Vilma andava de um lado para o outro no jardim dos fundos, inquieta. Era a primeira vez em sua vida que fazia algo assim, e não era surpresa que estivesse nervosa — sua coragem nunca fora das melhores.Ela entrou na mansão, ainda tensa, quando, de repente, seu coração quase parou. Charles, que não aparecia havia um tempo, estava entrando pela porta!— Sr. Charles... Sr. Charles! — Vilma correu até ele, o rosto pálido e coberto de suor, bloqueando seu caminho.Ela trabalhava como empregada naquela casa há anos e nunca tivera a ousadia de falar diretamente com ele. Não sabia de onde veio a coragem para fazer aquilo agora.Charles franziu levemente as sobrancelhas.— O que foi?— Eu... Eu... O senhor... — Vilma odiou a si mesma por gaguejar justo naquele momento crucial.— Fale devagar. — Charles a olhou com uma paciência que não parecia típica dele, mas que havia ganhado desde que Olívia começara a suavizar seu jeito duro. Ele estava muito mais acessível do que antes.Vilma mordeu o lábi
Charles voltou ao escritório e, enquanto esperava Dante chegar, sua mente não parava de repassar as palavras da empregada. De pé, à frente da janela, ele tragava um cigarro, com o olhar perdido e os pensamentos a mil.Então, ela estava em contato com a Olívia em segredo? E não era de hoje?“Por quê? Olívia, o que você está planejando? Por que você sempre me deixa tão inquieto?”O som de uma batida à porta o tirou dos pensamentos. Ele deu permissão para entrar, puxando uma longa tragada e batendo levemente a cinza do cigarro com seus dedos longos e calejados.Dante entrou apressado, fechando a porta atrás de si. Caminhou até Charles e, sem dizer palavra, entregou-lhe um pequeno pedaço de papel.— Presidente Charles, este é o endereço que Vilma pediu para lhe entregar. Hoje à noite, ela vai se encontrar com a Srta. Olívia aqui.O coração de Charles apertou. Seus dedos, que seguravam o cigarro, tremiam levemente. Ele pegou o papel, deu uma olhada rápida e, em questão de segundos, já havia
Chica ergueu uma sobrancelha, com um ar despreocupado, e perguntou lentamente:— Minha mãe quer que ela desapareça... ou que desapareça para sempre?— A senhora quis dizer que é para acabar com o problema de uma vez por todas. — Respondeu Tristão, sem qualquer expressão.— Que mão pesada, hein... — Comentou ela, com um sorriso de canto.— Se a senhora não fosse assim, você não teria a vida de princesa que leva hoje, cheia de regalias e mimos.— Hmpf, mesmo que minha mãe não fizesse nada, minha vida continuaria a mesma, sem mudanças. — Retrucou Chica, claramente irritada.Pelo retrovisor, Tristão lançou um olhar de leve escárnio.— Tem certeza disso, Srta. Chica?Chica fez uma careta de desagrado. Ela odiava ser subestimada. Para ela, todas as maquinações e estratégias de Tânia eram necessárias por conta de sua própria posição na época. Como amante, Tânia nunca seria aceita publicamente. Mas ela era diferente. Independentemente do que acontecesse, ela continuaria a ser a filha legítima
Antes que as palavras pudessem se dissipar no ar, uma sequência de passos pesados e ameaçadores já ecoava à frente deles.Breno sentiu o alarme soar em sua mente. Num movimento rápido, ele se posicionou à frente de Olívia e Vilma, cerrando os punhos. Os músculos sob o terno imediatamente se retesaram, prontos para a ação.Vilma, quase paralisada de medo, estava em estado de choque. Já Olívia, com toda a sua experiência e frieza, manteve-se firme, os olhos brilhando com determinação. Ela apertou ainda mais a jovem em seus braços, protegendo-a. Três homens de preto estavam diante deles, e o que liderava o grupo era ninguém menos que Tristão.Olívia, acostumada aos perigos da vida, precisou de apenas um olhar para perceber que aquele homem à sua frente não seria fácil de lidar.— Quem são vocês? — Breno rosnou, com a mandíbula trincada.Tristão inclinou a cabeça ligeiramente, tentando enxergar Olívia por detrás de Breno. Sua voz saiu calma, quase desinteressada:— Você é Olívia, né?— Eu
