Lucca—Não, Lucca! Ficou louco, a cabana está em chamas e nós não temos o equipamento pra isso. — Rafa diz segurando firme o meu braço.tento me soltar. Preciso salvá-la!— Olhe para mim, cara. Você não sabe se Alice está ali dentro. — Insiste. Com desespero na alma e os olhos em lágrimas eu o encaro determinado.— Ela está lá. Eu sinto que ela está lá, Rafa. Me solta, caralho! — Rosno me soltando do seu agarre e corro em direção da entrada.As chamas parecem zombar de mim. A cada vez que eu avanço em direção da entrada da casa, elas parecem ainda maiores e mais aterrorizantes. Mais uma vez os rapazes me seguram e me arrastam para longe dali.— Você não vai entrar ali, porra! Não vou assistir o meu amigo se matar! — Gil diz irritado.Pense, Lucca! Pense logo em algo, porra!— Outra entrada! — Digo evasivo. — Procurem outra entrada! — Peço exasperado.Os homens se espalham rapidamente. A cabana é bem pequena, então a ação precisa ser muito rápida.— Aqui Lucca! — Rafa grita da lateral
LuccaNo hospital, os procedimentos de praxe me irritam. Como assim não posso acompanhá-la? Está para nascer o caralho do médico que vai me impedir de vê-los cuidando do que é meu.— Senhor? O senhor lá dentro só iria atrapalhar os médicos… — Devo ter lançado um olhar assassino para a enfermeira que se cala imediatamente.— Eu vou entrar na porra da sala e nada, e nem ninguém vai me impedir! — rujo tão rude que não me reconheço. A mulher de estatura baixa engole em seco e se afasta. Eu bufo indo para dentro da sala.Alice já está sem o colete protetor no seu pescoço. Os médicos abrem uma brecha em seus olhos e os verifica com uma lanterninha. O sangue é recolhido em um pequeno recipiente para um exame. Eles aferem a sua pressão e se olham cumplices.— Ela está bem! — Escuto o médico dizer. — Quero que ponham um soro para hidratar e a mantenham no oxigênio para limpar os pulmões. Depois a levem para o quarto.Escuto as palavras do médico e não consigo frear o sorriso e as lágrimas que
LuccaJá é final de tarde quando o quarto finalmente fica quieto e vazio. Eu me sento na cadeira do lado da sua cama e seguro a sua mão depositando um beijo cálido ali. Inclino a minha cabeça e fecho os meus olhos sentindo o peso do cansaço sobre os meus ombros... Não demora e ouço um grito de desespero no quarto. Eu abro os olhos e vejo Alice chorando e sentada na cama.Um pesadelo. Penso e a puxo para os meus braços.—Já passou, Foguetinho! Já passou! — sibilo com voz calma próximo ao seu ouvido.Alice se afasta dos meus braços e toca o meu rosto com as pontas dos seus dedos. É como se não acreditasse que estou aqui ao seu lado. O toque me faz fechar os olhos e apreciar o contato matando a maldita saudade que me consome. Ela começa a chorar e em um impulso protetor, a tiro da cama e a carrego nos meus braços.— Me diz que não é um sonho? — Pede. O desespero, o choro, essa súplica. Tudo o que ela reflete agora oprime o meu coração. Ele precisa pagar. Penso possuído por uma vontade in
AliceMomentos durante o cativeiro...Abro os meus olhos sentindo uma dor lancinante em minha cabeça. Tento me lembrar o que aconteceu e logo as imagens do Renan Backer dentro do meu apartamento se projeta na minha frente. As palavras frias... Os puxões de cabelos... A arma em minha cabeça... Com um gemido dolorido tento me levantar e ver aonde estou. Não sei... Parece um porão escuro. Na parede em um canto bem alto há uma pequena janela de vidro, mas não consigo ver nada lá fora, tão pouco aqui dentro.— SOCORRO!!!— Grito na esperança de alguém me escutar. — TEM ALGUÉM AÍ?! — Repito o ato pelo menos umas três vezes.Não ouço nada. Solto um suspiro frustrado. Como eu pude ser tão burra???O tempo todo Téo e o Lucca estavam certos... A cadeia não segurou Renan por muito tempo. Filho da puta! Xingo mentalmente. Tateio o lugar na semiescuridão do cômodo procurando um interruptor ou alguma porta, qualquer coisa que me dê uma luz de onde estou ou uma saída. Encontro o trinco da porta. Eu o
