A imagem e o sorriso de Olga não saíam da cabeça de Lúcia. No avião, Olga chorou incontrolavelmente, e no quarto do hotel, ajoelhou-se diante dela, agradecendo por ter reservado o quarto.“Srta. Lúcia, hoje à noite é meu aniversário. Por favor, venha. Não preciso de presente, sua presença é o melhor presente que poderia ter.”“Srta. Lúcia, o que você gosta? Tem algum desejo?”“Vou lhe dar um presente, mas só poderá recebê-lo daqui a meio mês. Por favor, tenha paciência, Srta. Lúcia.”“Srta. Lúcia, obrigada por vir ao meu aniversário. Não se esqueça de receber o presente que lhe darei.”Lúcia se lembrou das palavras de Olga. Ao pensar nisso, seu coração se encheu de emoções conflitantes, e seus olhos ficaram marejados, sentindo uma dor inexplicável.Talvez fosse um presságio. Daqui a um mês, ela poderia ter o mesmo destino, deitada em um caixão de cristal, recebendo as condolências de amigos e familiares.Ela viu algumas velas na mesa, com o papel de embrulho rasgado, espalhadas de for
- Policial, eu transferi o valor da corrida para você, mas você não aceitou. Quer fazer um preço, então?Lúcia ainda se lembrava dessa situação, ela não gostava de ficar devendo favores.O homem olhou para ela e sorriu: - Foi só uma gentileza, não precisa se preocupar tanto. Já disse, ajudar você faz parte do meu trabalho. Se fosse outra pessoa, faria o mesmo.- Mas eu não quero abusar da sua boa vontade. - Lúcia apertou os lábios.Ele brincou: - Se quer me agradecer de verdade, viva sua vida da melhor forma possível. Não vá fazer como a Olga e nos dar mais problemas.Ele estava, de fato, dizendo para ela não tomar decisões extremas, não importava o quão difícil fosse.- Pode deixar, eu tenho muito medo da dor e prezo muito pela minha vida.Lúcia riu, como se estivesse tranquilizando tanto a ele quanto a si mesma.Ainda havia muitas coisas para resolver, e o tempo era curto. Ela não poderia se dar ao luxo de desistir da vida.Lúcia franziu a testa, como se tivesse lembrado de algo, e
A atenção de todos estava em Sílvio. Inclusive a de Lúcia.Seu coração batia tão rápido que parecia prestes a saltar pela boca. Lúcia apertou os lábios e fixou o olhar em Sílvio, esperando sua resposta. Sim ou não.Sílvio desviou o olhar de Lúcia com frieza e respondeu indiferente: - Meu nome é Sílvio.Giovana, que estava inicialmente tensa, relaxou e sorriu suavemente para Raimunda: - Pode chamá-lo de Sr. Sílvio.- Sr. Sílvio, muito prazer! Dá para ver que é uma pessoa de posses. Que elegância, que porte... - Raimunda estendeu a mão, tentando estabelecer uma relação com Sílvio. Ela não sabia que ele era marido de Lúcia, muito menos que sua filha havia sido demitida do hospital por ele.Na mente de Raimunda, só havia um pensamento: agarrar-se firmemente a Giovana, na esperança de colher benefícios futuros que poderiam garantir um bom sustento.Sílvio olhou para a mão estendida de Raimunda, que estava cheia de calos grossos. Vendo que ele não queria apertar sua mão, Raimunda deixo
- Lúcia, se você não quer falar, tudo bem, eu não pergunto mais. Se você ainda está chateada comigo por causa do que aconteceu da última vez, eu posso pedir desculpas, está bem?Giovana mordeu os lábios com uma expressão de tristeza, olhando para Lúcia com um rosto cheio de remorso.Lúcia ficou enojada com suas palavras e simplesmente a ignorou.- Você não fez nada de errado, não precisa pedir desculpas a ela. - Sílvio disse com indiferença.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava entorpecido, doeu tanto que ela mal conseguia respirar.Ele sempre achou que Giovana não estava errada, a errada era sempre ela...Sílvio olhou para Giovana, seu tom era frio e sem emoção: - Estou tranquilo por ter te trazido aqui, mas tenho um contrato para assinar, preciso ir agora.Se soubesse disso, ele nem teria vindo hoje.Lúcia soltou um riso sarcástico. Seu marido estava se despedindo carinhosamente da amante na frente dela, que era sua esposa. Que ironia e que piada!Esses dois eram tão apa
