Neste momento, Ademir estava com as roupas bagunçadas, segurando uma bela mulher em seus braços, uma cena que inevitavelmente fazia as pessoas pensarem de forma errada. No entanto, devido à identidade de Ademir, ninguém ousava dizer nada. Todos fingiam indiferença, focando apenas no que estava diante deles.Karina, particularmente calma, estava explicando a situação de Ademir ao médico que assumiria o plantão.— Paciente com ferida por facada, penetração de 3,2 centímetros na cavidade abdominal, sem lesão nos órgãos internos...Ademir não tinha disposição para ouvir o que ela dizia. Ajustando Vitória em seus braços, ele sentia cada poro do seu corpo agitado. Ademir estava, de fato, nervoso, evitando olhar para Karina. Embora ele já tivesse dito que tinha uma noiva, era a primeira vez que Karina via Vitória.A sensação era peculiar. Ademir parecia um homem pego em flagrante pela esposa durante uma traição.— Ademir, descanse bem.Após concluir o plantão, a equipe médica saiu em massa
Karina estava concentrada em seu trabalho, olhando apenas para o ferimento, evitando encarar Ademir. Ele não pôde evitar e perguntou primeiro:— Você está com raiva de mim?— O quê? — Karina hesitou, sem entender. — Brava? Eu? Com você? Tem certeza?A voz de Ademir era suave e rouca:— Melhor que não esteja.Karina ainda não compreendia, mas também não fez mais perguntas, se inclinando para apertar o dreno do ferimento.Ademir perguntou:— Quando esse tubo pode ser removido? É muito incômodo carregar isso.— Não tão cedo. Simplificando, é necessário drenar toda a sujeira de dentro. Caso contrário, uma infecção na cavidade abdominal seria um grande problema. — Depois de falar, Karina ficou em silêncio novamente.A atmosfera ficou um pouco fria.Ademir, com os olhos semiabertos, perguntou:— Você não tem nada para me dizer?— O quê?Karina ficou surpresa e, quando estava prestes a falar, Ademir a interrompeu:— Não me fale sobre o ferimento.Karina se assustou, suas longas pestanas treme
Durante o intervalo do almoço, Karina estava voltando do refeitório após a refeição quando encontrou Ademir caminhando lentamente pelo corredor interno, amparado por Bruno.— Muito bem. — Karina elogiou. — Sua condição física é realmente boa, já consegue se levantar e caminhar. Se movimentar ajudará a se recuperar mais rápido, mas não exagere.— Sim, doutora. — Bruno respondeu sinceramente.Quando Karina estava prestes a sair, foi chamada por Ademir:— Espere um momento.— O que foi? — Karina se virou.— Você... — Ademir parecia um pouco envergonhado. — Do que você gosta?— O quê?A pergunta estava incompleta, Karina não sabia como responder.Ela piscou seus grandes olhos.— O que está pensando? — Ademir perguntou, insatisfeito. — Você não reclamou que eu não te agradeci? Considerando também aquela vez com Vitor, eu realmente quero te agradecer.Karina entendeu:— Você quer me dar um presente de agradecimento? — Ela não foi modesta. — Bem, não tem nada de especial, o que as outras garo
— Karina!— O que foi? — Karina riu sem graça. — Agora suas lágrimas estão cada vez mais falsas.Simão imediatamente parou de chorar de mentirinha:— A situação é urgente, estou em um encontro arranjado, venha logo!Karina revirou os olhos:— Desta vez não é a vez da Patrícia?— Não consigo falar com a Patrícia pelo telefone, só posso contar com você! Vem rápido, estou esperando!— Alô?Do outro lado, a ligação já havia sido desligada.Karina estava completamente sem saída.Não sabia o porquê da pressa da família de Simão, ele ainda era jovem, mas ao longo do ano todo sempre arranjavam encontros para ele.No entanto, Simão não queria nada disso, então sempre pedia para Karina ou Patrícia fingirem ser suas namoradas e estragarem os encontros.Karina não queria ir, mas não podia deixar de ir.O celular tocou, era a localização enviada por Simão.Karina mordeu o lábio, ela ainda iria, para ajudar o amigo!Era hora do rush, o trânsito estava um caos e Karina chegou bem atrasada.No celular
