Ela estava com a mente distante, e sempre que escrevia, era a mesma frase: [Lúcia gosta de Sílvio.]Lúcia gostava de Sílvio.Mas Sílvio a amaldiçoava, desejando sua morte, e não apenas uma vez.Ele até já tinha preparado a mortalha e o funeral dela.Um homem tão cruel e desumano, ela não queria e não podia mais gostar dele.Seu coração estava apertado e dolorido, como se estivesse sendo queimado por um fogo intenso, já sem nenhuma gota de água.Lúcia rasgou a folha de rosto com firmeza, amassou-a com uma expressão complexa e a jogou na lixeira aos seus pés.- Srta. Lúcia, me desculpe, não deveria ter falado nada, por favor, não fique brava.Marina, vendo a expressão dela, achou que Lúcia estava chateada e se apressou em pedir desculpas.Lúcia sorriu suavemente: - Não estou brava, me leve para jantar.- Certo.Com as mãos no guidão da cadeira de rodas, Marina a empurrou para fora do quarto, em direção à sala de jantar.…No escritório do presidente do Grupo Baptista.Sílvio estava con
- Não é à toa que? - Leopoldo perguntou.Marina desviou do assunto, comentando: - Leopoldo, a Srta. Lúcia vai a um funeral depois de amanhã. Eu queria acompanhá-la, mas ela insistiu em ir sozinha.- Entendi. O salário desses dias será transferido para sua conta em breve.Após desligar o telefone, Leopoldo se dirigiu ao escritório do presidente do Grupo Baptista. Bateu na porta da sala do presidente.- Entre. - Sílvio disse friamente, sem olhar para ele.O chefe estava ocupado, sem tempo para prestar atenção nele. Leopoldo mordeu os lábios, não conseguindo segurar a pergunta: - Presidente Sílvio, o senhor vai ao funeral depois de amanhã?- Funeral da Olga? - Sílvio levantou os olhos, olhando profundamente para Leopoldo. - Quem te contou isso? A Giovana?Leopoldo ficou confuso, depois negou: - Não, foi a cuidadora da Sra. Lúcia quem me disse. Ela mencionou que a senhora iria sozinha ao funeral.- Ela já está recuperada? - Sílvio perguntou impassível.Leopoldo assentiu: - Pelo que a M
Sílvio sorriu com frieza e, em tom sarcástico, disse: - Leopoldo, agora é hora de trabalho. Se você está tão preocupado com ela, pode pedir demissão e virar assistente pessoal da Lúcia.- Foi um erro meu falar demais. Não vai acontecer de novo.Leopoldo sabia que aquilo era um sinal da irritação do chefe. Ele pegou a versão final do contrato, verificou e saiu do escritório do presidente.Sílvio voltou ao trabalho, como se a segurança de Lúcia não valesse a interrupção.No dia seguinte, Lúcia, sem disposição de cozinhar, pediu comida delivery.Seu celular tocou com um número desconhecido.Sem pensar muito, Lúcia atendeu.- Lúcia, quanto tempo, hein?A voz debochada de Giovana soou no telefone.Lúcia segurou o celular, e a irritação e repulsa tomaram conta dela: - O que foi? Não bebeu água suficiente na piscina da última vez e quer mais?- Lúcia, eu estou só tentando ser legal contigo. Amanhã é o funeral da Olga. Você não vai dar o último adeus?Lúcia deu uma risada fria: - O que eu
O choque de Giovana do outro lado da linha era evidente.Sílvio olhou para a gravata e disse friamente: - É só um contrato. Nada é mais importante que você.- Sílvio, eu não sabia que você se importava tanto comigo. Estou emocionada. Você ser tão bom comigo de repente... Eu nem sei como reagir... - Giovana estava claramente descontrolada de emoção.Sílvio, no entanto, desligou o telefone e fechou a gaveta novamente.“Sílvio, esta é a última vez que você se preocupa com ela, que a protege. Ela é sua inimiga.”…Na Mansão do Baptista.O coração de Lúcia batia cada vez mais rápido, uma inquietação a dominava.Sua intuição lhe dizia que algo aconteceria no dia seguinte.Mas ela não sabia exatamente o quê.Esse sentimento de desequilíbrio, de não ter controle sobre a situação, a sufocava.Ela tentou se acalmar, dizendo a si mesma para não ter medo, que o destino era inevitável, fosse bom ou ruim.Ela saberia o que aconteceria em poucas horas.Esperar do anoitecer ao amanhecer drenou todas
