Charles já estava envolvido numa briga feroz com o homem, e não havia tempo para Olívia se importar com o título que ele usara ao referir-se a ela. Os dois lutavam com fúria, trocando golpes pesados que cortavam o ar. Os três capangas restantes logo se juntaram à luta, suas facas apontadas diretamente para os pontos vitais de Charles.Aquela noite, sem dúvida, seria marcada por uma batalha cruel, onde vida e morte estavam em jogo e não havia qualquer chance de recuo.— Charles! Cuidado atrás de você! — Gritou Olívia com a voz rouca, seu corpo banhado em suor frio, vendo o homem cercado pelos inimigos.Ela sabia que Charles ainda não havia se recuperado completamente. Lutar contra Tristão já era difícil, com mais três adversários, a situação tornava-se praticamente impossível. Além disso, Tristão atacava com uma violência extrema, seus golpes todos mirando diretamente para matar.Ao ouvir o grito de Olívia, Charles pareceu ser tomado por uma força irresistível. Sem sequer olhar para tr
Vilma estava ali, frágil, seu corpo bloqueando o caminho, com os braços abertos que logo caíram, sem forças. Em seguida, ela despencou como se sua alma tivesse deixado o corpo, caindo lentamente no chão.Charles e Breno ficaram paralisados de choque.Olívia segurou Vilma em seus braços e sentiu algo quente e úmido na palma da mão. Tremendo, levantou-a e viu sangue, e, no mesmo instante, as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.— Vilma! Você...— Srta. Olívia... Me escute... — A voz de Vilma era fraca, seus lábios se moviam com dificuldade, e sua pele estava pálida como cera.— Não fale! Não desperdice suas forças! Eu vou te levar ao hospital agora! — Olívia, chorando, tentou levantar o corpo de Vilma, mas estava exausta. Toda a energia que tinha havia sido gasta na luta anterior, e agora ela mal conseguia mover-se. — Eu vou estancar o sangue... Vou estancar o sangue!Vilma balançou a cabeça lentamente. — Não adianta... Não há mais tempo... Eu sei do segredo de Tânia... Tânia...
Olívia e Breno foram levados pelos homens da família Bastos, enquanto a polícia prendeu todos os capangas.O chão estava coberto de sangue, uma verdadeira cena de caos e desolação.Charles, porém, permaneceu ali, firme e inabalável, segurando a arma em sua mão. Sua habilidade no combate era impressionante, derrotar aqueles criminosos havia sido fácil, nem mesmo seu penteado tinha se desfeito. Ainda assim, ele sentia-se mais exausto do que nas batalhas mais intensas que enfrentara no passado.— Presidente Charles. — Vasco se aproximou com dois policiais ao seu lado, lançando um olhar para a arma nas mãos de Charles, com um semblante grave. — Venha conosco para prestar depoimento.— Ei, o que vocês querem dizer com isso? — Dante se colocou rapidamente entre Charles e os policiais, seu rosto ruborizado de indignação. — O Presidente Charles tirou essa arma das mãos do assassino! Vocês não acham que foi ele quem atirou, né? Se não fosse por ele, a Srta. Olívia já estaria...— Já chega, Dant
— Arthur... Dessa vez, o estrago que eu causei, as dívidas que acumulei... Vou passar a vida inteira tentando pagar e ainda assim não vai ser o suficiente. — Murmurou Olívia, fechando os olhos de dor, chorando incontrolavelmente nos braços do irmão.Não era a primeira vez que viam a irmã chorar. Desde criança, Olívia nunca economizou em lágrimas. Para os outros, ela era a general destemida, a rainha orgulhosa e imponente. Mas só os irmãos sabiam que, por trás de toda essa força, ela era apenas uma garota comum, que também precisava ser cuidada e era tão frágil quanto qualquer outra.Mas desta vez era diferente. Eles sentiam que o impacto em Olívia tinha sido muito maior. Talvez levasse muito tempo até que ela conseguisse se libertar da dor que estava sentindo.No caminho até o hospital, Pietro e Arthur já tinham entendido o que havia acontecido. Breno estava gravemente ferido, mas ao menos tinha sobrevivido, e havia chances de recuperação.Por outro lado, Vilma, a garota corajosa que a
