Sílvio soltou a mão que prendia o pulso dela.Claro que não, ele e Giovana sempre mantiveram distância em particular.- Precisa pensar tanto assim? Vai inventar mais uma desculpa para me enganar?Lúcia olhou fixamente para ele, com um sorriso desfeito, uma beleza trágica estampada no rosto.Sílvio viu os olhos dela vermelhos no canto, engoliu em seco e desviou o olhar, frio: - Fique longe daquele policial.- Sílvio, eu estou te perguntando, você e Giovana realmente transaram? - Lúcia insistiu, com os lábios apertados.Ela queria perder todas as esperanças, queria ouvir a verdade.- Ou você quer que eu espere você morrer para fazer isso? Desculpe, mas não posso esperar tanto. - Disse ele.O olhar cortante e sarcástico de Sílvio voltou a se fixar no rosto de Lúcia.Seus lábios bonitos se curvaram, exibindo um sorriso: - Lúcia, sua amiga na cama é bem mais divertida que você.Assim que ele terminou de falar, lágrimas enormes começaram a cair dos olhos de Lúcia.Ela tremia de raiva, os d
- Ou você acha que eu vim porque estou preocupado com você? Lúcia, você está se iludindo. - Sílvio riu, cruelmente.Lúcia tremeu, se apoiando na parede, piscando os olhos inchados: - Você quer tanto assim que eu morra?- Lúcia, você está com amnésia? Ou enlouqueceu? Esse é um dos seus questionamentos favoritos, né? Já perguntou isso umas cem vezes. Você não sabe o quanto eu desejo sua morte? Leopoldo já comprou seu caixão, só falta você morrer para deitar nele. Até os fogos de artifício para seu funeral eu já comprei.Sílvio cruzou os braços, aproximou-se dela, com um sorriso gelado no rosto: - Sua foto favorita é a do nosso casamento, certo? Eu te mando uma cópia para você usar como foto do seu obituário. Sou ou não sou generoso, meu amor?- Nem um dia você pode esperar? Está tão apressado em preparar meu funeral? - Lúcia perguntou, trêmula de raiva.- Exatamente, então se você tiver um pingo de bom senso, morre logo. Afinal, você já quer morrer, não é? Então, quanto antes, melhor,
Giovana ficou pasma: - Você não vai me levar?- Tenho coisas para fazer.Sílvio olhava para a estrada à frente, com os postes de luz iluminando seu rosto bonito e sério através das folhas das árvores, tornando-o ainda mais frio.Com a outra mão, Sílvio pegou uma caixa de cigarros, tirou um, acendeu-o, baixou o vidro da janela e começou a fumar.- Mas, Sílvio, foi a Lúcia quem me ligou para eu vir te buscar.Giovana mordeu o lábio, insatisfeita.Sílvio respondeu friamente: - Quem ligou, você procura.- Hoje a Lúcia derramou café em mim. Fiquei apavorada. Fica comigo, ou pelo menos me leva para casa. - Giovana, com coragem, puxou o braço de Sílvio, balançando-o em súplica.Sílvio olhou para a mão delicada em seu braço e franziu a testa com desgosto: - Solte.- Sílvio...- Não quero repetir.Giovana sabia que ele era firme em suas decisões.Isso significava que Lúcia havia brincado com ela.Giovana estava furiosa, já era a segunda vez que Lúcia a deixava na mão.O SUV preto parou ao la
O telefone do outro lado continuava a tocar.Mas ninguém atendeu.Já eram onze horas da noite, deveria haver um policial de plantão.Ela ligou duas vezes antes que o telefone fosse atendido, e a voz do outro lado era de um homem, estranhamente familiar: - Delegacia de Polícia, em que posso ajudar?- Eu quero fazer uma denúncia anônima...Lúcia desligou o telefone e ligou para o hospital.Quando a ambulância chegou, Lúcia já estava desmaiada de dor, caída no chão.Os paramédicos rapidamente colocaram Lúcia em uma maca e a levaram para a ambulância.Dentro da mansão, Giovana dormia profundamente quando foi acordada pelo som de batidas na porta do quarto: - Srta. Giovana, Srta. Giovana, acorde, aconteceu uma coisa!Giovana foi despertada, levantou-se da cama e deu um tapa na empregada: - Quantas vezes eu já te disse para não me incomodar enquanto eu durmo? Você perdeu alguém da sua família? Para estar com tanta pressa assim.A empregada, com a mão no rosto, começou a chorar, as lágrima