Nesse exato momento, o celular na mão de Charles vibrou com a chamada de um número desconhecido. Ele se lembrou de que, mais cedo, havia instruído Dante a contatar Vilma em segredo, e, para garantir a comunicação, tinha dado a ela seu número pessoal.Aquele telefone, em particular, nunca recebia chamadas de números estranhos. Só podia ser Vilma.O mau pressentimento que já o atormentava se intensificou. Ele atendeu rapidamente.— Alô?— Presidente Charles! Salve a Srta. Olívia... Por favor, salve a Srta. Olívia! Nós... Ah!Um grito agudo ecoou pela linha, e a ligação foi interrompida abruptamente.O ar fugiu dos pulmões de Charles. Ele encarou o visor escurecido do celular, enquanto seu coração parecia querer arrebentar seu peito.Olívia... Olívia!Com o suor escorrendo pela testa, ele começou a correr em direção ao parque, enquanto, com a outra mão, discava para Dante.— Olívia está em perigo. Mande reforços agora!...No meio da escuridão, o som da luta feroz se espalhava pelo ar. B
— Srta. Olívia! — Gritou Vilma, o rosto pálido de terror, os olhos fechados de pavor.Olívia foi tomada por um medo esmagador. Suas pupilas dilataram violentamente, e o coração quase parou. Por um instante, parecia que todas as suas sensações haviam se apagado, enquanto uma série de imagens passava diante de seus olhos como um filme. Cada cena trazia Charles à sua mente.Ela lembrou-se do primeiro encontro, há treze anos, que a deixou sem fôlego, das batalhas lado a lado no campo de guerra do País L, do casamento, do divórcio, e de como se apoiaram mutuamente em meio a desastres.Olívia respirou fundo e, de repente, lágrimas escorreram por seu rosto. Diziam que, no momento da morte, a verdadeira face de alguém se revelava. Então, por que, nos últimos segundos, ela só conseguia pensar em Charles? Será que ainda o amava ou simplesmente o odiava tanto?De repente, um vento cortante passou ao lado de sua cabeça, fazendo seus ouvidos vibrarem. Mas, no segundo seguinte, a morte não veio.Tri
Charles já estava envolvido numa briga feroz com o homem, e não havia tempo para Olívia se importar com o título que ele usara ao referir-se a ela. Os dois lutavam com fúria, trocando golpes pesados que cortavam o ar. Os três capangas restantes logo se juntaram à luta, suas facas apontadas diretamente para os pontos vitais de Charles.Aquela noite, sem dúvida, seria marcada por uma batalha cruel, onde vida e morte estavam em jogo e não havia qualquer chance de recuo.— Charles! Cuidado atrás de você! — Gritou Olívia com a voz rouca, seu corpo banhado em suor frio, vendo o homem cercado pelos inimigos.Ela sabia que Charles ainda não havia se recuperado completamente. Lutar contra Tristão já era difícil, com mais três adversários, a situação tornava-se praticamente impossível. Além disso, Tristão atacava com uma violência extrema, seus golpes todos mirando diretamente para matar.Ao ouvir o grito de Olívia, Charles pareceu ser tomado por uma força irresistível. Sem sequer olhar para tr
Vilma estava ali, frágil, seu corpo bloqueando o caminho, com os braços abertos que logo caíram, sem forças. Em seguida, ela despencou como se sua alma tivesse deixado o corpo, caindo lentamente no chão.Charles e Breno ficaram paralisados de choque.Olívia segurou Vilma em seus braços e sentiu algo quente e úmido na palma da mão. Tremendo, levantou-a e viu sangue, e, no mesmo instante, as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.— Vilma! Você...— Srta. Olívia... Me escute... — A voz de Vilma era fraca, seus lábios se moviam com dificuldade, e sua pele estava pálida como cera.— Não fale! Não desperdice suas forças! Eu vou te levar ao hospital agora! — Olívia, chorando, tentou levantar o corpo de Vilma, mas estava exausta. Toda a energia que tinha havia sido gasta na luta anterior, e agora ela mal conseguia mover-se. — Eu vou estancar o sangue... Vou estancar o sangue!Vilma balançou a cabeça lentamente. — Não adianta... Não há mais tempo... Eu sei do segredo de Tânia... Tânia...