— Como eu não aceitaria? — Respondeu Charles, com um leve sorriso nos lábios. — Estar com você e fazer algo pelo bem do vovô? Para mim, não importa onde seja. — Eu só... Me sinto tão culpada... — Murmurou Olívia, abraçando o pescoço do homem e escondendo o rosto em seu ombro largo. Sua voz saiu abafada, suave, carregada de tristeza. — Caio me disse que o vovô já não se sentia bem há algum tempo, mas eu não percebi nada. Na última vez, no cemitério, ele ainda fez questão de se levantar da cadeira de rodas, mesmo sem forças... Só de lembrar, eu me sinto péssima. Como pude ser tão descuidada? — Não se culpe, Vivia. Você já faz mais do que o suficiente. — Charles respondeu com ternura, tentando confortá-la. — Daqui pra frente, vamos apenas prestar mais atenção. O vovô não gostaria que você ficasse com esse peso na consciência. Se ele soubesse disso, provavelmente fugiria de você. Um leve sorriso surgiu em seu rosto, mas, no fundo, Charles não pôde evitar uma reflexão silenciosa. As d
A notícia, sem dúvida, era motivo de alívio e satisfação, mas o ambiente ficou mergulhado em um silêncio pesado. Olívia fez uma pausa antes de continuar, sua voz soando calma e controlada: — Vasco me contou que, antes da execução, Tânia ficou tão aterrorizada que perdeu completamente o juízo. Ela teve um colapso, perdeu o controle da bexiga e nem conseguia andar. Precisaram arrastá-la até o local da execução. Foi uma cena... Libertadora. Os lábios de Charles se moveram sutilmente, sua voz saindo rouca e sombria: — Foi por injeção letal ou fuzilamento? — Injeção. — Olívia respondeu, seus olhos encontrando os dele, profundos e sombrios. Um sorriso leve curvou seus lábios rosados. — Uma bala seria rápida demais, quase um alívio para ela. Tânia recebeu a injeção e ainda agonizou por dez minutos antes que seu coração finalmente parasse. Ela morreu amarrada a uma cadeira, com o corpo rígido e o rosto completamente desfigurado pela dor. Esses dez minutos, ainda que curtos, não são s
De repente, a mão firme de Charles segurou a cintura delicada de Olívia e a puxou para o calor de seu peito com um movimento decidido. — Ah... — Um suspiro suave escapou dos lábios de Olívia, enquanto seu corpo amolecia, rendido ao toque dele. Antes que pudesse dizer algo, os lábios de Charles tomaram os dela em um beijo profundo, carregado de desejo e carinho. Seus olhos encontraram os dela por um instante, transbordando de emoção, antes de fechar-se e mergulhar no momento, completamente alheio à presença de Haroldo. O velho e Caio, por outro lado, assistiam à cena com sorrisos estampados nos rostos. Haroldo parecia mais animado do que nunca, quase rejuvenescido. Ele, que sempre vira o neto como um jovem frio, distante e difícil de lidar, lembrava-se das vezes em que quase o levou a um psiquiatra para "ajustar" aquele temperamento espinhoso. Mas agora, ali estava ele: apaixonado, carinhoso, completamente transformado... Tudo graças a Olívia. — Não... O vovô está aqui! — Protes
Como poderia não ter relação? Ele era o neto legítimo de Haroldo, mas, nos últimos vinte anos, tudo o que Charles herdara de Felipe era a frieza cortante. Ele achava que estava mudando para melhor, mas agora percebia que sua dedicação não chegava nem perto de um décimo da devoção que o avô tinha pela avó. — De agora em diante... Isso nunca mais vai acontecer. — Charles murmurou, depois de um longo silêncio, a voz baixa e trêmula. Olívia levantou a mão com delicadeza e colocou o dedo sobre os lábios dele, sorrindo suavemente: — É isso mesmo. Nunca mais. …O casal passou uma noite harmoniosa ao lado de Haroldo. Após o jantar, Caio trouxe os fogos de artifício que havia comprado. Haroldo, sentado em sua cadeira de rodas, observava com um sorriso sereno enquanto Charles e Olívia acendiam os fogos a uma certa distância. As cores brilhavam no céu, refletindo nos rostos alegres dos dois. Logo, os jovens pegaram as varinhas de faíscas e começaram a desenhar círculos no ar, rindo como
