O próximo passo seria uma ilha distante e desconhecida. Diziam que ali habitava uma antiga feiticeira, cruel e sedenta de poder. Ela possuía um dos artefatos o que fazia com que sua magia fosse muito mais poderosa que o normal.O Trôgon partiu com o despontar do primeiro raio de sol, aproveitando a brisa e o tempo perfeito. Carregado para quinze dias de mar, esperavam que no caminho pudessem encontrar outras ilhas para trocar mercadorias e assim reabastecer sem riscos. Os mares eram desconhecidos e imprevisíveis e nem sempre tudo corria como o esperado, mas os marinheiros e seu capitão eram experientes e estavam preparados para tudo.Apesar de Azura sentir que algo não se encaixava na história de Heitor, ela o seguia, cada dia aprendendo mais os truques do oceano e se familiarizando com a marinhagem e a tripulação. Era já considerada parte importante da equipe e todos respeitavam suas habilidades. Por vezes deleitava os marinheiros com uma bela dança, ao som do bardo Helder. Esses mom
Heitor foi pego totalmente de surpresa e Euriacos ao seu lado não conseguia emitir um som sequer. Azura estava espantada, pois esperava algum tipo de monstro, cruel, feio e asqueroso, mas estava diante de uma mulher elegante, de olhar vivido e inteligente, nem um pouco incomodada com a atitude tola dos homens ali presentes. Demorou alguns segundos para Heitor se recompor e dirigir-lhe a palavra. — Perdoe nossa intromissão. Devo admitir que esperava a presença de algo muito diferente do que os meus olhos veem agora. — Permita-me oferecer-lhes um lugar a minha mesa. Quanta descortesia a minha, uma anfitriã que não se apresenta aos convidados. Eu sou Calíope, essa é minha jovem aprendiz Circe. A feiticeira apontou para a criança que os encarava com olhar altivo e ameaçador, ao lado dela. Com um breve aceno de cabeça aos recém chegados ela retomou as suas atividades, carregando para o interior da caverna uma pilha de livros de aparência gasta. Com um gesto amplo das mãos, Calíope fez
Essa conversa breve com a jovem prisioneira, atraiu a atenção da feiticeira, que largou os homens comendo a lavagem porca, ludibriados pelo encanto lançado, crentes que saboreavam um delicioso banquete, em um aconchegante recinto. Azura não tentava nem imaginar o que eles estavam bebendo, parecia um liquido pegajoso e grosso.Calíope aproximou-se, suas escamas reluzentes tilintando como metal e suas patas rastejantes de lagarto caminhando vagarosamente na direção da cigana amarrada como um animal em uma armadilha.— Então temos aqui uma nova bela visitante.Sua voz era doce como o mel, e soava como a canção de um rouxinol. Azura sentiu um leve torpor tomando conta do seu corpo. Possivelmente até mesmo falando, Calíope conseguia enfeitiçar as suas vítimas.“Concentre-se! Não preste atenção as palavras dela. Agarre-se a uma lembrança boa e fixe-a na mente.”A cigana ouviu a voz de Circe ecoando em sua cabeça. Olhando para ela viu que ela fazia um tremendo esforço para se comunicar com e
O processo de recuperação de Euriacos foi acelerado graças aos cuidados e as magias de cura que Circe aplicava. Azura evitava questionar o que acontecera antes de chegarem a ilha. A própria Circe sentia a desconfiança da cigana e por isso uma noite resolveu contar-lhe como viera parar ali e porque se tornara prisioneira. Ela crescera no seio de ninfas, sendo ela mesma filha de uma ninfa. Porem o fato de ser filha de um deus caído a transformara em uma pária diante das divindades dominantes. Em sua tentativa de fuga, ela acabou atraída pela grande presença magica naquela ilha. O resultado foi ser capturada pela feiticeira Calíope, mas nunca ser ter sido de fato enfeitiçada. Sua ascendência lhe garantia imunidade total ao encantamento e acima de tudo impossibilitava que a própria feiticeira a matasse. Em pouco tempo então ela já entendia a base do poder da feiticeira, mas também era incapaz de matá-la, precisava de outros meios para isso. Os marinheiros que por ventura ancoravam ali,
O povo nômade de Khan Shamur era considerado um povo livre e independente, mesmo devendo alguns “favores” ao Reinado. Tinham a liberdade de se moverem para onde bem entendiam, desde que não interferissem no governo local e não causassem confusões em demasia. O povo de Khan era liderado por Samul Zatter, um homem dedicado a família, sábio e forte. Sua esposa Emília Erin era considerada a mulher mais bela entre os nômades e também a pérola do Reinado, cobiçada pelo próprio rei Álvar, o mesmo que juntou todos os povos que lutavam para dominar as terras de Alderon em um único, causando obviamente, a revolta de alguns clãs, mas foi considerado um ato de sabedoria e heroísmo pela maioria, pois foi graças a isso que conseguiram defender Alderon dos bárbaros chegando em grandes números nos seus poderosos navios de batalha, vindos do além mar desconhecido. O que poucos sabem, inclusive Emília, foi o terrível duelo travado por Samul e o próprio rei em prol de quem ficaria com ela. Sam
Salazar era um bom cavalo, estava habituado a longas e loucas cavalgadas, que Azura procurava sempre buscar o máximo de velocidade que ele poderia dar. Ele conhecia a maioria dos caminhos que ela gostava de fazer e por vezes se guiava sozinho dependendo do estado de humor da garota. Mas o que ele não entendia era o batimento acelerado e o caminho totalmente diferente e perigosamente longo que ela fazia. Foi forçado a correr e saltar por entre touceiras espinhosas e cheias de carrapichos grudentos, terrenos pedregosos e irregulares e riachos de águas geladas. Estava exausto ao final do dia, seu pelo negro sem brilho, arrepiado, sujo e suado quando pararam em um assentamento de caçadores para descansar.Apesar de Azura seguir um caminho em linha reta na medida do possível, Salazar tinha certeza que ela não sabia pra onde ir. Ouviu a garota conversar com os caçadores sobre a cidade mais próxima que era a quilôm
A noite a taberna se transformava no antro de diversão que ela sempre gostou e estava acostumada a lidar. Os aventureiros cansados que vinham de outras regiões, buscavam na cerveja, hidromel e nas canções do bardo ali presente, o merecido sossego e a alegria da jogatina. A nômade se sentia em casa, mas não deixou de sentir uma certa saudade da antiga caravana e dos rostos conhecidos dos vilarejos visitados. sentada em uma das mesas no meio da taverna, a chegada de um grupo barulhento chamou sua atenção. Dois homens de aparência peculiar, cabelos longos e ondulados amarrados para trás, usando um aro fino e dourado prendendo os cabelos. Eles eram altos e corados de sol, o corpo musculoso e definido, narizes aquilinos e rosto quadrado. Os olhos castanho-claros, brilhavam sob as grossas sobrancelhas. As roupas eram bem peculiares, diferentes de tudo que Azura já havia visto. Um único tecido de um azul vibr
Os pássaros da manhã acordando Azura mais cedo do que fantasiado, com uma cigana assustada ou fato de no ter acordado com a barriga virando a cabeça doendo. A verdade é que ainda não há certeza de que estará sonhando ou que o que vai acontecer na noite anterior não tenha sido real. Chegou a descobrir que talvez você não tenha bebido ou o suficiente. O guerreiro helênico espera no salão, e não fez nenhum comentário sobre o que será entre vocês dois. Heitor apresentou para seu companheiro de viagem. - Aqui é Climenides, enviado pelo nosso governador para investigar a pompa de