— Charles, você ainda tem apetite para comer? Se eu fosse você, não conseguiria engolir nem um grão de arroz. — Pietro virou o copo de água gelada de uma vez só e o colocou com força sobre a mesa. — O caso da Tânia vai a julgamento na próxima sexta-feira.Ao ouvirem o nome de Tânia, que há tempos não era mencionado, os rostos à mesa ficaram sombrios.— Eu sei. Estou contando os dias. — Charles ergueu levemente as sobrancelhas, mas sua voz saiu tensa e rouca, como se lutasse para conter a dor que parecia uma lâmina cega cortando lentamente seu coração. — Não há um único dia em que eu esqueça como minha mãe morreu. E não há um único dia em que eu não pense em fazer justiça por ela e por todas as vidas inocentes que a Tânia destruiu.Olívia, sentindo o coração disparar, deslizou a mão quente por baixo da mesa, entrelaçando os dedos com os de Charles, que tremiam.Como se tivesse agarrado o último raio de luz em meio à escuridão, Charles apertou os dedos dela com força, olhando profundamen
— Chad, eles não te entendem, mas eu entendo. — Olívia suspirou, pousando a palma quente e delicada sobre as costas da mão dele. — Se fosse comigo, eu também faria de tudo para cumprir o último desejo da minha mãe. Mas eu também sei o que sua mãe realmente queria. Ela só desejava que você tivesse força para se proteger, que se tornasse alguém forte. O caminho que você escolheu não foi um erro. Mesmo que você guarde rancor do seu pai, seu avô sempre te amou e te deu oportunidades que mudaram sua vida. Por ele, por tudo que você conquistou, seu esforço nunca foi em vão.— Vivia... Obrigado. — Charles segurou as lágrimas, mas sua voz carregava uma leve tremura ao chamá-la.— Não precisa agradecer. Eu só entendo você. — Olívia sorriu, e o brilho em seu rosto parecia iluminar toda a sala.— Agora que Tristão virou delator e está testemunhando contra a Tânia, acusando-a de contratar assassinos, além das provas de tráfico e posse de drogas, a sentença dela será longa. — Pietro estreitou as so
Naquele momento, os problemas pareciam se multiplicar.Mesmo que Tristão tivesse confessado tudo o que sabia, o fato de Mateo, uma peça-chave, ainda não ter sido capturado tornava impossível o plano de envolver Diogo no caso.Depois que os convidados foram embora, Bianca chegou para ajudar Charles e Olívia a arrumar a cozinha e a casa.— Chad, você pode arranjar um momento pra conversar com o Benjamin? — Olívia perguntou enquanto colocava os pratos na pia. Seu tom era levemente irritado, e os lábios formavam um pequeno bico. — Ele precisa parar de surtar toda vez que vê o Vasco. Por que ele tem que achar que todo homem bonito e solteiro é um inimigo? Eu tenho cinco irmãos solteiros, mas ele só encasqueta com o Vasco! Ele e a Samara nem casaram ainda, e ele já tá com essa coisa de possessividade doentia. Quando eles se casarem de verdade, o que vai ser? Vai trancar a Samara em casa? Vai vigiar ela pra não olhar pra nenhum outro homem? Meu Deus, será que ele vai acabar batendo na Samara?
