Ela segurava o celular, sentada no pilar da ponte, que estava gelado como gelo.- E se foi, o que importa? E se não foi, o que muda? - Sílvio riu com indiferença.Mesmo nessa situação, ele ainda conseguia rir. Era a escória máxima.Mas, no fim, isso realmente já não importava mais.- Sílvio, eu já fiz o que você pediu, fiquei ajoelhada por duas horas em frente ao Grupo Baptista.- Devo te dar uma medalha por isso? - Ele respondeu, cheio de sarcasmo.- Você deveria cumprir sua promessa e me dar os cinco milhões.Ela falou com dificuldade, e ele fingia não entender, forçando-a a lembrá-lo repetidamente, sem vergonha.- Sra. Lúcia, quando foi que eu prometi salvar seu pai?- Sílvio! - Lúcia apertou fortemente o celular.- Acho que o que eu disse foi que eu queria mais que qualquer um que ele morresse, não? Você é que foi idiota o suficiente para ficar de joelhos no frio, isso é problema seu. Quem mandou ser masoquista?Todas as defesas de Lúcia desmoronaram.Segurando o celular, ela choro
Os braços de Lúcia estavam perdendo força. No entanto, ela precisava saber se aquela ligação era do Sílvio, essa resposta era crucial para ela.Com dificuldade, ela se esforçou para pegar o celular que estava na pia do banheiro. Olhou para a tela e, com um sorriso amargo, atendeu a chamada, acionando o viva-voz com dificuldade:- Lúcia, o dinheiro já está chegando? Seu pai acabou de receber a segunda notificação de estado grave do hospital! Eles querem transferi-lo, não vão esperar mais... Filha, eu não sei mais o que fazer, realmente não sei. Se você está enfrentando algum problema, me diga, por favor. Estou te implorando. Eu não posso perder seu pai, eu o amo. Sem ele, eu não consigo viver.Sandra, do outro lado da linha, estava desesperada, à beira do colapso, chorando compulsivamente. Sua voz era um apelo angustiado.O corpo de Lúcia estava inchado pela água morna da banheira, que parecia penetrar suas veias como milhares de formigas brancas devorando-a por dentro.- Por favor, es
Sílvio a tirou da banheira, com o rosto sério e frio, e a carregou para fora da casa.Curiosamente, ela conseguiu ver nos olhos dele algo que nunca imaginara: preocupação, medo e nervosismo.Ela devia estar realmente à beira da morte, vendo essas alucinações irreais.Lúcia perdeu a consciência completamente.Sílvio, vestindo um terno preto, percebeu que havia algo errado com a mulher que carregava assim que chegaram à garagem subterrânea. Ele verificou sua respiração com os dedos.As sobrancelhas bem desenhadas de Sílvio se franziram instantaneamente, e ele rapidamente a colocou no banco do passageiro.Dirigiu rapidamente em direção ao hospital.Os semáforos vermelhos pelo caminho fizeram Sílvio socar o volante com força.Ele tomou um caminho com menos semáforos, pisando fundo no acelerador. A velocidade aumentava vertiginosamente.As veias saltavam nas mãos de Sílvio enquanto ele segurava o volante.O rosto outrora bonito estava agora tenso e rígido devido à raiva e frustração.Ele pe
Sílvio levantou os olhos, semicerrando-os enquanto observava o crachá retangular preso ao jaleco do médico que dizia “Médico Chefe”.Sílvio então avaliou o médico: um homem alto e magro, de traços delicados e aparência agradável. Muitas jovens atualmente apreciavam esse tipo de homem.O médico também estudava Sílvio com curiosidade. Vestindo um terno preto e óculos de armação dourada apoiados em seu nariz aristocrático, ele tinha lábios finos e, mesmo sem falar, sua presença imponente deixava claro que não era uma pessoa comum. Ele e Lúcia realmente pareciam um casal.- O senhor deve ser o marido da Lúcia, certo? - O médico perguntou novamente, apertando os lábios.- Não! - Sílvio negou friamente.- Então você é um parente dela?O médico não queria perder a oportunidade, pois a condição de Lúcia era realmente grave, e era essencial informar a família.- Você está interessado nela? - Sílvio sorriu friamente.O médico sentiu um calafrio nas costas com aquele sorriso e acenou com a mão:
