Ao sair da penitenciária, Benjamin manteve Samara firmemente em seus braços. A presença dele a envolvia, quente e protetora, mas, mesmo assim, ela tremia levemente contra o peito do homem. — Amor... — Benjamin umedeceu os lábios, hesitante. Queria dizer algo para confortá-la, mas nenhuma frase parecia apropriada. Não poderia soltar um “da próxima vez” ou, pior, “meus pêsames”, não é? — Benjamin. — Samara abaixou a cabeça, os olhos vermelhos e úmidos, com lágrimas ainda presas aos cílios. — Obrigada... Obrigada por me deixar vê-la pela última vez. Foi suficiente, realmente foi suficiente... Eu não vou mais te pedir nada. — Amor! Que conversa é essa? — Benjamin perdeu a calma, descendo de repente sobre um joelho diante dela. Suas grandes mãos envolveram as pequenas e frias mãos de Samara, enquanto seus olhos ansiosos buscavam os dela, molhados e tristes. — Como assim você não vai me pedir mais nada? O que você quer que eu faça, então? Sem você, por que eu lutaria por poder? Para qu
Desde que Tânia foi condenada à morte e humilhada publicamente por Felipe no tribunal, Chica sentiu que o pouco de status que ainda tinha na família havia desmoronado. A última gota de afeição que seu pai guardava por ela, um reflexo distante da infância, também havia se quebrado. Sempre dependente de Tânia, Chica vivia como um parasita, alimentando-se do dinheiro que não era dela. Para ela, dinheiro nunca teve valor real, era apenas algo que se gastava sem pensar. Mas agora, com Tânia fora de cena, ela sentia o impacto. Todos os bens de Tânia haviam sido confiscados pelas autoridades, e a maior parte do dinheiro que Chica guardava estava em nome da mãe. De um dia para o outro, ela voltou à estaca zero. Restavam apenas duas propriedades particulares que Felipe havia dado a ela, dois carros de luxo e três milhões de reais que ainda estavam em sua conta. Só isso. Para alguém como Chica, acostumada a gastar como se o mundo fosse acabar, essa situação era insuportável. A escassez d
Chica ouviu aquelas palavras e, com os olhos girando cheios de desespero, se levantou do chão cambaleando. — Você... Você vai voltar? Quando? Vai voltar para se vingar do Benjamin? Dalila respondeu rangendo os dentes, o ódio evidente em sua voz: — Ele me fez passar pelo inferno, acha que eu vou deixar barato? Desde que ele me humilhou naquele evento, na frente de Olívia, Charles e toda a alta sociedade de Yexnard, me dando três tapas na cara, não existe mais nada entre nós. Não somos irmãos... Somos inimigos! — Isso mesmo! O Benjamin foi longe demais! Ele nem casou com Samara ainda, e já virou as costas para a própria irmã e até renegou a mãe! Se os dois realmente terminarem juntos, você e sua mãe não terão mais espaço para respirar! — Chica fungou, tentando conter as lágrimas, enquanto usava cada palavra para jogar lenha na fogueira e envenenar o ódio de Dalila. Dalila, porém, soltou uma risada fria, desmascarando-a sem dó: — Não se faça de boazinha, Chica. Você só quer qu
Charles não pôde deixar de se sentir tocado. Com uma mão firme, deu dois tapinhas no ombro do amigo. — Arranje um tempo e traga a Samara lá pra casa. Peço para a Vivia conversar com ela, dar um pouco de conforto. Ela sempre escuta a Vivia. Além disso, andei aprendendo umas receitas novas. Vocês dois vêm, aproveitam a companhia dela e ainda provam minha comida. Benjamin sacudiu os ombros largos, claramente desconfiado. — Você está me convidando para jantar ou quer que eu e Samara sirvamos de cobaias? Já não basta você me fazer sofrer, quer arrastar a Samara junto? Isso não pesa na sua consciência, não? — Não é só pra isso. Quero que você veja como eu cuido da Vivia. — Charles respondeu, com um sorriso tranquilo, mas firme. — Se você aprender, sua relação com a Samara só vai ficar melhor. Amar alguém de verdade não é só passar tempo com ela. É também fazer coisas que você nunca fez antes, aprender tudo o que for necessário por ela. É se dedicar, se reinventar. Enquanto dizia is
