Sílvio segurava o copo e tomou um gole de água. Ao ouvir aquelas palavras, ele engasgou e começou a tossir.Basílio se inclinou, pegou um guardanapo e o entregou a Sílvio: - Presidente Sílvio, vá com calma.Sílvio não aceitou o guardanapo, preferindo pegar um por conta própria e secar a água dos lábios. Ele sorriu: - Policial, espalhar boatos tem suas consequências.- Recebi uma denúncia anônima, não tive escolha a não ser verificar. Presidente Sílvio, se você estivesse em boa conduta, como poderia ser pego em flagrante? - Basílio sorriu levemente, sem mostrar qualquer sinal de medo.Sílvio estreitou os olhos: - Quem fez a denúncia?Basílio pegou o celular, encontrou uma captura de tela provocativa e uma mensagem, e entregou a Sílvio: - Presidente Sílvio, sua esposa, Lúcia, fez a denúncia. Esta foto foi enviada pela Srta. Giovana para o celular da Sra. Lúcia.O rosto de Sílvio ficou visivelmente mais sombrio, compreendendo instantaneamente as complicações envolvidas.- Presidente
Hoje era dia útil e, mesmo sendo só dez da manhã, a cafeteria estava quase deserta, com apenas ela como cliente. Não importava onde Lúcia se sentasse, seria como estar em um salão privado.Lúcia não pediu café, pois sabia que beber café prejudicaria seu sono. Na vitrine da cafeteria, havia bolinhos de morango recém-preparados, cobertos com uma camada espessa de creme, decorados com morangos vermelhos e suculentos. Apenas com um olhar, ela engoliu em seco.Os bolinhos tinham o tamanho de um pires, e ela pediu um. Com uma colher, pegou uma porção generosa com creme e metade de um morango e levou à boca. Era delicioso e macio, com um sabor incrível.Ao levantar o olhar, Lúcia viu um homem alto, de cerca de um metro e oitenta, usando um chapéu e um uniforme policial, entrando na cafeteria com passos longos e firmes. O atendente, ao ver o policial, ficou surpreso: - Não chamamos a polícia.- Não se preocupe, estou aqui só para tomar um café. - Basílio sorriu amigavelmente. Vendo Lúcia
Lúcia e Basílio ignoraram a provocação. Sílvio caminhou até eles com uma postura firme e elegante. Lúcia e Basílio estavam sentados em um sofá, um assento geralmente escolhido por casais. Sílvio olhou para o bolo de morango ao lado de Basílio e depois para o bolo meio comido de Lúcia. A mesma sobremesa. Um incômodo inexplicável surgiu em seu peito.Sílvio puxou uma cadeira de madeira com encosto da mesa ao lado e se sentou com elegância. O garçom rapidamente trouxe o cardápio, e Sílvio pediu um café expresso, sem açúcar. Quando o garçom estava prestes a sair, Sílvio o chamou de volta, apontou para Basílio e depois para si mesmo, perguntando: - Olhe bem para nós dois. Quem parece mais o marido dela?A atmosfera fria fez o garçom engolir seco. Meu Deus, será que ele disse algo errado?- Não consegue ver? - Sílvio riu de repente. Esse riso gelou a espinha do garçom.Lúcia interveio para ajudar o garçom: - Vá cuidar de suas coisas, não se preocupe com ele.Sílvio forçou um sorriso,
O amargor nos lábios de Lúcia feriu profundamente seus olhos.Ele não quis dizer aquilo, não daquela forma. O homem começou a falar para se explicar, mas Lúcia afastou seu pulso: - Se você não voltar, amanhã verá você e Giovana estampados na capa dos jornais.As palavras de Sílvio ficaram presas em sua garganta, sem conseguir sair.Ela foi embora, e ele não a seguiu.O garçom então trouxe o café embalado e o colocou diante de Sílvio: - Senhor, seu café.- Eu sou o marido dela. - Sílvio pegou o café embalado, com um olhar frio que caiu sobre o rosto chocado do garçom. - Entendeu?O garçom engoliu em seco, pensando em como ele podia ser tão mesquinho: - Entendi, senhor. Desculpe-me, eu me equivoquei. Mas você e sua esposa realmente combinam.Sílvio saiu da cafeteria sem expressão.O garçom soltou um suspiro de alívio, respirando profundamente.Antes, toda vez que Sílvio voltava para a Mansão do Baptista, Lúcia preparava o jantar, esperando por ele.Sílvio já não lembrava a última vez
