— Ouvi dizer que você encerrou a parceria com a Construção AG recentemente. O que foi que aquela gerente fez pra te irritar? Pelo que me lembro, ela era uma das melhores da empresa. Deve ser muito competente no que faz, não? — Giovana comentou, com um sorriso suave nos lábios, observando de perto as reações de Sílvio.Assim que Sílvio entendeu o motivo daquela conversa, seu olhar ficou frio como gelo.— Você veio aqui pra ser a defensora dela? — Respondeu, com evidente impaciência.— Não é bem isso. A verdade é que a gerente me procurou, sim, mas, Sílvio, seja qual for sua decisão, eu sempre vou apoiar você. — Disse Giovana, com a voz doce e calma.A expressão de Sílvio relaxou um pouco.Giovana ajeitou o casaco sobre os ombros e, aproveitando a oportunidade, começou a semear a discórdia:— Pelo que ouvi, você prometeu a ela que, se a Lúcia a perdoasse, vocês continuariam a parceria, não foi?— O que você quer dizer com isso? — Sílvio perguntou, desconfiado.— Acontece que essa gerente
— Não me chame de "marido". Não vou ficar com uma mulher tão azarada como você. Desde que me casei com você, nunca tive um dia de paz. E nem pense em vender a casa dos meus pais para cobrir essa besteira que você fez. Dê seu jeito, ou então é divórcio. E mais uma coisa: se nos separarmos, você nunca mais verá nossa filha! — Disse o homem, subindo as escadas com frieza.A gerente limpou as lágrimas, tentando se recompor. Ela achava que o problema era não ter oferecido presentes luxuosos o suficiente. Então, decidiu gastar mais, estourando o cartão de crédito em um presente de 500 mil reais para Giovana.Ela voltou ao hospital, mas Giovana ainda não tinha retornado. Após horas de espera, finalmente viu Giovana entrar no quarto, com a mesma calma de sempre.— Srta. Giovana, por favor, aceite esse presente como um pequeno gesto meu. Apenas uma forma de demonstrar minha gratidão. — Disse a gerente, entregando o presente.Giovana deu uma olhada rápida no presente, depois olhou para os dois
Giovana tentou se justificar:— Eu não disse que ela está atrapalhando o seu caminho, né? Não faço ideia do que ela falou naquele telefonema. Mas você realmente conhece bem a Lúcia? Eu a conheço há muito mais tempo que você. Ela adora fazer pose de boazinha, mas quem faz o trabalho sujo são sempre os outros. O que ela mais gosta é que as pessoas a chamem de santa. Enfim, já te falei o que tinha que falar. Agora, é com você.— Srta. Giovana, o que eu devo fazer?— Não importa o que você tente. Não vai adiantar. A Lúcia é do tipo que guarda rancor. Se você a irritou, é melhor aceitar o azar. — Disse Giovana, com um olhar de falsa compaixão.Quando saiu do hospital, a gerente não conseguia tirar da cabeça a sensação de que havia algo errado com a Lúcia. Com certeza, o problema estava naquele telefonema.Ela não queria ajudar e ainda fez toda essa encenação? Que mulher hipócrita. Se ela não iria ter paz, então ninguém iria!A gerente decidiu seguir o mesmo caminho que Olga havia trilhado a
Irritado, Basílio se levantou de imediato, trocou de roupa e decidiu ir até o Grupo Baptista. Ele queria falar diretamente com Sílvio e convencê-lo a fazer com que Lúcia aceitasse o tratamento.Na sala da presidência do Grupo Baptista, Sílvio ouviu a explicação de Basílio e, por um momento, sua expressão mudou várias vezes. Ele pegou uma carteira de cigarros, tirou um e acendeu, soltando a fumaça enquanto olhava fixamente para o nada.— Sílvio, estou falando com você. Está me ouvindo? — Basílio insistiu, irritado com o silêncio.— A situação de Lúcia é grave. Você precisa convencê-la a se tratar. — Basílio continuou, seu tom cada vez mais tenso.Sílvio olhou para cima, soltando mais uma baforada de fumaça, e riu com desdém.— Essa é a segunda vez que você vem me dizer que a Lúcia está doente, né? — Disse ele, com uma pitada de sarcasmo.— Exatamente. Ela é sua esposa. Você tem que se preocupar com isso. — Basílio respondeu, apoiando as mãos sobre a mesa e encarando Sílvio diretamente.
