Lúcia sentia o corpo pesado. A árvore seca podia se partir a qualquer momento, incapaz de suportar seu peso por mais tempo.— Você acha que eu vou cair nas suas mentiras?— Acredite no que quiser. Só estou te dizendo a verdade: eu nunca fui a mulher que o Sílvio mais amou. Eu não tenho controle sobre as decisões dele. A mulher que ele ama é Giovana. Se você tivesse sequestrado Giovana, teria mais chances de sucesso. Seu problema é que você não pensa direito, mas isso não é culpa sua, já nasceu assim.— Você quer morrer, é isso? Tá dizendo que eu sou burra? — A gerente de contas a encarou com raiva, explodindo em uma enxurrada de palavrões.Lúcia esboçou um sorriso irônico:— Claro, eu também não sou muito esperta. Se fosse, não teria amado a pessoa errada e acabado nessa situação.Ela suspirou e, com o olhar sereno, fixou os olhos na gerente, falando calmamente:— Antes de me sequestrar, você fez alguma investigação? Você sabe qual é a minha verdadeira relação com o Sílvio? Sim, sou a
Lúcia sentiu o coração disparar. Ela piscou, achando que estava vendo uma miragem.Era Sílvio! Ele realmente tinha vindo!A gerente de contas também se virou e viu Sílvio se aproximando. Vestido com um pesado casaco preto, ele estava coberto de neve, que caía sobre seus ombros. Mesmo assim, ele exalava uma aura de autoridade que fazia a mulher tremer.Com passos firmes, Sílvio se aproximou, os lábios se curvando em um sorriso frio e ameaçador:— Você tem coragem de sequestrar a minha mulher? Está cansada de viver?— Sua mulher? — A gerente de contas, como se tivesse entendido algo, virou-se novamente para Lúcia, seus olhos cheios de ódio. — Então era tudo mentira? Tudo o que você disse era uma maldita farsa? Você disse que ele não viria, que não era a mulher que ele mais amava! Então por que ele está aqui? Você estava tentando me enganar o tempo todo, mesmo prestes a morrer?— Solte-a agora. Ou o rompimento do contrato será o menor dos seus problemas. — Sílvio ameaçou, continuando a av
— Você não é tão burra assim. — Zombou Sílvio com desdém.Lúcia finalmente entendeu o que estava acontecendo. Seus braços, pendurados na árvore seca, já estavam completamente dormentes, sem qualquer sensação. Com um sorriso amargo, ela murmurou:— Agora você acredita, não é? Sílvio nunca mudaria suas decisões por minha causa.— E o que eu tenho a ver com esse problema da carga? Por que eu tenho que pagar por isso? Vocês me usaram como bode expiatório! Me fizeram de idiota! Esses dias fiquei correndo pra lá e pra cá, entregando coisas, pedindo favores, e vocês me trataram como uma palhaça! Acham que eu não tenho limites? — A gerente de contas explodiu, furiosa.Ela pegou o facão novamente do chão e começou a golpear a árvore com mais força:— Morram! Todos vocês! Ninguém vai sobreviver!Ela já estava condenada, e ninguém mais teria o direito de viver!O galho da árvore seca rangia a cada golpe, e o ramo no qual Lúcia estava pendurada balançava perigosamente, prestes a ceder.— Pare com
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come