AliceDeus, o que eu faço? Como vou sair dessa agora?Mais uma noite se aproxima e eu já me sinto sem forças. A minha garganta seca começa a arranhar e estou faminta. A falta de água e alimentação me deixa fraca e trêmula.—Lucca? — O chamo no meu delírio. Sem que eu perceba as lágrimas rolam por meu rosto. Sinto a sua falta. Tenho saudades da minha família e o pior, é que eu não sei se vou voltar a vê-los.… Não desista, Alice. …Você vai conseguir. Escuto a voz do Lucca dentro do cômodo escuro e abro os meus olhos, o encontrando do outro lado, bem perto da porta. Rapidamente me sento no colchão e com a respiração eufórica, lhe estendo a mão em uma súplica silenciosa.— Lucca? — O chamo esperançosa. As lágrimas caem em torrente.… Não desista, Alice! Ele repete até sumir na minha frente.— Não, por favor, não vai! — suplico em pranto.***Abro os meus olhos e percebo que o dia já raiou. Foi só um sonho.Não.A porta se abre a Renan passa por ela. E me forço a levantar e me sento
— Suba em meus ombros. — Digo e ela assente com um sorriso.Faço um esforço sobrenatural para que Adriana se apoie em meus ombros. Ela quebra o vidro da pequena janela e se arrasta para fora.— Fique calma, Alice. Eu vou buscar ajuda — promete do lado de fora.Fraca e trêmula eu me arrasto pela parede e me deixo cair no colchão. Não demora muito e sinto um cheiro forte de fumaça dentro do quarto. Abro os olhos e vejo uma camada fina de fumaça passar por debaixo da porta.Droga! Penso desesperada e me forço a ir para a janela.— ADRIANA?! SOCORRO! — Grito alto por várias vezes, mas ela não me escuta. Por Deus ela foi atrás de ajuda, só espero que a ajuda chegue a tempo.Olho ao meu redor a procura de algo que possa me ajudar. O lugar é todo feito de madeira, logo, logo o fogo consumirá tudo. Corro para o colchão e pego a garrafa com metade da água e tiro a minha blusa. Eu molho o tecido e levo ao rosto, assim não vou inalar muita fumaça. Penso.***Os minutos se arrastam e o pânico to
LuccaSaio do banheiro enrolado em uma toalha e a encontro ainda dormindo. Alice anda meio preguiçosa ultimamente. Depois de tudo o que passou, resolvi fazer uma surpresa pra ela... E eu espero realmente que ela goste. Vou até o closet e ponho uma roupa casual... Uma box cor de chumbo, um short cargo preto, uma camiseta branca e chinelos de dedo. Pego o envelope pequeno dentro da gaveta das cuecas e saio do quarto em seguida.Na cozinha, preparo uma linda bandeja com salada de fruta e mel, torrada e requeijão, suco de laranja e no cantinho ponho o envelope branco. Olho para o meu trabalho e sorrio. Hora de acordar a bela adormecida. Portanto, abro a porta bem devagar e a encontro se mexendo preguiçosamente na cama e quando se espreguiça abro mais um sorriso. Deixo a bandeja sobre o criado mudo e vou ao seu encontro na cama macia.Seu corpo quente e o seu cheiro logo me envolvem.Alice é simplesmente viciante.Começo com alguns beijinhos cálidos em seu colo, sentindo os bicos entumecid
Lucca— Um furacão chamado Lucca Fassini. — Ela rebate, me fazendo rir.— A culpa é sua. — A acuso. Ela arqueia as sobrancelhas bem-feitas.— Minha? — Assinto.— Eu inocentemente, trazendo um delicioso café da manhã para o quarto. A ideia era te acordar com beijos e não te comer com beijos.Ela solta uma gargalhada e percebo que amo ouvir esse som. Então ela ergue o seu tronco e os seios desnudos apontam para mim. Alice me beija uma, duas, três vezes.— Estou faminta — ralha ainda em minha boca. — O que trouxe para o café? — Pergunta olhando atrás do meu corpo a bandeja que ficou esquecida no criado mudo. Eu me afasto e me sento na cama e ela faz o mesmo. Pego a bandeja e a trago para perto de nós.— Hum, isso parece gosto! — cantarola, olhando cada item. Os olhos param confusos no envelope. Ela me lança um olhar especulativo. — O que é isso?Dou de ombros. Ela sorri. Alice pega o envelope e o abre com curiosidade. Ela tira de lá dois vales viagem. E lá estão os olhos brilhantes em ci