— Preciso de toalhas de papel — falou e atravessou a soleira.Abanei-me, já queria dar para ele de novo, mesmo ciente do certo a se fazer.— Vem cá! — disse, assim que apontou na porta e a única coisa que fiz foi encarar, piscando, seu pau em ponto de espada, livre da camisinha. — Boquete: item três da lista. — Abre as pernas, linda.Tapei o rosto morrendo de vergonha.— Sério? — ele gargalhou enquanto se incumbia da tarefa. — Há minutos não vi a senhorita corar quando pedi o mesmo.— Não tinha nada a ver com o fato de estar me limpando, David.Pelo amor de Deus, eu posso fazer isso, é um pouco constrangedor.— Se estivéssemos em outro lugar, daria um banho em você e, claro, foderia você no chuveiro. — Arfei com a promessa, me colocando novamente no meio do cabo de guerra. — Vamos sair daqui, infelizmente agora é arriscado, está um pouco tarde.Levantei-me decidida e esperei que ele descartasse as tolhas de papel numa lixeira p
Digamos que acordar foi algo quase que impossível, minha mãe me chamou três vezes, abriu as janelas — coisa que odiava —, os passarinhos cantaram, assim como as buzinas dos carros. O homem do pão gritou: “pão fresquinho, freguesia” com sua bicicleta, mas nada foi suficiente para me tirar da cama, parecia estar pregada. Não tinha energia, um sentimento de tristeza se apossou de mim. Cogitei não ir ao trabalho, só um dia, talvez uma desculpa como um resfriado fortíssimo convencesse o Orion de que eu pudesse contaminar todo o andar.— Aurora, tenho cliente cedo, tenho que ir para o salão — dona Ana esbravejou, retornando pela quarta vez ao meu quarto. — Filha, o que houve?Olhei para ela e senti uma vontade de chorar.— Aurora, fale comigo, estou preocupada. Ela se sentou na beirada da cama.— Estou cansada, mãe — menti, bem
— Aurora, só sei que tenho que finalizar essas planilhas no Excel para o Orion enviar para o David Queen, que ficará em home office hoje — ela explicou, com um sorrisinho zombeteiro que passei a odiar.— Ele não vem hoje?— Não, Aurora.— Sabe por quê? — perguntei só para saber mesmo. Vai que estivesse doente, ou… sei lá, uma virose. Coisa do tipo.— Provavelmente esteja muito cansado da noite… Arremessei três das minhas canetas nela e revirei os olhos. Raica realmente estava irritante.(...)- David QueenParei em meio à calçada e apoiei as mãos nos joelhos, quando o aplicativo apitou marcando meu tempo e quantos quilômetros havia percorrido naquela manhã, alcancei 15 km, era o bastante. Atravessei para comprar uma garrafa de água no bar da frente. Peguei uma banqueta do próprio lugar e fiquei por ali mesmo, enquanto o senhor dono do local finalizava a abertura das p
Ok, eu permiti.Ok, sou um filho da puta por isso. Contudo, nunca menti.Além do que a Ellen guardava meus segredos obscuros, covardes. Não me julgou quando devia ter julgado, ficou do meu lado quando eu merecia desprezo. Portanto, tinha que libertá-la desse círculo vicioso que nos colocamos.Ela merecia mais.— Quem é ela?— Não há ninguém.— Mentira, conheço você, distante e sem sexo. São os alarmes de que tem alguma vagabunda na vez, aí depois que você se farta com o novo, volta para quem? A Ellen!— Ellen, não tem ninguém, estou falando sobre nós. Porque a desculpa sempre é outra?— Sempre é assim, David. Quer que eu comece a lista?— Porra, não consigo dar o que quer. Qual parte você não entendeu? — gritei ferindo o meu autocontrole.Ela não disfarçou a surpresa com o tom, visto que nunca fui tão agressivo com ela. — Desculpe, não queria gritar com você. — Não entendia o porquê estava tão irritado se tivemos