Karina se aninhou nos braços de Simão, se encostando em seu peito enquanto soluçava:— Simão, ela foi tão cruel, estou com tanto medo!— Não tenha medo, estou aqui. — Simão a consolou.— Sua mulher desprezível que seduz homens! — Uma mulher, furiosa, levantou a mão em direção a Karina.Um tapa ressoou, mas atingiu o rosto de Simão.A mulher, surpresa, exclamou:— Você realmente a protege assim?Simão se colocou à frente de Karina, com o rosto sombrio e os dentes cerrados:— Ela é minha mulher, naturalmente vou protegê-la! Quem te deu a ousadia de bater nela? Saia daqui!— Muito bem, Simão, você está fazendo um ótimo trabalho! — A mulher, chorando, saiu correndo.Karina soltou um longo suspiro de alívio, parando de chorar, e encarou Simão:— Já se divertiu o suficiente?Só ela sabia a quão nervosa estava por dentro.— Haha. — Simão sorriu com desdém, envolvendo seus ombros. — Não fique brava, vou comprar algo gostoso para você.— Só me faz fazer coisas tão desonestas! Quero comer sashim
Karina levantou os olhos e observou a cena diante de si. Era realmente uma imagem deslumbrante. Vitória, uma jovem garota, acabava de sair do banho, enquanto o ferimento de Ademir havia se reaberto. Não precisava nem pensar muito para entender o que havia acontecido.Ou foi na noite passada, ou talvez há pouco tempo, eles fizeram amor.— O médico está vindo fazer a ronda. — Vitória colocou a mão sobre o peito e sorriu, parecendo muito gentil. — Obrigada pela ajuda.De repente, Karina soltou uma risada e disse:— Não tem problema.Com calma, Karina deu mais alguns pontos na área onde o ferimento havia se reaberto.Karina falou de forma muito direta:— Pelo estado atual do paciente, ele não deveria fazer amor por enquanto. — Karina fez uma pausa e acrescentou. — Mesmo que seja a mulher a tomar a iniciativa, ainda não é apropriado. Se o ferimento se abrir novamente, isso pode agravar a situação. Se atingir a cavidade abdominal, pode ser fatal. O que é mais importante, um breve momento de
Simão soltou um grito de dor, levantando a cabeça e encarando Ademir com um olhar surpreso e inocente. Nesse momento, ele já não se importava com o poder e a posição de Ademir; afinal, ele também fazia parte da família Nogueira!— Ademir, você tá maluco? A gente não tem nenhuma desavença, e você vem e me bate?Enquanto falava, Simão já havia se levantado, claramente pronto para uma briga. Mas Enzo e Bruno rapidamente se colocaram na frente de Ademir:— Sr. Nogueira, antes de chegar nele, o senhor terá que passar por nós dois!Era óbvio que esses dois eram soldados profissionais, talvez até investigadores especiais. Não havia dúvida de que Simão não teria chance contra eles.Simão, furioso, gritou:— Eu vou chamar a polícia! Não vou tolerar essa humilhação!— Humilhação? — Ademir, que até então permaneceu em silêncio, respondeu com um tom repleto de sarcasmo. — Você está se sentindo mais humilhado do que as mulheres que você brincou?Simão ficou atônito. Ele já tinha saído com muitas
Karina riu de raiva, balançando a cabeça: — Eu queria dizer obrigada. Obrigada por me defender. Ademir ficou surpreso, será que ele ouviu errado? De repente, Ademir cobriu o ferimento, sentiu uma dor intensa. — Ademir? — Karina se inclinou, nervosa, colocando a mão em seu abdômen. Ele levantou o olhar para Karina, e seus olhos eram incrivelmente belos, como duas gotas de mercúrio branco, claras e translúcidas, e dentro desses olhos brilhantes, parecia haver pequenos fragmentos de mercúrio negro. Lá dentro, havia apenas Ademir. O coração de Ademir amoleceu. No segundo seguinte, aquela sensação desapareceu. Karina falou de forma severa: — Eu te disse para não fazer esforço! E você ainda vai brigar com os outros! Quer voltar para a sala de cirurgia, é isso? Essa mulher, mudava de atitude mais rápido do que virava uma página. Não tinha acabado de agradecê-lo? Ademir segurou a mão dela: — E por quem você acha que eu briguei? Se está achando ruim, então não se preoc