— O senhor, como jornalista, deveria saber que a verdade é o princípio básico da sua profissão. Fazer acusações sem provas, difamar a Olívia com insinuações maldosas e ainda tentar criar intrigas... Será que não é você quem está aqui a mando do culpado para causar confusão? A voz de Yasmin, firme e incisiva, cortou o ar como uma lâmina. Aquela menina aparentemente frágil e delicada, com uma postura tão destemida e palavras afiadas, deixou todos ao redor boquiabertos. O repórter, que parecia tão confiante segundos antes, deu um passo para trás, acuado, e logo se escondeu entre a multidão, como uma tartaruga encolhendo a cabeça. — Yasmin... — Dante sussurrou, olhando para ela com os olhos arregalados, a expressão de pura surpresa. Ele não conseguia desviar o olhar daquele rosto decidido, e seu coração parecia bater fora de ritmo. Ele deveria ser o mais calmo e racional naquele momento, mas, por alguma razão, sentia-se incapaz de voltar a si. Yasmin respirou fundo, sua voz clara e
— Irmão!! Os olhos de Gael brilharam com uma mistura de esperança e desespero quando viu Jair entrar na sala. Ele parecia alguém prestes a despencar de um penhasco, mas que, no último segundo, encontrava uma corda para se agarrar. Separados por uma longa mesa, Gael tentou avançar mancando em sua direção, mas os policiais que o vigiavam foram rápidos em segurá-lo pelos ombros, forçando-o de volta à cadeira. Claramente, não confiavam que ele manteria a compostura. Do outro lado da mesa, Jair permanecia sentado. Ainda assim, seu corpo ligeiramente inclinado para trás, o olhar desconfiado e a curva de desprezo em seus lábios deixavam evidente o quanto ele desprezava o irmão. Para Jair, o conceito de "família" sempre foi algo supérfluo. Quando eram crianças, ele via Gael apenas como um companheiro de brincadeiras. Quando cresceram, o irmão mais novo se tornou uma ferramenta útil, um idiota manipulável que ele usava para seus próprios interesses. Jair o protegeu várias vezes, ajudou
Gael finalmente havia sido derrotado. Apesar de Olívia e Charles serem herdeiros de famílias poderosas e extremamente capazes, a vida não era um conto de fadas. Com o Grupo Moura, uma verdadeira fortaleza de influência, tentando atrapalhar a todo custo, livrar-se de Tábata e Gael não foi tarefa fácil. Foram necessários meses de paciência, estratégia e esforço. Mas o resultado compensou. Cada gota de suor valeu a pena. Naquela noite, o casal estava exultante. Em clima de comemoração, deram folga para Bianca e decidiram preparar juntos o jantar. — Ai, Sr. Charles, Sra. Marques, vocês vivem me dando folga e ainda me pagam tão bem! Assim eu fico até sem graça, sabia? Parece que tô ganhando dinheiro à toa! — Bianca comentou, encostada na porta da cozinha, enquanto via Charles, com a maior naturalidade, ajudar Olívia a cortar os ingredientes. A felicidade dela transbordava. O sorriso no rosto era impossível de conter. — Olha só que coisa, Sr. Charles! Que destreza com a faca! Que
— Um homem de terno? — O rosto delicado de Yasmin ficou paralisado por um momento. — Isso mesmo! Agora que você falou, lembrei! Eu sabia que o sujeito não me era estranho! É aquele moleque que apareceu aqui da última vez com um casal jovem e tomou umas boas bordoadas minhas! É ele! Todo esquisito, com jeitinho de quem não presta! Antes mesmo que ela terminasse a frase, algo apertou forte no peito de Yasmin. Sem pensar duas vezes, ela largou tudo, nem se deu ao trabalho de trocar os chinelos e disparou porta afora. …Dante, parado na calçada, olhava para o celular na mão. Por várias vezes considerou ligar para Yasmin, mas a coragem nunca vinha. Suspirou fundo, sentindo o peso da frustração. Ele sabia que aquela noite não seria diferente. A insegurança venceu mais uma vez. Com o coração apertado, Dante deu meia-volta, decidido a ir embora. Porém, antes que pudesse dar o primeiro passo, uma voz suave, cristalina e doce perfurou o silêncio e atingiu direto o seu peito: — Dante!
