A subida por entre os montes depois do porto poderia ser descrita como agradável. Todo aquele fluxo de uma cultura nova e diferente era hipnotizante para a cigana. O cheiro das oliveiras era presente e do alto ela podia ver plantações gigantescas de uma planta que crescia em parreiras por uma larga extensão de terra. Homens e mulheres com chapéus largos feitos de palha, cuidavam da terra e se ocupavam da colheita. Azura viu se tratar de uma extensa plantação de uvas, algo que não era comum de se ver nas terras de onde ela vinha. Já se embriagara com vinho, mas a fruta era algo completamente novo para ela, além disso em sua terra também existiam varias outras formas de fazer vinho, inclusive com frutas que ali já eram mais comuns, como a maçã.Enquanto subiam, Euriacos, tagarelava feliz, por estar em casa, esperando que depois de se reunirem com seu rei poderia dar uma passada em seu lar e rever sua esposa, afinal estavam longe de casa a dois meses. Ele sabia que a missão iria durar mu
Apesar de ser uma tripulante considerada, Azura ainda não estava completamente inteirada da missão em si. Esse era o assunto que ela queria ter com Heitor nos aposentos que o rei havia deixado para o descanso deles. Mas o capitão não estava muito para conversas. Deixando de lado sua túnica ele se apresentou a ela como havia vindo ao mundo, tomando- a nos braços sem dar tempo para que a cigana se esquivasse. Entre os beijos ardentes, o minoico a segurava firmemente pelos cabelos, desabotoando com uma das mãos o corpete de couro, alisando com as mãos fortes o corpo macio da cigana.Azura nunca havia provado tanta intensidade. O capitão estava ávido e ela mesma não conseguia se segurar. Com certeza a conversa sobre o trabalho poderia esperar até o dia seguinte.Esse foi de fato, o primeiro assunto que Azura quis tratar com Heitor após o desjejum. Ela notou claramente que o capitão tentava se esquivar do assunto. Ela o pressionou.— Como posso ajuda-lo se não me contar qual é de fato a mi
Suja de lama e com a sua fina túnica em farrapos, Sareena sentiu, olhares diferentes a vigiando das sombras. Ela havia caminhado por horas, ignorando o cansaço, a fome e a sede que sentia. De subido, um silvo agudo a avisou do ataque iminente, em um instante desviou a cabeça para o lado, olhando o vulto veloz da flecha que passou zunindo e cravou -se na arvore atras de si. Ela não via seus agressores, mas conseguia determinar a localização de cada um. Ela podia senti-los através da densa sombra que os escondia. Concentrando a sua energia, ela conduziu a sua aura através das sombras e sentindo uma intensa fisgada na barriga ela se moveu numa velocidade incrível, dentro da própria escuridão. Isso surpreendeu seus agressores, que não esperavam que ela tivesse os localizado.— Não vim para lutar. – Ela olhou para seus agressores. Eram mesmo os elfos. Mas eles eram completamente diferentes do que ela havia imaginado e também divergiam totalmente das descrições que o povo local havia passad
O próximo passo seria uma ilha distante e desconhecida. Diziam que ali habitava uma antiga feiticeira, cruel e sedenta de poder. Ela possuía um dos artefatos o que fazia com que sua magia fosse muito mais poderosa que o normal.O Trôgon partiu com o despontar do primeiro raio de sol, aproveitando a brisa e o tempo perfeito. Carregado para quinze dias de mar, esperavam que no caminho pudessem encontrar outras ilhas para trocar mercadorias e assim reabastecer sem riscos. Os mares eram desconhecidos e imprevisíveis e nem sempre tudo corria como o esperado, mas os marinheiros e seu capitão eram experientes e estavam preparados para tudo.Apesar de Azura sentir que algo não se encaixava na história de Heitor, ela o seguia, cada dia aprendendo mais os truques do oceano e se familiarizando com a marinhagem e a tripulação. Era já considerada parte importante da equipe e todos respeitavam suas habilidades. Por vezes deleitava os marinheiros com uma bela dança, ao som do bardo Helder. Esses mom