- Sim, Capitão Basílio. Pode ficar tranquilo, ela não vai escapar.Basílio deu um tapinha no ombro de alguns colegas, tirou o uniforme, empurrou a porta de vidro e foi embora.Giovana continuava tentando se safar, sorrindo para os policiais: - Eu estava apenas brincando com a Lúcia, vocês não vão encontrar nada. Se vocês me soltarem, eu dou dinheiro para vocês, o que acham? É só falar o quanto querem.- O quê? Você está tentando subornar a polícia?Um dos policiais olhou para Giovana como se ela fosse louca, balançando a cabeça em desaprovação.- Não, não é isso que eu quis dizer. Eu sou inocente de verdade. - Giovana tentou se explicar, mas parecia inútil.- Se não é isso, então pare de fazer joguinhos. Não vamos condenar um inocente, mas também não vamos deixar um culpado escapar. - Disse outro policial, com uma expressão séria.Quando Lúcia acordou, já era o dia seguinte.Ela abriu os olhos e percebeu que estava na cama de um hospital.O médico, o mesmo que a diagnosticou com cânce
Sílvio segurava o copo e tomou um gole de água. Ao ouvir aquelas palavras, ele engasgou e começou a tossir.Basílio se inclinou, pegou um guardanapo e o entregou a Sílvio: - Presidente Sílvio, vá com calma.Sílvio não aceitou o guardanapo, preferindo pegar um por conta própria e secar a água dos lábios. Ele sorriu: - Policial, espalhar boatos tem suas consequências.- Recebi uma denúncia anônima, não tive escolha a não ser verificar. Presidente Sílvio, se você estivesse em boa conduta, como poderia ser pego em flagrante? - Basílio sorriu levemente, sem mostrar qualquer sinal de medo.Sílvio estreitou os olhos: - Quem fez a denúncia?Basílio pegou o celular, encontrou uma captura de tela provocativa e uma mensagem, e entregou a Sílvio: - Presidente Sílvio, sua esposa, Lúcia, fez a denúncia. Esta foto foi enviada pela Srta. Giovana para o celular da Sra. Lúcia.O rosto de Sílvio ficou visivelmente mais sombrio, compreendendo instantaneamente as complicações envolvidas.- Presidente
Hoje era dia útil e, mesmo sendo só dez da manhã, a cafeteria estava quase deserta, com apenas ela como cliente. Não importava onde Lúcia se sentasse, seria como estar em um salão privado.Lúcia não pediu café, pois sabia que beber café prejudicaria seu sono. Na vitrine da cafeteria, havia bolinhos de morango recém-preparados, cobertos com uma camada espessa de creme, decorados com morangos vermelhos e suculentos. Apenas com um olhar, ela engoliu em seco.Os bolinhos tinham o tamanho de um pires, e ela pediu um. Com uma colher, pegou uma porção generosa com creme e metade de um morango e levou à boca. Era delicioso e macio, com um sabor incrível.Ao levantar o olhar, Lúcia viu um homem alto, de cerca de um metro e oitenta, usando um chapéu e um uniforme policial, entrando na cafeteria com passos longos e firmes. O atendente, ao ver o policial, ficou surpreso: - Não chamamos a polícia.- Não se preocupe, estou aqui só para tomar um café. - Basílio sorriu amigavelmente. Vendo Lúcia
Lúcia e Basílio ignoraram a provocação. Sílvio caminhou até eles com uma postura firme e elegante. Lúcia e Basílio estavam sentados em um sofá, um assento geralmente escolhido por casais. Sílvio olhou para o bolo de morango ao lado de Basílio e depois para o bolo meio comido de Lúcia. A mesma sobremesa. Um incômodo inexplicável surgiu em seu peito.Sílvio puxou uma cadeira de madeira com encosto da mesa ao lado e se sentou com elegância. O garçom rapidamente trouxe o cardápio, e Sílvio pediu um café expresso, sem açúcar. Quando o garçom estava prestes a sair, Sílvio o chamou de volta, apontou para Basílio e depois para si mesmo, perguntando: - Olhe bem para nós dois. Quem parece mais o marido dela?A atmosfera fria fez o garçom engolir seco. Meu Deus, será que ele disse algo errado?- Não consegue ver? - Sílvio riu de repente. Esse riso gelou a espinha do garçom.Lúcia interveio para ajudar o garçom: - Vá cuidar de suas coisas, não se preocupe com ele.Sílvio forçou um sorriso,