Capítulo 787
Lúcia lembrava com clareza das palavras de seu pai: o dia em que ela nasceu, nevava intensamente. Sua mãe adorava a neve. O mesmo céu branco que a trouxe ao mundo agora testemunhava sua partida. Talvez fosse o destino, pensou ela, em um suspiro melancólico.

Ela estendeu a palma da mão. Os flocos de neve pousaram delicadamente em sua pele, gelados como o vazio que ela sentia dentro de si. O frio parecia ter se infiltrado em sua alma, mergulhando-a em um abismo glacial.

O vento cortava seu rosto como lâminas afiadas, deixando a pele ardida e dormente. Seus pés, aquecidos apenas pelas botas de neve, já estavam insensíveis, congelados. Todo o corpo parecia desligado, como se ela não fosse mais dona de si. Mesmo assim, ela continuava a dar passos lentos, mecânicos, em direção ao inevitável.

Lúcia abaixou o olhar e observou o chão coberto pela neve branca, lá embaixo. Do segundo andar, a altura não era impressionante, mas o suficiente para causar estragos irreversíveis. Se não morresse, prov
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