- Sra. Lúcia, é assim que você pede ajuda? - Ele desligou o computador com frieza e se levantou para sair. - Agora não quero mais me divorciar. Por favor, vá embora.Lúcia agarrou o pulso dele, sua voz finalmente suavizando: - Sílvio, eu realmente não tenho outra opção.Ela não chorou, apenas mordeu o lábio, implorando: - Eu aceito o divórcio, não vou mais te incomodar, por favor, me ajude…Foi a primeira vez que Lúcia se mostrou tão vulnerável diante dele.Mesmo assim, ele afastou a mão dela: - Mas eu quero mais do que ninguém que ele morra.- Sílvio, você está enganado sobre ele, ele é seu sogro. Ou então, diga suas condições, o que você quer para me ajudar?Sua voz, antes firme, agora tremia levemente.Ele não olhou para trás, carregando o paletó claro no braço.Ao ouvir o som, Sílvio se virou.Lúcia, a orgulhosa filha de Abelardo, a quem ele sempre tratou como uma princesa, agora estava ajoelhada diante dele.Seus olhos mostravam surpresa. Nem quando ele estava com Giovana, nem
Quando Lúcia viu claramente quem estava à sua frente, seus dedos se fecharam com força, e um lampejo de autodepreciação passou por seus olhos.Ela tinha imaginado demais, como poderia ser Sílvio?Se Sílvio não quisesse que ela sofresse, a família Baptista não estaria na situação em que se encontrava.Lúcia sentiu um nó no peito, levantando o olhar obstinado para Giovana. Giovana, que um dia fora sua amiga mais próxima, agora lhe parecia absolutamente repugnante.Giovana, toda maquiada e elegante, vestia roupas de grife e sapatos de salto alto fino. Rindo com desprezo, cobriu a boca: - Ora, ora, não é a filha mais orgulhosa e querida da família Baptista? Quem diria que um dia você se ajoelharia pedindo ajuda? Eu me lembro que, quando seu marido te tratava com frieza querendo o divórcio, você não se rebaixou assim.- Saia daqui!Lúcia nem se deu ao trabalho de olhar para ela, soltando a palavra com desdém.- Pfff, você está prestes a ser abandonada e ainda é tão arrogante? Lúcia, a cois
As mãos delicadas e alvas de Lúcia foram pisoteadas por inúmeras botas e sapatos.A dor fazia com que lágrimas escorressem de seus olhos e o suor frio brotasse em sua testa.Mas ele havia ido embora, saindo pela porta dos fundos do Grupo Baptista com Giovana, deixando-a sozinha.Que ridículo! Ela ainda nutria uma esperança, acreditando que ele viria salvá-la!Ele só se lembrava de Giovana, esquecendo completamente que sua esposa estava sendo cercada pela imprensa.Câmeras e microfones invadiam seu rosto desesperadamente. Ela tentou se levantar, mas foi empurrada de volta à neve pelos repórteres.As perguntas da mídia eram cruéis, os microfones quase enfiados em sua boca, questionando sobre o estado de seu casamento com Sílvio, se seu pai estava gravemente doente e morrendo, e se ela estava ajoelhada ali porque havia feito algo errado.Cada pergunta perfurava seu coração.“Sílvio, você conseguiu! Você pisoteou a dignidade e o orgulho de Lúcia, que sempre foram tão importantes para ela.”
