— Não, eu só estava refletindo sobre como o tempo passa rápido. Já faz mais de vinte dias que nos conhecemos. Srta. Lúcia, por favor, pense com carinho na minha proposta. A vida é única, e, assim que eu souber a opinião de Daulo, entro em contato com você. Tenho certeza de que a Sra. Sandra e o Sr. Abelardo gostariam que a filha deles estivesse viva e saudável.— Tudo bem. Vou pensar nisso. — Disse Lúcia, enquanto abria a porta do carro e descia.Basílio ficou observando a silhueta de Lúcia desaparecer ao passar pelo portão de ferro ornamentado da mansão. O sorriso em seus olhos se desfez, como estrelas que se quebram em pedaços, e ele soltou um riso amargo.Na verdade, a primeira vez que ele havia visto Lúcia não tinha sido há vinte dias.Mas, naquela época, ela nunca notara a existência dele, o filho ilegítimo e invisível da família.Agora, com uma nova identidade e posição, ele era um homem diferente. No entanto, o destino havia sido cruel: Lúcia era a esposa de outro. O que restava
Agora, parecia que Lúcia corava ao ver Basílio, enquanto ao ver seu próprio marido, ela só conseguia reagir com raiva.Sílvio sentiu como se seu coração estivesse sendo lentamente cortado por uma faca cega, uma dor agonizante que só aumentava.Ele apagou a tela do celular e pegou um cigarro. Com o isqueiro, acendeu o cigarro e, sem expressão, começou a fumar.Lúcia estava grávida de seu filho. Mesmo assim, ela não conseguia se comportar. Não entendia o que era ser uma esposa decente. Sílvio riu amargamente, incapaz de conter a frustração.— Sr. Sílvio, estou na entrada da Mansão Baptista. Devo levar o cofre até aí? — A voz de Leopoldo soou pelo telefone, em um momento terrivelmente inoportuno.O cofre já havia chegado.Sílvio se sentiu um idiota. Ele estava sendo ridicularizado por Lúcia, enganado, e ainda assim estava disposto a fazer as pazes, a entregar a ela a carta de Abelardo.— Leve de volta! — A voz de Sílvio soou fria.— O quê? — Leopoldo ficou confuso. Foi o próprio Sílvio qu
Sílvio soltou uma risada seca, mas seus olhos estavam frios como gelo. Ele não havia ido ali para falar sobre o processo. Estava ali para propor uma trégua, para tentar viver em paz com ela. Queria devolver o cofre que havia pegado do escritório de Abelardo, devolvê-lo à sua legítima dona, e depois convencê-la a seguir o que ele considerava o caminho certo: ter o filho deles, deixar para trás os rancores e começar uma nova vida em um lugar tranquilo, longe de tudo, onde pudessem esquecer todas as mágoas.Seus olhos recaíram sobre o rosto pálido de Lúcia, onde as bandagens cobriam a testa manchada de sangue seco. Sílvio sentiu o coração amolecer. Como ela podia ser tão descuidada? Ele se lembrava de que, na sala do tribunal, sua testa estava perfeita.Instintivamente, seus dedos longos se estenderam em direção à testa dela, mas Lúcia recuou bruscamente, como se ele fosse um veneno. Sua mão ficou suspensa no ar, sem rumo.— Se você não veio falar sobre o processo, então caia fora! — Diss
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come