Aquele café tinha sido o local de algumas das melhores memórias dela com Giovana e Sílvio. Naquela época, Giovana era a irmã de consideração de Sílvio. Poucas pessoas sabiam sobre aquele café, o que indicava que quem a chamara era um conhecido.Saindo da frente do hospital, Lúcia olhou para o homem ao seu lado: - Policial, pode voltar sozinho.- E você? - Perguntou ele.Lúcia mordeu o lábio, lembrando-se de algo: - Eu vim de carro, está no velório. Vou pegar um táxi até lá.- Deixe-me levá-la. A mãe da Olga tem uma opinião tão ruim de você que, se eu estiver por perto, ela não vai te enfrentar abertamente.Lúcia achou que ele tinha razão. Pegar o carro e encontrar a pessoa misteriosa no café era a prioridade.O homem dirigiu até a porta do velório.Lúcia agradeceu, soltou o cinto de segurança e sorriu para ele: - Policial, você realmente não pode me dizer seu nome?- Eu gosto de fazer boas ações anonimamente. - Respondeu ele após pensar um pouco.Lúcia assentiu: - Obrigado, polic
- Tá bom, eu te conto. O que você quiser saber, eu te conto. - Giovana disse calmamente.Lúcia se sentou de novo no sofá: - Desembucha logo!- Olga foi demitida do hospital há uma semana, você sabe disso, né? Ela foi demitida porque aceitou seu dinheiro, violando as regras do hospital, e alguém a denunciou. - Giovana, com os lábios pintados de um vermelho intenso, falou com uma voz firme.Lúcia deu um risinho frio: - Isso eu já sabia.- Mas você sabe quem a denunciou?Assim que Giovana terminou de falar, o rosto de Lúcia mudou de expressão: - Foi você?- Lúcia, eu não sou tão mesquinha. Olga e eu não temos nada uma com a outra; faz anos que não nos falamos. Não sou santa, mas também não vou prejudicar uma desconhecida à toa. - Giovana fez uma pausa antes de continuar. - Quem a denunciou foi seu marido, Sílvio.Ao ouvir isso, a mente de Lúcia explodiu. Sílvio...Ela tentou se lembrar, no dia em que Olga foi demitida, Sílvio estava com a mãe dela, e depois ele desapareceu. Ela pensou
- Sim. - Falou Giovana.Ela tirou uma caneta da bolsa, abriu a tampa e entregou para Lúcia.Lúcia pegou a caneta, escreveu um número no cheque e colocou a caneta de lado.Giovana pegou o cheque e, ao ver o valor, ficou pálida: - Cinco bilhões? Lúcia, você enlouqueceu? Você acha que vale tudo isso?- Eu não valho cinco bilhões, mas a posição de esposa do Sílvio vale. O que foi? Vai dizer que não tem dinheiro para me pagar? Se não tem, por que está posando de rica na minha frente? - Lúcia respondeu com desdém nos olhos.Giovana respirou fundo, afinal, Lúcia não viveria para gastar esse dinheiro, então cinco bilhões não faziam diferença.- Tudo bem, eu aceito, mas você tem que me dar tempo para conseguir o dinheiro. E outra coisa, só nós duas podemos saber disso.Giovana mordeu os lábios e concordou a contragosto.Lúcia a olhou com um sorriso irônico: - Na sua cabeça, o Sílvio é um traidor e mesmo assim você ainda corre atrás dele, Giovana. Devo te chamar de apaixonada ou de idiota?- L
- Eu não provoquei ela, eu a convidei para tomar um café, queria me desculpar pelo que aconteceu quando fui visitar a mãe dele. Ela entendeu tudo errado. Não quis me ouvir e jogou todo o café em mim.Giovana chorava soluçando, cada vez mais forte, despertando compaixão.Mas aquele tipo de choro só irritava Sílvio: - Ela é assim mesmo, você tem que ser mais paciente. Volta para casa logo.A resposta dele era cheia de indiferença e favoritismo por Lúcia.Giovana queria continuar falando, mas Sílvio já havia desligado o telefone.No escritório do presidente do Grupo Baptista, Sílvio olhava para o vídeo que Giovana havia enviado.No vídeo, Lúcia conversava animadamente com um policial, seus olhos brilhavam com um sorriso.Ela costumava sorrir assim apenas para ele.Sílvio assistiu ao vídeo várias vezes, e a cada vez sua irritação aumentava.Especialmente por causa da mensagem de Giovana: [Sílvio, a Lúcia e aquele homem parecem um casal perfeito.]Sílvio passou a tarde fumando, algo raro