Ela segurava o celular, sentada no pilar da ponte, que estava gelado como gelo.- E se foi, o que importa? E se não foi, o que muda? - Sílvio riu com indiferença.Mesmo nessa situação, ele ainda conseguia rir. Era a escória máxima.Mas, no fim, isso realmente já não importava mais.- Sílvio, eu já fiz o que você pediu, fiquei ajoelhada por duas horas em frente ao Grupo Baptista.- Devo te dar uma medalha por isso? - Ele respondeu, cheio de sarcasmo.- Você deveria cumprir sua promessa e me dar os cinco milhões.Ela falou com dificuldade, e ele fingia não entender, forçando-a a lembrá-lo repetidamente, sem vergonha.- Sra. Lúcia, quando foi que eu prometi salvar seu pai?- Sílvio! - Lúcia apertou fortemente o celular.- Acho que o que eu disse foi que eu queria mais que qualquer um que ele morresse, não? Você é que foi idiota o suficiente para ficar de joelhos no frio, isso é problema seu. Quem mandou ser masoquista?Todas as defesas de Lúcia desmoronaram.Segurando o celular, ela choro
Os braços de Lúcia estavam perdendo força. No entanto, ela precisava saber se aquela ligação era do Sílvio, essa resposta era crucial para ela.Com dificuldade, ela se esforçou para pegar o celular que estava na pia do banheiro. Olhou para a tela e, com um sorriso amargo, atendeu a chamada, acionando o viva-voz com dificuldade:- Lúcia, o dinheiro já está chegando? Seu pai acabou de receber a segunda notificação de estado grave do hospital! Eles querem transferi-lo, não vão esperar mais... Filha, eu não sei mais o que fazer, realmente não sei. Se você está enfrentando algum problema, me diga, por favor. Estou te implorando. Eu não posso perder seu pai, eu o amo. Sem ele, eu não consigo viver.Sandra, do outro lado da linha, estava desesperada, à beira do colapso, chorando compulsivamente. Sua voz era um apelo angustiado.O corpo de Lúcia estava inchado pela água morna da banheira, que parecia penetrar suas veias como milhares de formigas brancas devorando-a por dentro.- Por favor, es
Sílvio a tirou da banheira, com o rosto sério e frio, e a carregou para fora da casa.Curiosamente, ela conseguiu ver nos olhos dele algo que nunca imaginara: preocupação, medo e nervosismo.Ela devia estar realmente à beira da morte, vendo essas alucinações irreais.Lúcia perdeu a consciência completamente.Sílvio, vestindo um terno preto, percebeu que havia algo errado com a mulher que carregava assim que chegaram à garagem subterrânea. Ele verificou sua respiração com os dedos.As sobrancelhas bem desenhadas de Sílvio se franziram instantaneamente, e ele rapidamente a colocou no banco do passageiro.Dirigiu rapidamente em direção ao hospital.Os semáforos vermelhos pelo caminho fizeram Sílvio socar o volante com força.Ele tomou um caminho com menos semáforos, pisando fundo no acelerador. A velocidade aumentava vertiginosamente.As veias saltavam nas mãos de Sílvio enquanto ele segurava o volante.O rosto outrora bonito estava agora tenso e rígido devido à raiva e frustração.Ele pe
Sílvio levantou os olhos, semicerrando-os enquanto observava o crachá retangular preso ao jaleco do médico que dizia “Médico Chefe”.Sílvio então avaliou o médico: um homem alto e magro, de traços delicados e aparência agradável. Muitas jovens atualmente apreciavam esse tipo de homem.O médico também estudava Sílvio com curiosidade. Vestindo um terno preto e óculos de armação dourada apoiados em seu nariz aristocrático, ele tinha lábios finos e, mesmo sem falar, sua presença imponente deixava claro que não era uma pessoa comum. Ele e Lúcia realmente pareciam um casal.- O senhor deve ser o marido da Lúcia, certo? - O médico perguntou novamente, apertando os lábios.- Não! - Sílvio negou friamente.- Então você é um parente dela?O médico não queria perder a oportunidade, pois a condição de Lúcia era realmente grave, e era essencial informar a família.- Você está interessado nela? - Sílvio sorriu friamente.O médico sentiu um calafrio nas costas com aquele sorriso e acenou com a mão:
- Sr. Sílvio disse que está muito ocupado e não virá. - Marina parecia constrangida.Será que ele não havia transferido o dinheiro para sua mãe? E seu pai, como estaria?Lúcia olhou em volta, levantou as cobertas e os travesseiros, mas algo estava faltando.- Sra. Lúcia, o que está procurando? - Marina colocou a canja de galinha no criado-mudo, olhando para ela sem entender. - Me diga, eu ajudo a procurar.- Meu celular! Onde vocês esconderam meu celular? - Perguntou Lúcia.- O celular foi levado pelo Sr. Sílvio. - Respondeu Marina.Sílvio realmente pegou seu celular? Por isso sua mãe não conseguia entrar em contato com ela.Lúcia entrou em pânico, segurou a mão de Marina e suplicou: - Marina, posso usar seu celular? É uma emergência.- Sra. Lúcia, não é que eu não queira emprestar, mas o Sr. Sílvio disse que, se eu quisesse continuar trabalhando aqui, teria que entregar meu celular até que você se recuperasse completamente. Então, eu também estou sem celular.Marina balançou a cabeça