- Espero que você saiba onde é o seu lugar.Ao ouvir isso, a raiva de Sílvio voltou a incendiar seus olhos.- Você me odeia tanto que chega a doer, mas finge se importar comigo. Você não se cansa? Eu já estou cansado só de olhar.As palavras frias de Lúcia irritaram ainda mais Sílvio: - Você me chamou de volta pra dizer alguma coisa ou não?Lúcia, como se tivesse lembrado de algo, colocou o copo de água na mesa, pegou três documentos ao lado do sofá e os jogou na cara de Sílvio com a mesma força que ele usara ao jogar os papéis do divórcio nela.- Presidente Sílvio, dê uma olhada. Se estiver tudo certo, assine.A ponta afiada dos documentos passou raspando pelo rosto de Sílvio.Sua pele foi cortada, deixando uma linha vermelha.Lúcia viu, mas agiu como se não tivesse notado, baixando os olhos e abrindo a gaveta para pegar uma caneta.Os três documentos caíram ao lado dos sapatos de couro preto de Sílvio.Ele se abaixou, pegou os papéis e os abriu, rindo: - O que você está tramando ag
Lúcia só queria se livrar daquilo, sem pensar nas complicações que sua falta de explicação traria para Basílio no futuro.Sílvio sentou-se no sofá ao lado dela e abriu o acordo de divórcio, examinando-o com atenção.Pelo canto do olho, viu Lúcia se afastar, mantendo uma distância deliberada.Sílvio apertou o acordo nas mãos.No papel, estava claro que ela concordava em sair sem nada.Lúcia se levantou e colocou a caneta na mesa de centro à sua frente: - Se está tudo certo, assine.- Sua mãe sabe que você quer se divorciar?Sílvio perguntou despreocupadamente, sem levantar os olhos para ela, com um tom leve e desinteressado.Lúcia não se surpreendeu. Ele nunca valorizou aquele casamento, muito menos a ela.Seus dedos se apertaram. Na verdade, ela ainda não tinha tido a chance de contar à mãe.Se sua mãe soubesse, certamente tentaria impedi-la, com medo de que Lúcia não conseguisse se sustentar sem Sílvio.A única solução era agir primeiro e contar depois.- Ela sabe. - Lúcia respondeu,
Sílvio segurou o rosto dela com força e a beijou intensamente, interrompendo as palavras que Lúcia ainda não havia terminado de dizer.Um sentimento de humilhação rapidamente tomou conta de todo o corpo de Lúcia, que empurrou o homem com força.Ela deu um tapa no rosto dele, que estava de perfil: - Sílvio, não seja tão abusivo!Depois do tapa, Lúcia se arrependeu imediatamente, sentindo um medo profundo. Aquele homem era um perverso, um verdadeiro monstro, e certamente não a deixaria em paz. Mas ela estava tão furiosa que não conseguiu se conter.Imediatamente, uma mão áspera segurou sua cintura delgada.Antes que pudesse reagir, Sílvio a puxou para junto de seu corpo, pressionando-a contra seu abdômen firme, coberto pela camisa cinza.Mesmo através do tecido, ela sentia o calor do corpo dele.Ela tentou se soltar, mas a mão dele, como aço, a segurava cada vez mais firme.- O que você está fazendo?Lúcia tentou se afastar, pressionando as mãos contra o peito dele, olhando-o nos olhos
Lúcia mordeu os lábios, tremendo de raiva: - Você precisa mesmo me humilhar assim?- Dormir com o marido, o prazer entre um casal, não era isso que você sempre desejou? Ou será que aquele policial já te satisfez tanto que você nem quer mais dormir com o próprio marido? - Sílvio riu levemente.As palavras dele eram como facas, cortando o coração de Lúcia em pedaços, deixando-o em carne viva.- Sílvio, eu não sou como você, eu não dependo de um homem para viver! - Lúcia gritou, com os dentes cerrados.Sílvio sorriu com desprezo e se virou para sair.Quando estava prestes a sair pela porta da Mansão do Baptista, ouviu um choro trêmulo atrás de si: - Eu aceito! Sílvio, eu aceito...O corpo de Sílvio ficou tenso por um momento.Ele conhecia Lúcia, sabia que ela era orgulhosa e que se rebaixar para agradar um homem era pior que morrer para ela.Mas ela aceitou, para conseguir o divórcio, ela aceitou.Sílvio não se virou, ficou parado.Aquilo ele não esperava.Lúcia se aproximou, forçando a