Olga, aos olhos de sua mãe Raimunda, era como um investimento de baixo custo e alta rentabilidade.Sendo filha única, com a morte de Olga, não havia mais ninguém para cuidar da Raimunda na velhice, nem para ajudá-la financeiramente, restando apenas a neta Célia, que era um verdadeiro peso morto.Raimunda, sem meios de sustento para o futuro, ainda teria que cuidar de uma neta inútil.Ao saber que Lúcia foi a responsável pela perda do emprego bem remunerado de sua filha, Raimunda sentiu uma raiva ardente.Toda essa situação era culpa dela!Raimunda, tomada pela fúria, rosnou entre dentes: - Ela arruinou a vida da minha filha e ainda tem a ousadia de vir ao enterro! Essa vagabunda! Não vou deixar isso barato!Raimunda olhou ao redor, procurando uma faca, mas não encontrou.Seu corpo tremia de raiva, a indignação fervendo dentro dela. Com passos rápidos e decididos, Raimunda saiu do salão.Giovana, que estava assistindo a cena, fingiu preocupação e gritou: - Dona Raimunda, não faça nada
- Eu… - Raimunda ficou sem palavras.- Como eu disse, se você quiser reabrir o caso, apresente as provas. Nós só reconhecemos evidências. Se você quer causar confusão, não nos culpe por sermos duros. Claro, se você acha que minha atitude é ruim e quer reclamar, fique à vontade para ir à delegacia.Raimunda começou a chorar descontroladamente, sentou-se no chão e bateu com os punhos, chorando alto, sem nenhuma dignidade: - Filha, você morreu de forma tão trágica, foi assassinada, e não consegue descansar em paz. Abra os olhos e veja, os malfeitores estão se vangloriando. Isso é insuportável, eu amaldiçoo quem causou a morte da minha filha, que não tenha uma morte digna, não, que toda a família dela não tenha uma morte digna, que todos morram!Giovana ouviu essas palavras, engoliu em seco e abaixou os olhos, sentindo um calafrio nas costas.Essa velha maluca, estava realmente lançando uma maldição contra ela.Se maldições funcionassem, para que serviria a lei?Giovana revirou os olhos,
Aquele café tinha sido o local de algumas das melhores memórias dela com Giovana e Sílvio. Naquela época, Giovana era a irmã de consideração de Sílvio. Poucas pessoas sabiam sobre aquele café, o que indicava que quem a chamara era um conhecido.Saindo da frente do hospital, Lúcia olhou para o homem ao seu lado: - Policial, pode voltar sozinho.- E você? - Perguntou ele.Lúcia mordeu o lábio, lembrando-se de algo: - Eu vim de carro, está no velório. Vou pegar um táxi até lá.- Deixe-me levá-la. A mãe da Olga tem uma opinião tão ruim de você que, se eu estiver por perto, ela não vai te enfrentar abertamente.Lúcia achou que ele tinha razão. Pegar o carro e encontrar a pessoa misteriosa no café era a prioridade.O homem dirigiu até a porta do velório.Lúcia agradeceu, soltou o cinto de segurança e sorriu para ele: - Policial, você realmente não pode me dizer seu nome?- Eu gosto de fazer boas ações anonimamente. - Respondeu ele após pensar um pouco.Lúcia assentiu: - Obrigado, polic
- Tá bom, eu te conto. O que você quiser saber, eu te conto. - Giovana disse calmamente.Lúcia se sentou de novo no sofá: - Desembucha logo!- Olga foi demitida do hospital há uma semana, você sabe disso, né? Ela foi demitida porque aceitou seu dinheiro, violando as regras do hospital, e alguém a denunciou. - Giovana, com os lábios pintados de um vermelho intenso, falou com uma voz firme.Lúcia deu um risinho frio: - Isso eu já sabia.- Mas você sabe quem a denunciou?Assim que Giovana terminou de falar, o rosto de Lúcia mudou de expressão: - Foi você?- Lúcia, eu não sou tão mesquinha. Olga e eu não temos nada uma com a outra; faz anos que não nos falamos. Não sou santa, mas também não vou prejudicar uma desconhecida à toa. - Giovana fez uma pausa antes de continuar. - Quem a denunciou foi seu marido, Sílvio.Ao ouvir isso, a mente de Lúcia explodiu. Sílvio...Ela tentou se lembrar, no dia em que Olga foi demitida, Sílvio estava com a mãe dela, e depois ele desapareceu. Ela pensou
