Capítulo 6
A enfermeira falava com um tom de ironia e desdém:

- Se você não pretende fazer a cirurgia do seu pai, então leve-o daqui. Deixá-lo no hospital à toa é um desperdício de recursos públicos.

Essa mesma enfermeira que, havia apenas quatro horas, tinha um sorriso largo no rosto enquanto recebia o pagamento, agora mostrava seu lado indiferente. A hipocrisia das pessoas era impressionante.

No entanto, ela não tinha tempo para culpar ninguém. Sabia que ninguém ajudaria um estranho sem esperar algo em troca.

Para evitar que sua mãe passasse por constrangimentos, ela mentiu com tranquilidade:

- O dinheiro estará na conta antes da noite.

- É mesmo? - A enfermeira parecia surpresa e esperançosa.

- Espere até o dinheiro estar na conta. - Disse Lúcia.

Desligando o telefone, ela ligou para Sílvio, pedindo que ele voltasse para casa para discutirem o divórcio.

A única carta que ainda tinha na manga era negociar os termos do divórcio com Sílvio.

O fato de cinco milhões de reais ser a última gota de água para destruir seu casamento era realmente irônico!

Ela foi até uma loja de impressão na rua, imprimiu novamente o acordo de divórcio com as alterações nos termos, e então dirigiu até o Grupo Baptista.

Sílvio era um verdadeiro workaholic, ele não gostava de eventos sociais e geralmente ficava até tarde no escritório.

Ela escolheu ir depois do expediente. O prédio estava escuro, exceto pela luz no escritório do presidente.

Desde que se desentendeu com Sílvio, não tinha voltado ao Grupo Baptista. Antes, a empresa tinha apenas dois andares, agora, sob a liderança de Sílvio, havia se expandido para ocupar um prédio inteiro.

Na enorme tela eletrônica do prédio do Grupo Baptista, uma grande foto estava sendo exibida. O homem na foto era seu marido.

Sílvio, com sua figura esguia, vestindo um terno sob medida, estava sentado em uma cadeira, com as pernas cruzadas, uma expressão séria e um olhar penetrante, exalando autoridade.

Realmente, a roupa fazia o homem.

Quando Lúcia conheceu Sílvio, ele usava camisas brancas desbotadas e comia a comida mais barata.

Quem poderia imaginar que o tímido e inseguro Sílvio de antes se tornaria um homem poderoso e confiante?

Sem tempo para nostalgia, Lúcia precisava encontrá-lo para conseguir o dinheiro e salvar a vida de seu pai.

Ela empurrou a porta do escritório do presidente.

- Pode ir para casa, não precisa se preocupar comigo.

O homem, vestindo uma camisa branca e colete preto, falou com um tom gentil.

Lúcia ficou surpresa. Ele parecia tratar seus subordinados melhor do que a ela.

Quando ele levantou os olhos e a viu, sua expressão mudou ligeiramente. Ele estreitou os olhos e esboçou um sorriso frio e desdenhoso:

- Você não disse que só se divorciaria depois de morta? Como é que ainda está viva e já veio me procurar?

- Sílvio, me dê cinco milhões.

Lúcia entrou na sala e foi direta ao ponto.

O homem, embora não estivesse surpreso com a visita repentina, lançou-lhe um olhar cortante e sarcástico:

- Você acha que vale cinco milhões?

Ninguém sabia, mas a mão de Lúcia, que segurava o acordo de divórcio, tremia ligeiramente. Ela sabia melhor do que ninguém que o homem à sua frente, apesar da aparência elegante, era um verdadeiro canalha.

Ela abriu o acordo de divórcio e colocou-o sobre a mesa dele:

- Este é o acordo de divórcio que eu modifiquei.

- Com que argumento você acha que pode negociar comigo? Lúcia, quem te deu essa confiança?

Sílvio nem olhou para o documento. Em vez disso, olhou para ela com desprezo.

- Simplesmente porque o Presidente Sílvio está interessado na minha amiga Giovana. Você quer se casar com ela e lhe dar uma casa.

Sílvio permaneceu impassível, acariciando o queixo com seus longos dedos.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor.

O sorriso falso no rosto de Lúcia estava começando a cansá-la.

- Sílvio, com apenas cinco milhões, você pode se livrar de mim.

Ele riu com desdém:

- Então é isso, você se preocupa tanto com aquele velho Abelardo?

- Sílvio, você deveria mostrar pelo menos um pouco de respeito pelo seu sogro. Podemos renegociar os termos do divórcio. - Lúcia cerrou os punhos, mas a razão lhe dizia que não podia perder a calma. Naquela situação, Sílvio era sua última esperança.

Ela manteve a compostura e falou com suavidade.

Ao ouvir isso, Sílvio pegou o acordo de divórcio.

Com um som de rasgo, ele o despedaçou em várias partes e jogou os pedaços na lixeira.
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