No dia seguinte David também não apareceu na WUC, assim como nos outros três dias que restaram para completar a semana. Tudo era reportado por e-mail e, mesmo distante, era visível que seus olhos se mantiveram ligados. Orion não sabia o que fazer para agradar os pontos da campanha que o CMO não aprovava. Em contrapartida, sua ausência aliviou a pressão da sua presença, os momentos inesquecíveis do escritório eram frescos, ou melhor, eram tão vivos no meu peito quanto entre minhas pernas, provavelmente meu sistema entraria em colapso se a cada passo que desse tivesse sua estrutura atraente a me rondar.Ainda sentia o gosto da sua boca, assim como seu toque na minha pele.David avisou um pouco antes de tomar-me para si que se eu ficasse nunca mais seu nome sairia da minha cabeça, e ele não estava errado.— Sextooooouuu, Aurora. — Raica surgiu de repente, enquanto eu aguardava o elevador. — O que a senhora pretende fazer hoje?— Nada de novo. — Entramos quan
— Ellen, não! — Segurei seus punhos ao ouvir o barulho do elevador explodir no andar, parecia um sinal que devia parar aquilo, não queria ferir seus sentimentos, então estava disposto a seguir com o que achava certo, só que ela sabia ser vistosa com suas carícias. E não sou o tipo grosseiro e impetuoso, mesmo estando no meu limite.Tudo começou no jantar que sugeri para retomarmos o que iniciamos no meu closet, em público Ellen me pouparia de um desgaste, tudo correu melhor do que esperava, ela fingiu entender e aceitar, até que, por motivos fúteis, paramos para pegar documentos que, segundo ela, eram importantes.— Sei que quer…— Vem, levanta, alguém pode aparecer.— Qual é David, quantas vezes te chupei num expediente de trabalho?— Sério que tudo que falamos há minutos atrás no restaurante evaporou da sua cabeça?— David, não vou perder você. — Partiu para o outro extremo. — O que você precisa? Me fale!— Para, Ellen, você não é a
A mulher que me deu à luz conseguia ser extremamente irritante quando queria. Durante o café da manhã, a detetive Ana insistiu em reunir pistas, segundo ela havia acontecido algo muito sério, digno de um apocalipse para eu perder a fome e não me importar com o fato de ela comer dois dos meus chocolates preciosos. Embora achasse um absurdo todo o exagero, também buscava uma desculpa para me esquivar naquela manhã.Devo admitir, com um pesar doloroso, que quase presenciar Ellen pagando um boquete para David me golpeou. Ele confessou seu envolvimento com a executiva, bem como seu modo, momentos de viver, mas ver a olho nu tamanha intimidade mexeu comigo mais que devia, talvez se tivesse me excitado com a cena, me sentiria melhor. Não foi o caso. Fora o castigo que recebi pela curiosidade aflorada, o confronto na praça entregou a ele todas as minhas fraquezas. Só faltou eu escrever na testa o quanto me senti traída, mesmo não tendo direito algum a tal sentimento.Virei um
— O que você acha do Lucca?— Você disse que não gosta de branquelo. Ela revirou os olhos, divertida.— Estou revendo meus conceitos. — Rimos. — Fala, Aurora, o que acha dele?— Ele é um cara legal, foi a primeira pessoa que conheci na WUC.— Ela abraçou o próprio corpo e me olhou com certa dúvida. — Tá rolando algo entre vocês? — Quis saber, pois Raica parecia indecisa e as carícias dos dois na sala deram a entender que sim.— Ah, Aurora, ele tá de chamego com a preta aqui, mas não sei.— Então curte. — Olha quem estava aconselhando a irmã mais velha, a pessoa mais encrencada do universo. Aff! — Ou você não gosta de pegar sem compromisso?Ela uniu as sobrancelhas.— Sou moderna, Aurora, se eu quiser rola sem neuras depois — falou com uma segurança digna de inveja. — Só não tenho certeza se quero, estou confusa, difícil, fazer charminho deixa mais excitante.— Hahahaha! Charminho, tá bom! Não foi você quem disse ser mode