— Como eu não aceitaria? — Respondeu Charles, com um leve sorriso nos lábios. — Estar com você e fazer algo pelo bem do vovô? Para mim, não importa onde seja. — Eu só... Me sinto tão culpada... — Murmurou Olívia, abraçando o pescoço do homem e escondendo o rosto em seu ombro largo. Sua voz saiu abafada, suave, carregada de tristeza. — Caio me disse que o vovô já não se sentia bem há algum tempo, mas eu não percebi nada. Na última vez, no cemitério, ele ainda fez questão de se levantar da cadeira de rodas, mesmo sem forças... Só de lembrar, eu me sinto péssima. Como pude ser tão descuidada? — Não se culpe, Vivia. Você já faz mais do que o suficiente. — Charles respondeu com ternura, tentando confortá-la. — Daqui pra frente, vamos apenas prestar mais atenção. O vovô não gostaria que você ficasse com esse peso na consciência. Se ele soubesse disso, provavelmente fugiria de você. Um leve sorriso surgiu em seu rosto, mas, no fundo, Charles não pôde evitar uma reflexão silenciosa. As d
A notícia, sem dúvida, era motivo de alívio e satisfação, mas o ambiente ficou mergulhado em um silêncio pesado. Olívia fez uma pausa antes de continuar, sua voz soando calma e controlada: — Vasco me contou que, antes da execução, Tânia ficou tão aterrorizada que perdeu completamente o juízo. Ela teve um colapso, perdeu o controle da bexiga e nem conseguia andar. Precisaram arrastá-la até o local da execução. Foi uma cena... Libertadora. Os lábios de Charles se moveram sutilmente, sua voz saindo rouca e sombria: — Foi por injeção letal ou fuzilamento? — Injeção. — Olívia respondeu, seus olhos encontrando os dele, profundos e sombrios. Um sorriso leve curvou seus lábios rosados. — Uma bala seria rápida demais, quase um alívio para ela. Tânia recebeu a injeção e ainda agonizou por dez minutos antes que seu coração finalmente parasse. Ela morreu amarrada a uma cadeira, com o corpo rígido e o rosto completamente desfigurado pela dor. Esses dez minutos, ainda que curtos, não são s
De repente, a mão firme de Charles segurou a cintura delicada de Olívia e a puxou para o calor de seu peito com um movimento decidido. — Ah... — Um suspiro suave escapou dos lábios de Olívia, enquanto seu corpo amolecia, rendido ao toque dele. Antes que pudesse dizer algo, os lábios de Charles tomaram os dela em um beijo profundo, carregado de desejo e carinho. Seus olhos encontraram os dela por um instante, transbordando de emoção, antes de fechar-se e mergulhar no momento, completamente alheio à presença de Haroldo. O velho e Caio, por outro lado, assistiam à cena com sorrisos estampados nos rostos. Haroldo parecia mais animado do que nunca, quase rejuvenescido. Ele, que sempre vira o neto como um jovem frio, distante e difícil de lidar, lembrava-se das vezes em que quase o levou a um psiquiatra para "ajustar" aquele temperamento espinhoso. Mas agora, ali estava ele: apaixonado, carinhoso, completamente transformado... Tudo graças a Olívia. — Não... O vovô está aqui! — Protes
Como poderia não ter relação? Ele era o neto legítimo de Haroldo, mas, nos últimos vinte anos, tudo o que Charles herdara de Felipe era a frieza cortante. Ele achava que estava mudando para melhor, mas agora percebia que sua dedicação não chegava nem perto de um décimo da devoção que o avô tinha pela avó. — De agora em diante... Isso nunca mais vai acontecer. — Charles murmurou, depois de um longo silêncio, a voz baixa e trêmula. Olívia levantou a mão com delicadeza e colocou o dedo sobre os lábios dele, sorrindo suavemente: — É isso mesmo. Nunca mais. …O casal passou uma noite harmoniosa ao lado de Haroldo. Após o jantar, Caio trouxe os fogos de artifício que havia comprado. Haroldo, sentado em sua cadeira de rodas, observava com um sorriso sereno enquanto Charles e Olívia acendiam os fogos a uma certa distância. As cores brilhavam no céu, refletindo nos rostos alegres dos dois. Logo, os jovens pegaram as varinhas de faíscas e começaram a desenhar círculos no ar, rindo como