- Sr. Sílvio disse que está muito ocupado e não virá. - Marina parecia constrangida.Será que ele não havia transferido o dinheiro para sua mãe? E seu pai, como estaria?Lúcia olhou em volta, levantou as cobertas e os travesseiros, mas algo estava faltando.- Sra. Lúcia, o que está procurando? - Marina colocou a canja de galinha no criado-mudo, olhando para ela sem entender. - Me diga, eu ajudo a procurar.- Meu celular! Onde vocês esconderam meu celular? - Perguntou Lúcia.- O celular foi levado pelo Sr. Sílvio. - Respondeu Marina.Sílvio realmente pegou seu celular? Por isso sua mãe não conseguia entrar em contato com ela.Lúcia entrou em pânico, segurou a mão de Marina e suplicou: - Marina, posso usar seu celular? É uma emergência.- Sra. Lúcia, não é que eu não queira emprestar, mas o Sr. Sílvio disse que, se eu quisesse continuar trabalhando aqui, teria que entregar meu celular até que você se recuperasse completamente. Então, eu também estou sem celular.Marina balançou a cabeça
- Como é que eu vou saber como está seu pai? Pergunta pra sua mãe. - Sílvio riu friamente, sem nem ao menos considerar responder diretamente.Ela ficou ainda mais furiosa, reprimindo a chama dentro de si: - Você confiscou meu celular, não consigo contatá-los. Você deu dinheiro para minha mãe ou não deu?Ela esperava ver alguma reação no rosto de Sílvio, qualquer sinal.Já fazia dias desde que não tinham notícias do pai dela, ela precisava saber se ele estava vivo ou morto, se Sílvio havia transferido o dinheiro para ele!Mas a expressão inexpressiva dele a deixou cada vez mais inquieta.- Você não transferiu o dinheiro, certo? - Lúcia perguntou ansiosamente.- Começa bebendo a canja de galinha que a Marina fez pra você. - Sílvio olhou friamente para ela.Seu coração se apertou com a forma como ele desviou o assunto. Ela se sentiu cada vez mais angustiada.O que estava acontecendo afinal? Ele realmente não transferiu o dinheiro? Então, seu pai...- Sílvio, me diz! Você cumpriu sua prom
- Repete isso! Sílvio, repete o que você disse! Lúcia, ao ouvir o sussurro dele, ficou furiosa, seus olhos ardendo de raiva enquanto ela o encarava e rugia.Seu corpo tremia de raiva...- Lúcia, você ainda é jovem, mas já está com problemas de audição? Não importa quantas vezes eu diga, a resposta será sempre a mesma! - Sílvio sorriu levemente.Esse desgraçado ainda tinha a coragem de sorrir. Aquele era o seu sogro, afinal.Lúcia tentou agarrar o colarinho dele, mas seu pulso foi imediatamente segurado por ele: - Sra. Lúcia, pessoas civilizadas usam palavras, não violência.- Como meu pai morreu? Me diga, Sílvio, por que ele morreu? - Lúcia perguntou com os olhos cheios de ira e lágrimas.Seus lábios frios e desdenhosos formaram um sorriso: - Por que ele morreu? Sra. Lúcia, você não sabe? Porque você foi uma filha ingrata e não conseguiu arrecadar os cinco milhões para a cirurgia!Ele não tinha transferido o dinheiro!Sílvio realmente não havia transferido o dinheiro, esse desgraçad
- Calar a boca? Por que eu faria isso? Seu pai era mesmo um canalha! Ele morreu sem receber tratamento, do lado de fora da sala de cirurgia! Foi o castigo dele!Sílvio estava satisfeito com a reação desolada de Lúcia e soltou a mão dela com um movimento brusco. Lúcia caiu sobre a colcha cinza. Deitada, ela formava punhos com os dedos, batendo repetidamente no tecido. Ela sempre achou que Sílvio era um ingrato, mas nunca imaginou que ele fosse tão cruel.Ele a forçou a se divorciar usando abuso emocional, deixou seu pai morrer sem ajuda, e agora havia internado sua mãe em um hospício. Raiva, ódio, frustração e ressentimento inundaram o coração de Lúcia.- Agora você pode sentir a dor que eu senti por perder minha família todos esses anos? Isso é o seu merecido castigo! - Sílvio curvou os lábios em um sorriso frio, desviou o olhar e se virou para sair.O olhar de Lúcia se fixou na tesoura deixada na mesa de cabeceira. Esse desgraçado, ela estava determinada a acabar com ele de uma vez p