LuccaNo quarto de equipamentos, começo a pegar meu capacete e roupas de proteção. Verifico o novo tubo de oxigênio e pego mais um por prevenção. Os homens pegam as mangueiras e se certificam de que o carro precisa de água. É tudo muito rápido e bem corrido. Em menos de vinte e cinco minutos tudo está pronto e nós entramos no caminhão.A sirene soa alto pelo asfalto pedindo passagem e os carros vão saindo do caminho. Mas para o nosso desespero encontramos um engarrafamento bem nossa frente. São quase cinco da tarde e é horário de pico.Merda!— Dê a volta, Vitor! Vamos pelas ruas adjacentes — ordeno com um tom elevado na voz.— Mais assim vamos demorar mais para chegarmos, Senhor. — Ele resmunga.— E o que acha que vai acontecer se ficarmos aqui? É uma ordem! — Digo ríspido. Ele volta com o caminhão e adentra uma rua estreita.O meu celular faz um final de mensagem e eu o pego esperançoso, pensando ser Alice, mas não é. Contudo, leio a mensagem tentando entender.— Tudo bem aí, capitão
BônusChefe Maison— Encontramos a garota, chefe. Vamos precisar de uma ambulância urgente. — A voz do Lucca ecoa pelo rádio e um sorriso involuntário surge em meus lábios.De fato, Lucca Fassini é um homem determinado. E é um dos meus melhores homens, mas essa sua determinação as vezes o põe em apuros. E isso é tão irritante quanto é inspirador. E com satisfação lhe respondo prontamente.— Já temos uma aqui. Saiam agora!Faço sinal para que os homens ligarem as mangueiras e mandarem os jatos para os andares onde o fogo está mais intenso. Está na hora de pôr um pouco de controle nesse lugar. Contudo, meu coração acelera com violência quando escuto mais um estralo na estrutura abandonada.— Isso não é bom! — resmungo baixinho e aperto o botão do rádio para pedir mais informações. Entretanto, escuto o barulho de um estrondo que me deixa apreensivo. E um alívio toma conta de mim quando vejo o Rafa passar pelas portas largas com a garota em seus braços. Ele caminha a passos largos direto
AliceDepois que o Lucca sai para atender a ocorrência, eu entro na casa e vou direto para o quarto dele. Começo a tirar a minha roupa quando o anel começa a brilhar sobre a luz do quarto e eu paro. Feito uma boba sorrio para a joia delicada.Estou noiva e do Lucca. Nem em meus sonhos adolescentes achei que chegaria a esse patamar. E lembrar que por muitas vezes, nos meus dezessete anos, eu chegava a imaginar algumas situações entre nós dois... Porra, eu ficava parada em um canto, quietinha admirando a sua bunda aperta em um jeans em alguns momentos em que visitava o meu irmão e ambos entravam em uma conversa descontraída.Escuto o som da minha própria risada ecoar pelo cômodo. Contudo, levo a mão perto da minha boca e beijo o anel. Acho que sempre gostei de homens mais velhos, mas o Lucca em especial. Por isso esse gosto. Essa atração pela experiência masculina. Talvez quando estava nos braços de um homem mais velho, a minha cabeça maluca já o projeta naquele abraço e eu nem me dei c
Alice— Ana? — sibilo aliviada. Ela me dá um sorriso sem jeito.— Oi! Será que podemos conversar um pouco? — Lanço lhe um olhar especulativo, porém, aceno um sim sutil. Camila se aproxima atrás de mim.— Ah, essa é Camila. Ela é minha amiga.— Olá, Camila. Eu sou a Ana. — Ela se encarrega de terminar as apresentações. As duas mulheres apertam as mãos de uma forma cordial e logo vejo um Range Rover prata parar em frente à casa.— É o Léo, amiga. Eu preciso ir.— Claro. E vê se não some, hein? — cantarolo.— Não vou sumir. Eu prometo. — Nos despedimos com um beijo rápido no rosto e em seguida volto o meu olhar para a minha futura cunhada.Droga, preciso me acostumar com isso. Penso.— Entre, Ana. — Peço lhe dando passagem. Ela entra na casa, porém não se senta e parece muito séria. — Aconteceu alguma coisa? — Pergunto receosa. Em resposta, Ana respira fundo.— É o Lucca, Alice.O coração dispara no peito. O Lucca saiu para atender uma emergência e pensando bem… já é bem tarde e ele aind