Heitor foi pego totalmente de surpresa e Euriacos ao seu lado não conseguia emitir um som sequer. Azura estava espantada, pois esperava algum tipo de monstro, cruel, feio e asqueroso, mas estava diante de uma mulher elegante, de olhar vivido e inteligente, nem um pouco incomodada com a atitude tola dos homens ali presentes. Demorou alguns segundos para Heitor se recompor e dirigir-lhe a palavra. — Perdoe nossa intromissão. Devo admitir que esperava a presença de algo muito diferente do que os meus olhos veem agora. — Permita-me oferecer-lhes um lugar a minha mesa. Quanta descortesia a minha, uma anfitriã que não se apresenta aos convidados. Eu sou Calíope, essa é minha jovem aprendiz Circe. A feiticeira apontou para a criança que os encarava com olhar altivo e ameaçador, ao lado dela. Com um breve aceno de cabeça aos recém chegados ela retomou as suas atividades, carregando para o interior da caverna uma pilha de livros de aparência gasta. Com um gesto amplo das mãos, Calíope fez
Essa conversa breve com a jovem prisioneira, atraiu a atenção da feiticeira, que largou os homens comendo a lavagem porca, ludibriados pelo encanto lançado, crentes que saboreavam um delicioso banquete, em um aconchegante recinto. Azura não tentava nem imaginar o que eles estavam bebendo, parecia um liquido pegajoso e grosso.Calíope aproximou-se, suas escamas reluzentes tilintando como metal e suas patas rastejantes de lagarto caminhando vagarosamente na direção da cigana amarrada como um animal em uma armadilha.— Então temos aqui uma nova bela visitante.Sua voz era doce como o mel, e soava como a canção de um rouxinol. Azura sentiu um leve torpor tomando conta do seu corpo. Possivelmente até mesmo falando, Calíope conseguia enfeitiçar as suas vítimas.“Concentre-se! Não preste atenção as palavras dela. Agarre-se a uma lembrança boa e fixe-a na mente.”A cigana ouviu a voz de Circe ecoando em sua cabeça. Olhando para ela viu que ela fazia um tremendo esforço para se comunicar com e
O processo de recuperação de Euriacos foi acelerado graças aos cuidados e as magias de cura que Circe aplicava. Azura evitava questionar o que acontecera antes de chegarem a ilha. A própria Circe sentia a desconfiança da cigana e por isso uma noite resolveu contar-lhe como viera parar ali e porque se tornara prisioneira. Ela crescera no seio de ninfas, sendo ela mesma filha de uma ninfa. Porem o fato de ser filha de um deus caído a transformara em uma pária diante das divindades dominantes. Em sua tentativa de fuga, ela acabou atraída pela grande presença magica naquela ilha. O resultado foi ser capturada pela feiticeira Calíope, mas nunca ser ter sido de fato enfeitiçada. Sua ascendência lhe garantia imunidade total ao encantamento e acima de tudo impossibilitava que a própria feiticeira a matasse. Em pouco tempo então ela já entendia a base do poder da feiticeira, mas também era incapaz de matá-la, precisava de outros meios para isso. Os marinheiros que por ventura ancoravam ali,
O povo nômade de Khan Shamur era considerado um povo livre e independente, mesmo devendo alguns “favores” ao Reinado. Tinham a liberdade de se moverem para onde bem entendiam, desde que não interferissem no governo local e não causassem confusões em demasia. O povo de Khan era liderado por Samul Zatter, um homem dedicado a família, sábio e forte. Sua esposa Emília Erin era considerada a mulher mais bela entre os nômades e também a pérola do Reinado, cobiçada pelo próprio rei Álvar, o mesmo que juntou todos os povos que lutavam para dominar as terras de Alderon em um único, causando obviamente, a revolta de alguns clãs, mas foi considerado um ato de sabedoria e heroísmo pela maioria, pois foi graças a isso que conseguiram defender Alderon dos bárbaros chegando em grandes números nos seus poderosos navios de batalha, vindos do além mar desconhecido. O que poucos sabem, inclusive Emília, foi o terrível duelo travado por Samul e o próprio rei em prol de quem ficaria com ela. Sam