Sílvio não falava com Lúcia havia dias.Desde que lhe deu o cofre, vinha se controlando para não ceder à saudade. Mergulhou no trabalho, se afundando em tarefas diárias para tentar não pensar nela.Antes, quando brigavam, a reconciliação nunca passava de um dia. Lúcia sempre dava um jeito de oferecer uma saída, uma desculpa, e o apaziguava, fazendo as pazes rapidamente.Mas agora, o silêncio entre os dois estava durando mais e mais. Um verdadeiro impasse entre marido e mulher, ambos teimosamente optando pela distância e pelo silêncio.Sílvio não aguentava mais esperar. Não queria que essa situação se prolongasse indefinidamente. Sabia que, se ele não tomasse a iniciativa, Lúcia jamais iria procurá-lo.Ele mandou Leopoldo pegar o carro e o levou até a Mansão Baptista.Sílvio tentou ligar para Lúcia. O celular chamava, mas ninguém atendia. Ela ainda estava chateada com ele?Sentado no banco de trás, seu olhar se endureceu. Por que ela nunca parava de sentir raiva?Leopoldo, que captou o
Leopoldo saiu para coordenar a busca por Lúcia, deixando Sílvio sozinho na mansão.Na manhã seguinte, Sílvio ainda não tinha notícias da localização do veículo.— Sr. Sílvio, talvez devêssemos chamar a polícia. Com a ajuda deles, pode ser mais fácil encontrar a Sra. Lúcia. — Sugeriu Leopoldo ao telefone.Sílvio estava prestes a responder quando um número desconhecido apareceu na tela. Ele encerrou a ligação com Leopoldo e atendeu imediatamente.Uma risada feminina e debochada ecoou pelo telefone:— Sílvio, sua mulher está nas minhas mãos!— É você? — Sílvio estreitou os olhos, reconhecendo a voz da gerente de contas.A audácia dela era impressionante. Tinha sequestrado sua esposa.— Pare de enrolar! Se quiser vê-la pela última vez, venha sozinho para a Serra Encantada. E se ousar chamar a polícia, eu mato ela! — Ameaçou a mulher, antes de desligar.Logo em seguida, um alerta soou no celular de Sílvio. Era uma foto.Na foto, as mãos de Lúcia estavam amarradas firmemente com uma corda, p
Lúcia abriu os olhos de repente, sentindo uma água fétida escorrer em seus olhos, em seu rosto, encharcando suas roupas e cabelos. Seu corpo inteiro estava molhado.Seus braços doíam, formigavam de tão exaustos. Ao olhar para cima, percebeu que suas mãos estavam amarradas, e a corda que prendia seus pulsos estava enrolada em um galho seco.Ela olhou para baixo e seu estômago revirou. O desfiladeiro era tão profundo que desaparecia na escuridão. Uma vertigem tomou conta dela, intensificada por sua fobia de altura.Lúcia ainda lembrava do telefonema que atendeu, supostamente de uma entrega. Depois disso, tudo ficou escuro. Agora estava ali, sem entender o que havia acontecido.A dor na parte de trás de sua cabeça era lancinante. Ela esfregou os olhos, tentando clarear a mente, mas ainda não conseguia juntar todas as peças.O som agudo e repetitivo de madeira rangendo invadiu seus ouvidos, martelando em sua cabeça. Ela seguiu o som e viu uma figura feminina, de costas, segurando um facão.
Lúcia sentia o corpo pesado. A árvore seca podia se partir a qualquer momento, incapaz de suportar seu peso por mais tempo.— Você acha que eu vou cair nas suas mentiras?— Acredite no que quiser. Só estou te dizendo a verdade: eu nunca fui a mulher que o Sílvio mais amou. Eu não tenho controle sobre as decisões dele. A mulher que ele ama é Giovana. Se você tivesse sequestrado Giovana, teria mais chances de sucesso. Seu problema é que você não pensa direito, mas isso não é culpa sua, já nasceu assim.— Você quer morrer, é isso? Tá dizendo que eu sou burra? — A gerente de contas a encarou com raiva, explodindo em uma enxurrada de palavrões.Lúcia esboçou um sorriso irônico:— Claro, eu também não sou muito esperta. Se fosse, não teria amado a pessoa errada e acabado nessa situação.Ela suspirou e, com o olhar sereno, fixou os olhos na gerente, falando calmamente:— Antes de me sequestrar, você fez alguma investigação? Você sabe qual é a minha verdadeira relação com o Sílvio? Sim, sou a