Haroldo franziu a testa, preocupado. — Alonso... Os olhos de Alonso estavam tomados por uma tristeza profunda, enquanto um sorriso amargo surgia em seus lábios. — Desculpe, vovô. A culpa é minha. Não sirvo para ajudar o senhor ou o meu pai, não fui capaz de assumir minha responsabilidade no Grupo Marques e, para piorar, me tornei um inválido. Durante todos esses anos, só consigo pensar em uma coisa: como seria se eu não tivesse passado por aquele sequestro? E se tivesse sido eu a escapar das mãos dos sequestradores? Se eu tivesse sido um pouco mais egoísta... Será que tudo seria diferente? Haroldo sentiu uma onda de emoções conflitantes, mas tentou acalmá-lo com palavras gentis: — Alonso, não pense assim. Eu sei o quanto você sofreu todos esses anos e o quanto foi difícil para você. Aquilo foi um acidente, meu neto. Você é meu sangue, como eu poderia não me importar? Não importa se é você ou o Chad, eu amo os dois de coração. — Então o senhor ama mais a mim ou ao Chad? Aq
— Sr. Alonso, o senhor é meu fã? — Os longos cílios de Olívia tremularam ligeiramente, enquanto ela olhava para a tela com uma expressão curiosa. Que coisa mais inusitada. Mas o que mais lhe chamou atenção foi a expressão "por anos". Isso a deixou intrigada. Antes de sua identidade como "Alexa" ser revelada ao público, ela sempre fez questão de mantê-la em segredo. Mas, pelo que Alonso dizia, ele parecia saber de tudo muito antes. — Já ouvi muito sobre você. Sempre tive a sensação de que você é alguém familiar, quase como se estivesse ao meu lado. Existe algo em você que é tão vibrante, tão... Real. Nunca senti que éramos estranhos. — As palavras de Alonso eram diretas, e seu olhar permanecia calmo e límpido. — Haha... Jenny é realmente famosa! — Haroldo riu, com os olhos brilhando de orgulho. Ele segurou Olívia pela mão esquerda e Charles pela direita, unindo as mãos dos dois na frente de Alonso. — Chad, você tem que tratar a Jenny como uma rainha. Veja só como ela brilha, com
— E agora veja, no coração do seu avô, ainda há espaço para você? Cada palavra dele mostra o quanto ele desconfia de você, o quanto ele o teme. Enquanto eles, lá em Yexnard, desfrutam da alegria familiar, ninguém nunca pensou em como você sobreviveu a essas noites longas e dolorosas! Foi Charles quem roubou o que era seu. Tudo o que ele tem hoje... Deveria pertencer a você! Alonso pegou mais uma pílula, colocou-a na boca e mastigou calmamente. Com os olhos fechados, ele soltou uma risada baixa e murmurou: — Vovô, o senhor diz que Charles era apenas uma criança naquela época. Mas parece que se esqueceu de que, naquele ano, eu também não passava de uma criança. …Charles e Olívia queriam passar a noite com Haroldo, mas o velho foi irredutível. Não havia nada que pudesse fazê-lo mudar de ideia. — Vocês dois estão malucos? Um casal apaixonado, com toda uma vida pela frente, querem ficar grudados o tempo todo com um velho rabugento como eu? Vão embora! — Haroldo praticamente os empu
Ao chegar em casa, Charles recebeu uma ligação de Dante e foi diretamente ao escritório para resolver assuntos pendentes. — Sr. Charles, a questão da fundação está praticamente concluída. O senhor pode anunciar oficialmente quando achar melhor. A voz de Charles soava grave, com um leve tom de cansaço: — Certo. Bom trabalho. — Além disso, o senhor não estava planejando viajar para a Suíça com a Sra. Marques? A mansão ao pé dos Alpes já está pronta. A vista é espetacular, e vocês podem ir quando quiserem. — Dante falou com entusiasmo, claramente de bom humor. Desde que Tânia havia sido derrotada, ele passava os dias tão eufórico que parecia até sonhar acordado. No entanto, Charles permaneceu em silêncio por um longo momento. Sua mente estava distante, presa às lembranças da conversa que tivera com Alonso naquela noite. As palavras do irmão e, principalmente, a maneira como ele olhou para Olívia ainda ecoavam em sua cabeça. Um peso crescente apertava seu peito, e seus olhos pare