Ademir segurava a colher e a aproximava dos lábios de Karina.Parecia tão atencioso.No entanto, Karina não conseguia evitar a lembrança de uma cena que presenciou mais cedo naquele dia, no quarto de hospital.Naquele momento, Ademir também alimentava Vitória dessa maneira...Seu coração se apertou com uma dor aguda, e Karina franziu ligeiramente a testa:— Não precisa...— Karina. — O homem apertou os olhos, visivelmente um pouco irritado.— Eu só quero dizer que posso fazer isso sozinha. — Temendo desagradar Ademir, Karina deixou a toalha de lado e pegou a tigela. — Já terminei de secar o cabelo, vou beber sozinha.Ela tinha mãos e pés, não era Vitória.Dito isso, ela deu um gole na sopa.Ao vê-la beber sozinha, a expressão de Ademir, que estava tensa, foi se suavizando lentamente.— Como está o sabor? Está bom?Karina respondeu com uma voz indiferente:— Está... Aceitável.Parecia que Karina não estava muito impressionada com a sopa.— Não gostou?— O sabor é aceitável. — Karina fez
— Está tudo bem...Mas Vitória não parava de gritar, em uma fúria desenfreada.— Srta. Vitória, por favor, se acalme!— Rápido, pegue a medicação!— Sim! — O médico e a enfermeira estavam claramente perdendo o controle sobre a situação. — Srta. Vitória, não se mexa tanto! Você pode se machucar!— É ela... — Vitória continuava a gritar descontrolada, apontando para Karina com uma acusação furiosa. — Foi ela! Foi ela quem me prejudicou!Ao ouvir isso, o médico olhou para Karina, franzindo a testa.— O que aconteceu aqui?— Eu... — Karina estava completamente confusa, sem saber o que responder.Ela não tinha ideia de por que Vitória estava agindo assim, nem por que estava a acusando de algo tão absurdo.— Ela disse que fui eu quem a prejudicou?— Expulsem ela! Expulsem ela daqui! — De repente, Vitória voltou a gritar, totalmente fora de si.— Dra. Costa, melhor sair. — O médico, percebendo que a situação estava fora de controle, pediu com urgência. — Com o estado emocional da paciente, vo
Karina chorou. Na memória de Ademir, Karina sempre foi uma pessoa muito forte, rara eram as vezes em que ela derramava lágrimas. Especialmente em questões de sentimentos, parecia que apenas Catarino tinha o poder de fazer Karina chorar. Mas agora, Karina chorava. E quem a fez chorar foi Ademir. Ele estava desajeitado e apavorado. — Karina, me perdoe... Levantou a mão, querendo enxugar as lágrimas de Karina, mas ela se afastou de seu toque e virou a cabeça. — Por favor, saia. Não quero te ver agora. Me deixe sozinha, tudo bem? Ademir queria dizer algo, mas não teve coragem. Não queria sair. Porém, a resistência de Karina o fez ceder... — Tá bom, eu saio. — Disse Ademir, com a voz rouca. E então saiu do escritório. Ficou parado na porta por um bom tempo, sem dizer uma palavra. Ademir sentia que havia causado sofrimento a Karina. Será que Ademir estava sendo injusto com Karina? Mas então, por que Karina tinha ido até Vitória? Ao pensar sobre isso, lembrou-se
Alguém quebrou o silêncio, falando em tom brincalhão: — Dra. Costa, uma notícia tão maravilhosa como essa, não vai comemorar de alguma forma? — Isso mesmo! A nossa Karina agora é a Sra. Barbosa, você não vai convidar a gente para um jantar especial? — Que tal uma festa? Que tal organizar uma comemoração? — Sim, sim, uma festa seria ótima! A conversa começou a se animar, e logo o ambiente ficou ainda mais descontraído. Felipe, observando a situação, deu uma olhada para Karina e balançou a cabeça. — Pessoal, calma aí! Todos nós somos professores e mentores da Karina. Como ela acabou de entrar, é claro que o hospital vai fazer uma recepção para ela. A animação se dissipou instantaneamente. Não por outro motivo, mas porque o tipo de confraternização que o hospital oferecia era sempre um evento sem muita graça. O orçamento era limitado, e o local escolhido para as comemorações raramente variava. Muitos tinham se animado com a ideia de aproveitar a posição de "Sra. Barbos