- Sim. - Falou Giovana.Ela tirou uma caneta da bolsa, abriu a tampa e entregou para Lúcia.Lúcia pegou a caneta, escreveu um número no cheque e colocou a caneta de lado.Giovana pegou o cheque e, ao ver o valor, ficou pálida: - Cinco bilhões? Lúcia, você enlouqueceu? Você acha que vale tudo isso?- Eu não valho cinco bilhões, mas a posição de esposa do Sílvio vale. O que foi? Vai dizer que não tem dinheiro para me pagar? Se não tem, por que está posando de rica na minha frente? - Lúcia respondeu com desdém nos olhos.Giovana respirou fundo, afinal, Lúcia não viveria para gastar esse dinheiro, então cinco bilhões não faziam diferença.- Tudo bem, eu aceito, mas você tem que me dar tempo para conseguir o dinheiro. E outra coisa, só nós duas podemos saber disso.Giovana mordeu os lábios e concordou a contragosto.Lúcia a olhou com um sorriso irônico: - Na sua cabeça, o Sílvio é um traidor e mesmo assim você ainda corre atrás dele, Giovana. Devo te chamar de apaixonada ou de idiota?- L
- Eu não provoquei ela, eu a convidei para tomar um café, queria me desculpar pelo que aconteceu quando fui visitar a mãe dele. Ela entendeu tudo errado. Não quis me ouvir e jogou todo o café em mim.Giovana chorava soluçando, cada vez mais forte, despertando compaixão.Mas aquele tipo de choro só irritava Sílvio: - Ela é assim mesmo, você tem que ser mais paciente. Volta para casa logo.A resposta dele era cheia de indiferença e favoritismo por Lúcia.Giovana queria continuar falando, mas Sílvio já havia desligado o telefone.No escritório do presidente do Grupo Baptista, Sílvio olhava para o vídeo que Giovana havia enviado.No vídeo, Lúcia conversava animadamente com um policial, seus olhos brilhavam com um sorriso.Ela costumava sorrir assim apenas para ele.Sílvio assistiu ao vídeo várias vezes, e a cada vez sua irritação aumentava.Especialmente por causa da mensagem de Giovana: [Sílvio, a Lúcia e aquele homem parecem um casal perfeito.]Sílvio passou a tarde fumando, algo raro
Raimunda enterrou as cinzas de Olga em um cemitério.Foi Giovana quem pagou pelo terreno.Uma multidão de jornalistas apareceu para registrar o momento, e Raimunda fez questão de colaborar, falando diante das câmeras sobre como Giovana era uma pessoa maravilhosa, alguém que havia ajudado sua família imensamente.Ela prometeu que, se tivesse a chance, faria de tudo para retribuir Giovana.À noite, depois que todos os jornalistas foram embora, Raimunda estava prestes a ir embora também. De repente, um saco foi jogado sobre sua cabeça.Antes que pudesse reagir, foi derrubada no chão e começou a levar socos e pontapés.No início, Raimunda gritou e xingou com todas as suas forças.Mas, espancada brutalmente, acabou se encolhendo e implorando por misericórdia.- Lembre-se, não mexa com quem não deve. Isto é um aviso!Uma voz masculina a advertiu.Raimunda tirou o saco da cabeça e viu o cemitério silencioso e vazio, iluminado apenas pela luz da lua.Se não fosse pela dor no corpo, ela pensar
Na mente de Sílvio, o conteúdo do vídeo enviado por Giovana vinha à tona de forma frenética.No vídeo, Lúcia sorria brilhantemente para aquele policial.Sílvio, no entanto, manteve a racionalidade, tentando suprimir a ciúme e a fúria que ardiam dentro dele.Lúcia tentou se desvencilhar, mas ele apertava seu braço cada vez mais forte.Ela soltou um suspiro de dor.Lúcia deu uma risada fria: - Desculpe, eu nunca aprendi a atuar, não sei fingir sorrisos. Se quer ver alguém sorrindo falsamente, vá procurar a Giovana.- É assim que você fala comigo?Sílvio semicerrava os olhos, seu olhar gélido.Lúcia não respondeu, abaixou os olhos, exausta, sem forças nem para brigar ou questionar.- Eu te liguei, por que você não atendeu? - Insistiu Sílvio.Lúcia olhou para os chinelos de algodão nos pés: - Estava sem bateria. Sílvio, posso emprestar seu celular um instante?- O que você quer fazer? - Perguntou Sílvio.Lúcia levantou o olhar, com um sorriso amargo: - Antes, eu podia mexer no seu celul