Por causa da gravidez, Karina estava preocupada ultimamente, sem ânimo para fazer qualquer coisa. Até os bicos que fazia eram todos encontrados online. Estando sozinha, ela acabava pensando demais, então, na maior parte do tempo, ficava na casa de Patrícia.Quando Patrícia chegava, Karina resmungava:— Até que enfim você voltou! Se demorasse mais, seu bebê ia morrer de fome.— Me deixe ver. — Patrícia respondeu, sorrindo, enquanto acariciava o peito de Karina. — Ai, meu Deus, já está até mais magro de tanta fome!— Hahaha... — Karina ria, rolando pela cama. — Patrícia, você é uma pervertida!— Levanta, vamos sair para comer!— Combinado.As duas irmãs foram para a rua atrás da Universidade J, que ficava movimentada à noite. Havia de tudo, desde churrasco ao ar livre e carrinhos de comida até restaurantes cinco estrelas.Enquanto decidiam o que comer, alguém bateu no ombro delas.— Patrícia, Karina, que coincidência!Era um colega do ensino médio e também da universidade.Karina sorriu
Karina não disse nada, mas Patrícia lançou um olhar feroz:— Você fala demais!Bernardo deu um sorriso despreocupado:— Isso é falar demais? Eu só estou dizendo a verdade. Naquela época, vocês dois faziam inveja a todos os meninos e meninas da escola!— Cala a boca! Já falou o suficiente?— Ainda não. — Bernardo parecia fazer de propósito, e perguntou novamente. — Por que vocês terminaram? Vocês pareciam tão bem juntos que todos nós achávamos que vocês ficariam juntos para sempre, da escola até o casamento.— Isso você precisa perguntar para a Karina. — Túlio, que estava calado até então, de repente falou, com os olhos fixos nela. — Foi ela que não me quis mais.Karina estava comendo uma costela, que caiu na mesa.Ela ficou sem reação.O que Túlio disse? Que ela não o quis mais? Literalmente, parecia correto, mas será que era verdade?— É mesmo? — Bernardo segurou Karina, querendo saber tudo. — Karina, por quê? O que há de errado com o Túlio?O coração de Karina foi tomado por uma tris
As ruas atrás da Universidade J eram mais movimentadas à noite.— Senhor, dois pratos de arroz frito! — Patrícia pediu enquanto segurava Karina com uma mão e massageava o estômago com a outra, reclamando. — A culpa é do Bernardo, me fez perder a hora de comer.Karina também estava com fome, engolindo saliva de tanto desejo.— Patrícia, eu quero comer um lanche.— Claro! Eu vou comprar agora. — Patrícia respondeu prontamente, mas logo percebeu algo estranho. Olhou Karina com suspeita. — Ultimamente você tem comido mais. Comer tanto à noite, não tem medo de engordar?Karina não tinha como explicar.Ela própria já havia notado que estava comendo mais, e sabia bem o motivo: tinha um pequeno ser crescendo em seu ventre.— Arroz frito pronto!— Ótimo.Patrícia pegou o celular para pagar.Karina perguntou:— Quanto é? Eu te transfiro.— Não precisa...— Precisa sim.Mal começaram a discutir, uma voz suave e grave se intrometeu:— Senhor, eu pago.— Quem?As duas levantaram a cabeça e ficaram
A primeira notícia nas tendências, com um título vermelho, era impactante.O servidor estava muito lento e Karina esperou um bom tempo até conseguir abrir a notícia.Após um breve texto, havia um vídeo anexado.Foi filmado na entrada do Restaurante Ocean, o ângulo da câmera de segurança não era muito claro.Só dava para ver Ademir saindo pela porta, o porteiro do Restaurante Ocean abriu a porta para ele, e de repente, se virou e o esfaqueou!Ademir ficou atordoado por dois segundos, mas de alguma forma, conseguiu derrubar o porteiro instantaneamente.O vídeo terminava ali.Mas era o suficiente para fazer o coração de Karina disparar.Na sala de descanso, as pessoas discutiam fervorosamente.— Essa facada foi bem profunda!— Disputa entre grandes famílias!— Não sei para qual hospital Ademir será levado? Ouvi dizer que ele é muito bonito...De repente, a enfermeira-chefe apareceu na porta, batendo palmas:— Já terminaram de comer? Se terminaram, comecem a se movimentar!Todos pararam de