Quando saiu do setor e atravessou a ala cirúrgica, Karina ainda estava com o rosto fechado.— Karina. — Ademir a puxou. — Por que você está tão irritada?Já que ele havia perguntado, Karina não viu razão para esconder:— O jantar era minha responsabilidade, por que você não conversou comigo antes de tomar essa decisão sozinho?— O quê? — Ademir se sentiu injustiçado. — Fui eu que reservei o lugar, você não gostou? Não é você quem adora a comida do Cozyroom?— Adoro? — Karina estava furiosa. — Você sabe quantas pessoas tem na nossa equipe? Com médicos e enfermeiros, são mais de trinta pessoas!— E daí? — Ademir estava completamente confuso.E daí? Pensando no custo, aquele jantar ia custar cerca de 300 mil reais!Karina estava sem palavras, de tão irritada.— Você realmente não sabe o quanto isso é caro?— Caro? — Ademir franziu a testa, sem entender. Ele realmente não achava caro. Karina estava brava só por causa disso? — Karina, não é caro, a gente pode pagar, não é um problema.Esse
Todos ficaram em silêncio, observando as duas sem dizer uma palavra.Karina, envergonhada, não sabia o que fazer. Ela realmente não entendia por que precisava passar por tudo aquilo.Mordendo os dentes, ela tentou puxar Vitória:— O Ademir não está aqui! Se você quer falar com ele, é só ligar para ele!Com força, Karina puxava Vitória em direção à porta.— Não, eu não vou embora! — Vitória, lutando para se soltar, gritava. — Eu quero ver o Ademir! Eu preciso ver o Ademir!— Eu já falei, ele não está...Antes que Karina terminasse de falar, Vitória de repente soltou a mão dela e correu para a frente.— Ademir!Ademir parou, surpreso. Ele acabava de chegar e não fazia ideia de por que Vitória estava ali.Sua primeira reação foi olhar para Karina.E Karina, atônita por um momento, rapidamente desviou o olhar.Ademir sentiu uma dor no peito.Enquanto Karina tentava se controlar, os outros colegas observavam atentamente, como se estivessem assistindo a um espetáculo.Todos já tinham visto n
Com tantas pessoas observando, Karina não sabia o que fazer. Além disso, pensando em Catarino, ela também não se atrevia a contrariar a vontade de Ademir. Ela sorriu levemente e disse: — Dr. Felipe, então, por favor, faça todos descerem logo. — Claro. — Com certeza! — Vamos logo! — Estou morrendo de fome! — Eu também! Para o jantar de hoje, eu passei o dia todo sem comer, só para deixar espaço na barriga. A conversa animada se espalhou rapidamente, com todos evitando mencionar o que havia acontecido momentos antes, numa cumplicidade silenciosa. Lá embaixo, estacionados, havia seis ou sete carros, que levariam o grupo até o Cozyroom. Ao contrário da agitação de outros restaurantes, o ambiente ali era bem tranquilo. Os clientes pegaram seus pratos e, enquanto comiam, falavam em tom baixo. Eles eram muitos, então Júlio havia reservado três grandes mesas conectadas, todas com lugares ótimos perto da janela. Quanto à comida, os ingredientes eram fresquíssimos: fr
Helena colocou um camarão na tigela de Karina.Karina olhou de relance para o prato e disse:— Não.Helena se surpreendeu e percebeu que Karina não estava bem.— Karina?Normalmente, Karina jamais falaria assim.— Você não está bêbada, está?— O quê? — Karina virou a cabeça e olhou para ela com um ar de confusão. — Não, estou bem.Helena ficou em silêncio.Isso, definitivamente, era o que acontecia quando se estava bêbada.Helena engoliu em seco, visivelmente preocupada:— Karina, você está com algum mal-estar?— Não... — Karina respondeu, mas não parecia muito convincente.— E a barriga? — Helena olhou para o ventre de Karina. Dentro dele estava o herdeiro da família Barbosa. Não poderia haver nenhum erro. — Está sentindo algo na barriga?— A barriga? — Ao ouvir essas palavras, Karina colocou as mãos sobre a barriga e começou a acariciar de maneira suave. — É meu bebê.Helena e Lourenço ficaram em silêncio.Ambos trocaram olhares, sem saber o que fazer. O que mais poderiam fazer?De r