Raimunda enterrou as cinzas de Olga em um cemitério.Foi Giovana quem pagou pelo terreno.Uma multidão de jornalistas apareceu para registrar o momento, e Raimunda fez questão de colaborar, falando diante das câmeras sobre como Giovana era uma pessoa maravilhosa, alguém que havia ajudado sua família imensamente.Ela prometeu que, se tivesse a chance, faria de tudo para retribuir Giovana.À noite, depois que todos os jornalistas foram embora, Raimunda estava prestes a ir embora também. De repente, um saco foi jogado sobre sua cabeça.Antes que pudesse reagir, foi derrubada no chão e começou a levar socos e pontapés.No início, Raimunda gritou e xingou com todas as suas forças.Mas, espancada brutalmente, acabou se encolhendo e implorando por misericórdia.- Lembre-se, não mexa com quem não deve. Isto é um aviso!Uma voz masculina a advertiu.Raimunda tirou o saco da cabeça e viu o cemitério silencioso e vazio, iluminado apenas pela luz da lua.Se não fosse pela dor no corpo, ela pensar
Na mente de Sílvio, o conteúdo do vídeo enviado por Giovana vinha à tona de forma frenética.No vídeo, Lúcia sorria brilhantemente para aquele policial.Sílvio, no entanto, manteve a racionalidade, tentando suprimir a ciúme e a fúria que ardiam dentro dele.Lúcia tentou se desvencilhar, mas ele apertava seu braço cada vez mais forte.Ela soltou um suspiro de dor.Lúcia deu uma risada fria: - Desculpe, eu nunca aprendi a atuar, não sei fingir sorrisos. Se quer ver alguém sorrindo falsamente, vá procurar a Giovana.- É assim que você fala comigo?Sílvio semicerrava os olhos, seu olhar gélido.Lúcia não respondeu, abaixou os olhos, exausta, sem forças nem para brigar ou questionar.- Eu te liguei, por que você não atendeu? - Insistiu Sílvio.Lúcia olhou para os chinelos de algodão nos pés: - Estava sem bateria. Sílvio, posso emprestar seu celular um instante?- O que você quer fazer? - Perguntou Sílvio.Lúcia levantou o olhar, com um sorriso amargo: - Antes, eu podia mexer no seu celul
Sílvio soltou a mão que prendia o pulso dela.Claro que não, ele e Giovana sempre mantiveram distância em particular.- Precisa pensar tanto assim? Vai inventar mais uma desculpa para me enganar?Lúcia olhou fixamente para ele, com um sorriso desfeito, uma beleza trágica estampada no rosto.Sílvio viu os olhos dela vermelhos no canto, engoliu em seco e desviou o olhar, frio: - Fique longe daquele policial.- Sílvio, eu estou te perguntando, você e Giovana realmente transaram? - Lúcia insistiu, com os lábios apertados.Ela queria perder todas as esperanças, queria ouvir a verdade.- Ou você quer que eu espere você morrer para fazer isso? Desculpe, mas não posso esperar tanto. - Disse ele.O olhar cortante e sarcástico de Sílvio voltou a se fixar no rosto de Lúcia.Seus lábios bonitos se curvaram, exibindo um sorriso: - Lúcia, sua amiga na cama é bem mais divertida que você.Assim que ele terminou de falar, lágrimas enormes começaram a cair dos olhos de Lúcia.Ela tremia de raiva, os d
- Ou você acha que eu vim porque estou preocupado com você? Lúcia, você está se iludindo. - Sílvio riu, cruelmente.Lúcia tremeu, se apoiando na parede, piscando os olhos inchados: - Você quer tanto assim que eu morra?- Lúcia, você está com amnésia? Ou enlouqueceu? Esse é um dos seus questionamentos favoritos, né? Já perguntou isso umas cem vezes. Você não sabe o quanto eu desejo sua morte? Leopoldo já comprou seu caixão, só falta você morrer para deitar nele. Até os fogos de artifício para seu funeral eu já comprei.Sílvio cruzou os braços, aproximou-se dela, com um sorriso gelado no rosto: - Sua foto favorita é a do nosso casamento, certo? Eu te mando uma cópia para você usar como foto do seu obituário. Sou ou não sou generoso, meu amor?- Nem um dia você pode esperar? Está tão apressado em preparar meu funeral? - Lúcia perguntou, trêmula de raiva.- Exatamente, então se você tiver um pingo de bom senso, morre logo. Afinal, você já quer morrer, não é? Então, quanto antes, melhor,