Olga, aos olhos de sua mãe Raimunda, era como um investimento de baixo custo e alta rentabilidade.Sendo filha única, com a morte de Olga, não havia mais ninguém para cuidar da Raimunda na velhice, nem para ajudá-la financeiramente, restando apenas a neta Célia, que era um verdadeiro peso morto.Raimunda, sem meios de sustento para o futuro, ainda teria que cuidar de uma neta inútil.Ao saber que Lúcia foi a responsável pela perda do emprego bem remunerado de sua filha, Raimunda sentiu uma raiva ardente.Toda essa situação era culpa dela!Raimunda, tomada pela fúria, rosnou entre dentes: - Ela arruinou a vida da minha filha e ainda tem a ousadia de vir ao enterro! Essa vagabunda! Não vou deixar isso barato!Raimunda olhou ao redor, procurando uma faca, mas não encontrou.Seu corpo tremia de raiva, a indignação fervendo dentro dela. Com passos rápidos e decididos, Raimunda saiu do salão.Giovana, que estava assistindo a cena, fingiu preocupação e gritou: - Dona Raimunda, não faça nada
- Eu… - Raimunda ficou sem palavras.- Como eu disse, se você quiser reabrir o caso, apresente as provas. Nós só reconhecemos evidências. Se você quer causar confusão, não nos culpe por sermos duros. Claro, se você acha que minha atitude é ruim e quer reclamar, fique à vontade para ir à delegacia.Raimunda começou a chorar descontroladamente, sentou-se no chão e bateu com os punhos, chorando alto, sem nenhuma dignidade: - Filha, você morreu de forma tão trágica, foi assassinada, e não consegue descansar em paz. Abra os olhos e veja, os malfeitores estão se vangloriando. Isso é insuportável, eu amaldiçoo quem causou a morte da minha filha, que não tenha uma morte digna, não, que toda a família dela não tenha uma morte digna, que todos morram!Giovana ouviu essas palavras, engoliu em seco e abaixou os olhos, sentindo um calafrio nas costas.Essa velha maluca, estava realmente lançando uma maldição contra ela.Se maldições funcionassem, para que serviria a lei?Giovana revirou os olhos,
Aquele café tinha sido o local de algumas das melhores memórias dela com Giovana e Sílvio. Naquela época, Giovana era a irmã de consideração de Sílvio. Poucas pessoas sabiam sobre aquele café, o que indicava que quem a chamara era um conhecido.Saindo da frente do hospital, Lúcia olhou para o homem ao seu lado: - Policial, pode voltar sozinho.- E você? - Perguntou ele.Lúcia mordeu o lábio, lembrando-se de algo: - Eu vim de carro, está no velório. Vou pegar um táxi até lá.- Deixe-me levá-la. A mãe da Olga tem uma opinião tão ruim de você que, se eu estiver por perto, ela não vai te enfrentar abertamente.Lúcia achou que ele tinha razão. Pegar o carro e encontrar a pessoa misteriosa no café era a prioridade.O homem dirigiu até a porta do velório.Lúcia agradeceu, soltou o cinto de segurança e sorriu para ele: - Policial, você realmente não pode me dizer seu nome?- Eu gosto de fazer boas ações anonimamente. - Respondeu ele após pensar um pouco.Lúcia assentiu: - Obrigado, polic
- Tá bom, eu te conto. O que você quiser saber, eu te conto. - Giovana disse calmamente.Lúcia se sentou de novo no sofá: - Desembucha logo!- Olga foi demitida do hospital há uma semana, você sabe disso, né? Ela foi demitida porque aceitou seu dinheiro, violando as regras do hospital, e alguém a denunciou. - Giovana, com os lábios pintados de um vermelho intenso, falou com uma voz firme.Lúcia deu um risinho frio: - Isso eu já sabia.- Mas você sabe quem a denunciou?Assim que Giovana terminou de falar, o rosto de Lúcia mudou de expressão: - Foi você?- Lúcia, eu não sou tão mesquinha. Olga e eu não temos nada uma com a outra; faz anos que não nos falamos. Não sou santa, mas também não vou prejudicar uma desconhecida à toa. - Giovana fez uma pausa antes de continuar. - Quem a denunciou foi seu marido, Sílvio.Ao ouvir isso, a mente de Lúcia explodiu. Sílvio...Ela tentou se lembrar, no dia em que Olga foi demitida, Sílvio estava com a mãe dela, e depois ele desapareceu. Ela pensou