Ademir a lançou um olhar:— Eu não quero saber! Só quero que você faça a cirurgia!Ademir não soltou a mão dela, parecendo até um pouco magoado.Karina ficou sem palavras.Ademir, ferido, estava teimoso como uma criança.Karina resolveu tratá-lo como se fosse Catarino, tentando acalmá-lo:— Dr. Felipe é meu professor, ele é uma autoridade nacional em cirurgia...— Que autoridade, que nada! Não confio nele. — Ademir disse sem expressão.Não adiantava argumentar.Karina estava desanimada quando Júlio entrou e lhe disse:— Karina, é melhor você fazer a cirurgia. Ultimamente, meu irmão tem passado por coisas muito estranhas, e no momento, não podemos confiar em ninguém.— Mas... — Karina não entendia. — Por que confiar em mim?Ademir parecia realmente detestá-la.— Hmph. — Ademir, cada vez mais pálido, continuava com um tom arrogante. — Não é questão de confiar em você! É que esmagar você é tão fácil quanto esmagar uma formiga!Karina ficou sem palavras.Ela realmente queria deixar Ademir
Karina, com as mãos nos bolsos, encarou Vitória em silêncio.Vitória era a namorada de Ademir. Elas se encontrariam inevitavelmente, só não esperava que fosse tão cedo.Vitória olhava fixamente para Karina, mas sua mente já estava cheia de perguntas!Ela também viu as notícias de última hora ontem à noite e queria vir ao hospital imediatamente. No entanto, ao contatar Júlio, ele disse que não era conveniente e pediu para ela esperar. Vitória esperou a noite toda, mas não recebeu nenhuma notícia.Ela não conseguiu esperar mais, então, logo de manhã, veio sozinha.Mas nunca imaginou que, ao invés de encontrar Ademir, daria de cara com Karina primeiro.Com a consciência pesada, Vitória ficou bastante assustada. Tentando se manter calma, ela olhou de relance para a placa com o nome do paciente na porta do quarto e confirmou que realmente era o quarto de Ademir.Mas, por que Karina estava saindo de lá de dentro?A voz de Vitória saiu trêmula:— O que você está fazendo aqui?Os olhos de Kari
Neste momento, Ademir estava com as roupas bagunçadas, segurando uma bela mulher em seus braços, uma cena que inevitavelmente fazia as pessoas pensarem de forma errada. No entanto, devido à identidade de Ademir, ninguém ousava dizer nada. Todos fingiam indiferença, focando apenas no que estava diante deles.Karina, particularmente calma, estava explicando a situação de Ademir ao médico que assumiria o plantão.— Paciente com ferida por facada, penetração de 3,2 centímetros na cavidade abdominal, sem lesão nos órgãos internos...Ademir não tinha disposição para ouvir o que ela dizia. Ajustando Vitória em seus braços, ele sentia cada poro do seu corpo agitado. Ademir estava, de fato, nervoso, evitando olhar para Karina. Embora ele já tivesse dito que tinha uma noiva, era a primeira vez que Karina via Vitória.A sensação era peculiar. Ademir parecia um homem pego em flagrante pela esposa durante uma traição.— Ademir, descanse bem.Após concluir o plantão, a equipe médica saiu em massa
Karina estava concentrada em seu trabalho, olhando apenas para o ferimento, evitando encarar Ademir. Ele não pôde evitar e perguntou primeiro:— Você está com raiva de mim?— O quê? — Karina hesitou, sem entender. — Brava? Eu? Com você? Tem certeza?A voz de Ademir era suave e rouca:— Melhor que não esteja.Karina ainda não compreendia, mas também não fez mais perguntas, se inclinando para apertar o dreno do ferimento.Ademir perguntou:— Quando esse tubo pode ser removido? É muito incômodo carregar isso.— Não tão cedo. Simplificando, é necessário drenar toda a sujeira de dentro. Caso contrário, uma infecção na cavidade abdominal seria um grande problema. — Depois de falar, Karina ficou em silêncio novamente.A atmosfera ficou um pouco fria.Ademir, com os olhos semiabertos, perguntou:— Você não tem nada para me dizer?— O quê?Karina ficou surpresa e, quando estava prestes a falar, Ademir a interrompeu:— Não me fale sobre o ferimento.Karina se assustou, suas longas pestanas treme