A imagem e o sorriso de Olga não saíam da cabeça de Lúcia. No avião, Olga chorou incontrolavelmente, e no quarto do hotel, ajoelhou-se diante dela, agradecendo por ter reservado o quarto.“Srta. Lúcia, hoje à noite é meu aniversário. Por favor, venha. Não preciso de presente, sua presença é o melhor presente que poderia ter.”“Srta. Lúcia, o que você gosta? Tem algum desejo?”“Vou lhe dar um presente, mas só poderá recebê-lo daqui a meio mês. Por favor, tenha paciência, Srta. Lúcia.”“Srta. Lúcia, obrigada por vir ao meu aniversário. Não se esqueça de receber o presente que lhe darei.”Lúcia se lembrou das palavras de Olga. Ao pensar nisso, seu coração se encheu de emoções conflitantes, e seus olhos ficaram marejados, sentindo uma dor inexplicável.Talvez fosse um presságio. Daqui a um mês, ela poderia ter o mesmo destino, deitada em um caixão de cristal, recebendo as condolências de amigos e familiares.Ela viu algumas velas na mesa, com o papel de embrulho rasgado, espalhadas de for
- Policial, eu transferi o valor da corrida para você, mas você não aceitou. Quer fazer um preço, então?Lúcia ainda se lembrava dessa situação, ela não gostava de ficar devendo favores.O homem olhou para ela e sorriu: - Foi só uma gentileza, não precisa se preocupar tanto. Já disse, ajudar você faz parte do meu trabalho. Se fosse outra pessoa, faria o mesmo.- Mas eu não quero abusar da sua boa vontade. - Lúcia apertou os lábios.Ele brincou: - Se quer me agradecer de verdade, viva sua vida da melhor forma possível. Não vá fazer como a Olga e nos dar mais problemas.Ele estava, de fato, dizendo para ela não tomar decisões extremas, não importava o quão difícil fosse.- Pode deixar, eu tenho muito medo da dor e prezo muito pela minha vida.Lúcia riu, como se estivesse tranquilizando tanto a ele quanto a si mesma.Ainda havia muitas coisas para resolver, e o tempo era curto. Ela não poderia se dar ao luxo de desistir da vida.Lúcia franziu a testa, como se tivesse lembrado de algo, e
A atenção de todos estava em Sílvio. Inclusive a de Lúcia.Seu coração batia tão rápido que parecia prestes a saltar pela boca. Lúcia apertou os lábios e fixou o olhar em Sílvio, esperando sua resposta. Sim ou não.Sílvio desviou o olhar de Lúcia com frieza e respondeu indiferente: - Meu nome é Sílvio.Giovana, que estava inicialmente tensa, relaxou e sorriu suavemente para Raimunda: - Pode chamá-lo de Sr. Sílvio.- Sr. Sílvio, muito prazer! Dá para ver que é uma pessoa de posses. Que elegância, que porte... - Raimunda estendeu a mão, tentando estabelecer uma relação com Sílvio. Ela não sabia que ele era marido de Lúcia, muito menos que sua filha havia sido demitida do hospital por ele.Na mente de Raimunda, só havia um pensamento: agarrar-se firmemente a Giovana, na esperança de colher benefícios futuros que poderiam garantir um bom sustento.Sílvio olhou para a mão estendida de Raimunda, que estava cheia de calos grossos. Vendo que ele não queria apertar sua mão, Raimunda deixo
- Lúcia, se você não quer falar, tudo bem, eu não pergunto mais. Se você ainda está chateada comigo por causa do que aconteceu da última vez, eu posso pedir desculpas, está bem?Giovana mordeu os lábios com uma expressão de tristeza, olhando para Lúcia com um rosto cheio de remorso.Lúcia ficou enojada com suas palavras e simplesmente a ignorou.- Você não fez nada de errado, não precisa pedir desculpas a ela. - Sílvio disse com indiferença.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava entorpecido, doeu tanto que ela mal conseguia respirar.Ele sempre achou que Giovana não estava errada, a errada era sempre ela...Sílvio olhou para Giovana, seu tom era frio e sem emoção: - Estou tranquilo por ter te trazido aqui, mas tenho um contrato para assinar, preciso ir agora.Se soubesse disso, ele nem teria vindo hoje.Lúcia soltou um riso sarcástico. Seu marido estava se despedindo carinhosamente da amante na frente dela, que era sua esposa. Que ironia e que piada!Esses dois eram tão apa