Olívia ergueu lentamente os olhos, cheios de lágrimas prestes a transbordar.Charles apressou-se em enxugar o rosto dela, e ao vê-la chorar, sentiu seu coração se despedaçar.— Então... Isso quer dizer que a primeira pessoa por quem você se apaixonou fui eu? — Perguntou Olívia, insistindo, com um olhar determinado.O homem hesitou por um instante, escolhendo cuidadosamente as palavras.— Quer ouvir a verdade? — Disse ele, cauteloso.— Claro que sim. — Respondeu ela, sem pestanejar.— Não. — Respondeu Charles com firmeza.— Charles! Seu idiota! — Gritou Olívia, completamente furiosa, enquanto seus punhos pequenos desferiam socos fortes contra o peito dele. — Como eu não percebi antes que você era esse tipo de homem? Canalha! Vai embora! E deixa a Bianca comigo!Charles deixou que ela o golpeasse, sem sequer tentar se defender. Mesmo com a voz entrecortada pelos impactos dos socos, ele falou com seriedade:— Vivia, a pessoa que eu mais amo no mundo é você. A mulher que eu mais quero casa
O coração de Olívia ainda batia acelerado, mas ela tentou parecer tranquila ao perguntar:— E depois... Você nunca tentou procurar essa garota?— Eu nunca parei de procurá-la, mas eu nem sei o nome dela, nem como ela era. Não tinha por onde começar. — Charles riu de si mesmo, com um toque de amargura. — Eu dei a ela um apelido: anjinha. Representava esperança. E foi por causa dela que eu consegui sair vivo daquele campo de batalha. Ela era minha esperança.Os olhos de Olívia ficaram novamente marejados. Até aquele momento, não importava se ele sabia ou não que ela era sua anjinha. Só isso já era suficiente para ela....Depois de terminarem de arrumar a cozinha e a sala, o casal tomou banho juntos e vestiu pijamas combinando. Estavam prestes a subir para descansar quando Dante voltou para casa.— Dante, você chegou! Já jantou? Se não, eu posso esquentar algo pra você. — Disse Olívia, com um tom carinhoso.Ela parecia mais uma irmã atenciosa do que a dona da casa.— Eu... Não tô com fom
— A Sra. Marques se apaixonou por você... À primeira vista? — Dante arregalou os olhos, com sua curiosidade inflamando como uma chama viva.Charles, com o semblante sombrio, serviu-se de mais uma taça de vinho. Embora o aroma fosse rico e encorpado, o sabor em sua boca era apenas amargo, quase cortante.— Infelizmente, a vida não pode ser vivida duas vezes. Eu nunca poderei ser o primeiro a me apaixonar pela Vivia. Isso será o maior arrependimento da minha vida.E havia outro arrependimento, ainda maior: ele havia tirado de Olívia o que ela mais queria, o que ela mais valorizava — o direito de ser mãe. Ele a privara de algo único e precioso.Charles respirou fundo, como se o ar que entrasse em seus pulmões fosse feito de lâminas geladas.— Vou fazer de tudo para fazê-la feliz. Só não sei... Se serei capaz.Afinal, felicidade era algo abstrato. Só quem sentia podia dizer se estava satisfeito ou não.— Sr. Charles, o senhor é, sem dúvida, o homem mais devotado que já conheci. E a senhora
— Eu entendo... Hoje à noite, eu simplesmente não consegui evitar. Prometo que, da próxima vez, serei mais racional. — Dante levantou-se, inclinando-se com culpa diante de Charles.— Somos humanos, Dante. Sentir não é errado. Não precisa se culpar. — Disse Charles, com a voz firme, enquanto sua alta e imponente silhueta se afastava da mesa. Mas, ao dar alguns passos em direção à porta da adega, ele parou de repente e lançou um olhar de lado. — Só espero que o presente que você deu para Yasmin não tenha sido mais uma daquelas coisas cafonas, como um item de luxo sem alma. Sem criatividade, sem significado, sem emoção. Não é de se admirar que ela tenha recusado.Dante sentiu o rosto corar. Era como se Charles tivesse atingido em cheio sua consciência....No caminho de volta, Samara parecia abatida. Não falava muito e mantinha um ar levemente emburrado.Quando chegaram ao quarto, Benjamin já não conseguia mais se conter. Seus olhos estavam tomados por um brilho de desejo, e as mãos grand
Gael, acusado de diversos crimes graves, foi formalmente denunciado pelo Ministério Público.A posição da família Moura foi clara: assim como haviam abandonado Tábata, estavam decididos a cortar todos os laços com Gael. Afinal, continuar associado a ele significaria afundar de vez o navio chamado família Moura.Após uma semana detido no centro de custódia, Gael não viu sinais de salvação. Em vez disso, quem apareceu foi a pessoa que ele mais odiava no mundo: Diogo.— Ora, ora... Veio ver o circo pegar fogo, foi? — Gael, com o uniforme cinza de prisioneiro, barba por fazer e um ar desleixado, sorriu com desdém enquanto cheirava fundo. — Se for isso, da próxima vez traga o Jair junto. Assim economizo meu tempo vendo vocês dois cães no mesmo dia!— Diz que não tem tempo, mas acabou me recebendo, né? — Diogo sorriu com um ar tranquilo, quase entediado. — Se realmente não tivesse nenhuma esperança, nem teria aceitado me ver. O simples fato de estarmos aqui mostra que, lá no fundo, você aind