A verdade é que, na frente da Samara, o Benjamin parecia perder toda a pose. Se pudesse, ele até ajudaria a garota a segurar o penico. — Hah! Eu sei que isso é inveja. — Charles jogou de volta, sem se abalar com a provocação. — Escuta aqui, faz o seguinte hoje à noite pra dar uma apimentada com a Olívia. — Benjamin deu uma leve cotovelada no amigo, um sorriso malicioso surgindo no canto da boca. — Vai só com o avental e nada mais. Você tá todo definido, musculoso... Cara, eu aposto que ela vai ficar tão fora de si que vai te implorar pra não sair de cima dela. Charles sentiu o rosto esquentar, um rubor inesperado subindo até as orelhas. Com a voz rouca e grave, soltou um curto e direto: — Vai pro inferno! Na sala, o clima era outro: pura descontração e harmonia. — Mana, isso é pra você. — Samara, com as bochechas levemente rosadas, entregou um ramalhete de lírios perfumados para Hebe. Seus olhos brilhavam de admiração enquanto ela completava. — Você e a Olívia são minhas in
Pietro chegou apressado, e não era pela comida. Seu objetivo era outro: discutir algo importante. Vasco, embora tivesse uma aparência rude e um jeito despojado, era atento aos detalhes. Antes de vir, fez questão de passar quase duas horas na fila para comprar os cupcakes favoritos de Olívia e Hebe. Sabia exatamente o que agradava as irmãs mais novas. O que ele não esperava era encontrar Samara ali. Se soubesse que ela estaria presente, teria comprado mais uma porção. Agora, olhando para os doces, sentia que havia cometido uma gafe, como se estivesse favorecendo umas e deixando outra de lado. — Uau! Esse cupcake com o tema de panda é novo? Que coisa mais fofa! Hebe, que era apaixonada por doces, não resistiu. Pegou um sem pensar duas vezes e, em uma mordida generosa, devorou metade. Era engraçado. Quando jantava com Breno, ela sempre mantinha um ar educado e contido, quase como uma dama. Mas bastava aparecer algo que realmente a encantasse para revelar seu lado mais espontâneo
— Charles, você ainda tem apetite para comer? Se eu fosse você, não conseguiria engolir nem um grão de arroz. — Pietro virou o copo de água gelada de uma vez só e o colocou com força sobre a mesa. — O caso da Tânia vai a julgamento na próxima sexta-feira.Ao ouvirem o nome de Tânia, que há tempos não era mencionado, os rostos à mesa ficaram sombrios.— Eu sei. Estou contando os dias. — Charles ergueu levemente as sobrancelhas, mas sua voz saiu tensa e rouca, como se lutasse para conter a dor que parecia uma lâmina cega cortando lentamente seu coração. — Não há um único dia em que eu esqueça como minha mãe morreu. E não há um único dia em que eu não pense em fazer justiça por ela e por todas as vidas inocentes que a Tânia destruiu.Olívia, sentindo o coração disparar, deslizou a mão quente por baixo da mesa, entrelaçando os dedos com os de Charles, que tremiam.Como se tivesse agarrado o último raio de luz em meio à escuridão, Charles apertou os dedos dela com força, olhando profundamen
Jennifer Collins olhou para o acordo de divórcio que estava pronto sobre a mesa, com o nome do homem assinado.Ela ergueu os olhos em direção à janela, em seus olhos castanhos brilhantes de lágrimas, a figura alta e imponente de Charles Marques parecia divina sob o sol da tarde. Ele era frio, arrogante, solitário e dominante, até mesmo sua figura de costas era tão indiferente.- Eu já assinei, assine logo também. Antes de Rafa voltar, quero que passemos por todo o processo de divórcio. - Charles cruzou os braços atrás das costas e não olhou para trás. - Como fizemos um acordo pré-nupcial, a divisão de bens não é um problema. Mas, como compensação, darei a você vinte milhões, além de uma mansão em Bairro do Girassol. Afinal, não seria bom para minha reputação deixar você sem nada perante meu vovô.Jennifer sentiu como se tivesse sido atingida por um raio, seu coração afundou:- Vovô... Ele sabe que você quer se divorciar de mim?- E daí se ele sabe? Isso afeta minha decisão? - Respondeu