituto.— Tá! Tudo bem, você não precisa me levar.— Você sabe dirigir?— Eu
(Terceiro mês)A mansão parecia sombria, enquanto Gabriel estava na sala fazendo algumas anotações em seu notebook, Alice estava em seu quarto, Gabriel às vezes podia ouvir a televisão ligada em alguma série, mas era terrível ver Alice deprimida, ela era como o sol, e agora perdeu todo o seu brilho. Gabriel suspirou, ele não sabia o que fazer, a única notícia boa é que finalmente foi contratada uma nova secretária, e desse jeito uma boa parte dos problemas de Gabriel foi resolvida.O homem deixou seu notebook de lado, não estava conseguindo pensar direito, quando foi que ele começou a sentir tanta preocupação com Alice? Isso não poderia continuar.— Gabriel…— Fabiano? O que foi?— Eu só vim trazer informações sobre a nova secretária.— Se ela foi contratada, deve ser boa, não preciso disso.— Que bicho mordeu você?Gabriel não respondeu, apenas revirou os olhos, ele não sabia lidar com aquela preocupação, o que diabos ele poderia fazer? O homem saiu de seus pensamentos quando Fabiano
(Quarto mês)Alice realmente não havia percebido, até que Gabriel falou sobre isso, mas ela tinha barriga, uma linda e pequena barriga de grávida, a mulher achou engraçado ver o CEO praticamente babando e falando com sua barriga, era uma cena adorável. Ela se sentiu estranha, como um calor no peito, e Alice ficou um pouco apreensiva, a última vez que teve esse tipo de sentimento, foi quando se apaixonou, ela não podia se apaixonar por Gabriel, aquilo tudo é por causa do contrato.Alice queria tirar sua mente daqueles pensamentos, mas não ajudou muito o fato de Gabriel chamá-la para o shopping para eles fazerem compras para o bebê.— Achei tantas roupas bonitas, mas a maioria é rosa ou azul, fica difícil.— Verdade, como não temos certeza do gênero ainda, precisamos comprar roupas com cores neutras, acho amarelo lindo, vermelho, branco e até verde.— Preto.— Definitivamente não.Gabriel acabou rindo pela cara que Alice fez, a mulher piscou os olhos de maneira confusa, não tinha certez
(Quinto mês)Alice se admirou um pouco no espelho, seu vestido era longo, quase chegando aos seus pés, e tinha um tom suave de rosa, o chá de revelação iria acontecer, o bebê já estava bem formado e conseguiram fazer o exame de gênero e a mulher tinha que admitir que estava ansiosa. As pessoas iriam vir vestidas de rosa ou azul, claro que não estavam exatamente torcendo por algum gênero específico, era mais como uma aposta amigável.Além de se admirar com o vestido, Alice também se focou em sua barriga, que já estava bem grandinha, e o bebê finalmente começou a dar alguns movimentos, quando Gabriel estava livre de suas tarefas da empresa, ele gostava de se sentar ao lado de Alice e ficar sentindo os movimentos do bebê, é como se o pequeno pudesse sentir a presença de seu pai.— Está pronta?Alice se virou para Gabriel, ele usava uma roupa casual azul.— Sim, todos já chegaram?— Você falando assim, até parece que vem muita gente.— Sei que é algo pequeno e com poucas pessoas, mas atra
(Sexto mês)Alice sorriu quando Gabriel abriu a porta do carro para ela, agora sua barriga estava bem grande e ficando pesada e isso realmente não ajudava com suas costas, mas sua gravidez estava se passando calmante e sem estresse, ela gostava dos momentos que passava com Gabriel que praticamente ficava babando em sua barriga conversando com Gabriella, Alice também gostava de passar momentos com Yasmin e Letícia, todos pareciam animados para a bebê chegar, mas ainda faltavam alguns meses.Alice sentia que estava se aproximando bastante daquela família, Fabiano era um pouco anti-social, mas ele e a mulher tinham um grande gosto por livros e ficavam sempre conversando sobre as obras literárias. Roberto havia apresentado sua noiva, seu nome é Vitória, às duas se deram muito bem.A mulher suspirou, porque ela continuava se aproximando daquela família? Tudo iria acabar quando Gabriella chegasse, isso iria magoar principalmente ela, Alice decidiu não pensar naquilo por enquanto, Gabriel a
(Sétimo mês)Gabriel suspirou quando chegou em casa, além do trabalho árduo, ele vivia preocupado por conta da situação da Rebecca, ninguém tem certeza exatamente de como a mulher fugiu, mas Roberto contratou um detetive particular, e pelo que parece, alguém ajudou Rebecca a fugir. Até agora não teve muitas notícias, ela continuava foragida e a polícia não tinha ideia de onde ela estava.Roberto acabou contratando mais seguranças, enquanto Letícia dizia que seria melhor eles se mudarem para um lugar mais seguro, mas Rebecca nem sequer sabia onde moravam, ela estava sendo procurada por muitas pessoas, não iria simplesmente invadir ali para machucar Alice, sua própria namorada, apesar de não gostar dessa situação, se sentia segura na mansão.— Alice?Gabriel ficou confuso quando viu a mulher quase cochilando no sofá, estava realmente tarde, já iria dar meia-noite.— Gabriel, você chegou.— Querida, estava me esperando? Já está muito tarde, você deveria estar dormindo, esse sofá não vai