Alice— E a Sindy? — Escuto o Lucca perguntar para alguém. Abro os meus olhos e vejo que o sol já está alto lá fora.Droga, acabei dormindo demais. Resmungo internamente.— Ela já recebeu alta. — O médico diz e Lucca assente desanimado.— Ela ainda está aqui? — O homem faz não com a cabeça.— A assistente social já a levou. — Noto o meu noivo ficar sem ação. O médico lhe entrega um papel e sai em seguida do quarto. Eu desço da cama e ponho os sapatos indo ao seu encontro, o abraço por trás. Lucca parece despertar de algo.— Tudo bem aí? — Beijo suas costas por cima da camisa, porque não consigo alcançar a sua nuca. Ele se solta dos meus braços e se vira de frente para mim.— Está. É que… eu não consigo parar de pensar na garota. Em um dia tinha todos ao seu redor felizes, comemorando e no outro está sozinha, triste e em um orfanato.— Você ficou mesmo mexido com essa história, não é? — Digo acariciando o seu rosto e o beijo levemente. Ele suspira e beija a minha boca rapidamente.— Va
Lucca.Momentos antes do resgaste…Uma nuvem cinza de fumaça cobre a minha visão... Daqui de onde estou não consigo ver nada além de fumaça e escuridão. Uma dor lancinante rasga o meu braço. Me forço a levantar, mas sinto o algo pesado sobre o meu corpo. Começo a tossir e me dou conta de que estou sem a máscara de oxigênio.O que aconteceu?Onde estou?Tento não entrar em pânico quando a memória me vem à tona. O piso desabou e caímos entre os escombros ardentes. Faço um pouco mais de força, tento tirar o peso de cima de mim, mas a dor no meu braço não me permite.— Alguém?! Gil?! — grito, mas não obtenho resposta. — Dani você está bem? — Volto a tossir.Contudo, mais uma vez não tenho resposta. Eu preciso sair daqui. Preciso ir ajudá-los... Por que eles estão demorando tanto? Faço um pouco mais de força e em seguida sinto um estralo no meu braço e grito de dor, desistindo da luta. Os minutos se arrastam e a fumaça densa começa sumir, mas ainda está em todo o ambiente. Então me senti s
Lucca—Oi! — Minha mãe diz se aproximando da cama. Ela tenta falar o mais animada possível, mas eu sei que por dentro ela está em frangalhos.... Você não ver que cada vez que sai pra esse trabalho sua mãe morre um pouco?As palavras gritadas do meu pai me vêm à mente.Eu sei que é difícil para os familiares e para os amigos mais próximos, mas ser bombeiro é a coisa que eu mais amo na vida. E olhar para Sindy e ver a satisfação que ela sente em estar viva. Ouvi-la dizer que vai seguir em frente porque eu lhe dei essa chance, isso é gratificante. É o que me faz superar as perdas nesse trabalho.—Oi, mãe! — Digo e ela me beija a testa.— Você nos deu um grande susto. — Ana sibila, beijando o meu rosto e acariciando os meus cabelos. Logo elas começam a perguntar onde e como me machuquei? E por que não tive cuidado? Ou onde está doendo? Essas coisas de mãe e de irmã mais velha.— Onde está, Alice? — Pergunto por que não a vejo em lugar nenhum. Todos param a conversa e olham para trás. E l
LuccaUma semana depois...— Está nervoso? — Cristopher pergunta depois de um tempo. Forço um sorriso.— Muito. — Respondo com a voz contida.Estamos indo para o restaurante que a Ana reservou para o pedido oficial de casamento. E para o meu desespero, Alice passou o dia na casa dos seus pais. E eu fiquei na casa do Cris, porque não tinha a menor condição de ficar sozinho em casa. Os meus pais passaram o dia inteiro fora de casa. Na verdade, isso já acontece a três dias e não quiseram me dizer o porquê. A Ana estava cheia de trabalho com o projeto novo da Caravelas & Hotelaria.— Meninos, o que estão fazendo trancados nesse quarto? — Jenny pergunta do outro lado da porta. Cris abre um sorriso largo.— Já estamos saindo, Tempestade. Relaxa. — Ele pede me fazendo rir.— Só para vocês saberem, vocês não são a noiva. — Ela rebate irritada. Não consigo segurar a risada. Ele ajeita a minha gravata e vai até a porta.— O que foi, Bonitinha? — Pergunta com extremo carinho.— Meia hora de atra