— Por que você veio aqui essa noite? — Perguntou Olívia, com as longas pestanas ainda úmidas de lágrimas.— Foi a Vilma. Ela me encontrou hoje à tarde em Vila dos Lagos e me contou sobre o encontro de vocês essa noite. — Charles respondeu sem hesitar. — Eu fiquei preocupado com você, então resolvi vir te ver.Pelo que acabara de acontecer, ele estava certo em se preocupar.Olívia se lembrou das últimas palavras de Vilma antes de perder a consciência, revelando um segredo aterrador em seu ouvido. Seu corpo todo ficou tenso, e ela começou a tremer ainda mais.Deveria contar a Charles?Ela tocou o bolso de sua blusa, onde o celular de Vilma, já quebrado e desligado, estava guardado.Charles franziu ligeiramente as sobrancelhas e, sem dizer nada, tirou o paletó e o colocou sobre os ombros dela, cobrindo delicadamente seu corpo trêmulo.Olívia não resistiu. Seu olhar estava vazio, e sua mente focada apenas em Vilma e Breno. O resto... Não tinha forças para se importar no momento.— Aquele h
Outras pessoas se aproximaram, todas com os olhos fixos no médico, aguardando ansiosamente.— A bala perfurou órgãos vitais, e o paciente perdeu muito sangue... Na verdade, quando chegou aqui, já não apresentava sinais vitais. — O médico suspirou com pesar e balançou a cabeça. — Srta. Olívia, sinto muito. Fizemos o possível...“Fizemos o possível.” Olívia, sendo médica também, sabia o quão cruel essa frase poderia ser.Os membros da família Bastos baixaram a cabeça em lamento, e Arthur tirou o chapéu militar em respeito a Vilma.Embora soubessem, desde o momento em que entraram no hospital, que a situação era grave, ouvir a confirmação dessa tragédia foi como uma facada no coração.A única que não conseguia aceitar a realidade era Olívia.— Não pode ser... Como assim... Vilma era tão forte... Como pode… — Olívia agarrou o braço do médico e o sacudiu com violência, fazendo perguntas roucas e descontroladas, mergulhada em uma dor insuportável.— Vivia, você precisa se acalmar, acalme-se!
Para Breno, para Vilma... Para todos que foram vítimas das atrocidades de Tânia!...No fim do corredor, ao lado da janela.Era madrugada e Charles, sem sinal de sono, estava à beira da janela, os olhos vermelhos de tanto vigiar o que estava do lado de fora. Ele havia ligado imediatamente para Benjamin, pedindo que ele viesse o mais rápido possível.Benjamin havia colocado Samara para dormir em casa, deixando Stéphanie cuidando dela, e então dirigiu-se rapidamente até Charles.— Chad, pode ficar tranquilo, já falei com o pessoal do tráfico. — Benjamin, com um cigarro pendendo dos lábios, lembrou-se de que estava no hospital e o guardou irritado. — Na frente, temos a polícia atrás dele, e aquele desgraçado não vai se mostrar. Por trás, com uma palavra minha, quem no submundo ousaria desrespeitar? Ele está sem saída, até mesmo para fugir clandestinamente seria impossível. Meu pessoal vai vasculhar Yexnard três vezes ao dia em busca dele. Aquele desgraçado está acabado!— Valeu, irmão. —
Tânia e Chica estavam em estado de pânico ao saberem das mortes no tiroteio, dos ferimentos de Olívia e Breno, e do novo mandado de prisão para Tristão. O medo e a frustração eram evidentes em seus rostos, como se o mundo estivesse desmoronando ao redor delas.— Mãe, mãe... O que vamos fazer agora? — Chica perguntou, desesperada.Um estalo agudo ecoou pelo ambiente.Tânia, com os olhos inflamados de raiva, deixou o ódio dominar suas ações. Ela ergueu o braço e deu um tapa brutal no rosto suado de Chica, que caiu de lado, esbarrando na mesa de café e se machucando, incapaz de se levantar. A força que Tânia demonstrou era incomum para alguém que normalmente não fazia nada além de coisas leves e delicadas. Quando se enfurecia, parecia ter uma força sobrenatural.O rosto de Chica ficou inchado, parecendo um pão que havia inchado. Ela se cobriu com as mãos e chorava descontroladamente, mas seu olhar, através dos cabelos emaranhados, era cheio de ressentimento.— Você é uma inútil, que só f