Logo depois, o vídeo mostrou Lúcia e Sandra. Lúcia segurava uma caixa de doces recém-comprados — Os favoritos de Abelardo.— Sílvio, o que você pensa que está fazendo? — Gritou Lúcia para ele, que estava na varanda.No vídeo, Sílvio olhou para Lúcia. Naquele instante, a câmera captou com clareza o momento em que Abelardo soltou repentinamente o pulso de Sílvio.Com um estrondo, Abelardo caiu da varanda, despencando com força aos pés de Lúcia e Sandra.Os doces nas mãos de Lúcia caíram no chão.O sangue quente espirrou no rosto de Lúcia e manchou as botas brancas de couro de Sandra.O vídeo foi interrompido abruptamente.No tribunal, o silêncio era absoluto. A atmosfera pesada e solene.Sílvio olhou para Lúcia, que estava no banco do autor, visivelmente em choque. Ele falou, com calma:— Se isso ainda não for suficiente, eu posso fornecer o restante do vídeo para provar minha inocência. Mas você sabe o que vem depois, né?— Este vídeo demonstra claramente que o réu é inocente. — Disse o
Três a dez anos de prisão. Mas Lúcia sabia que não viveria tanto tempo assim.Quando a sessão foi encerrada e o juiz e os demais deixaram o tribunal, Lúcia se levantou, distraída. Pôs a mochila nas costas e saiu sem sequer olhar para Sílvio e Giovana.— Sílvio, você pode me levar ao hospital? — Giovana perguntou, com a voz manhosa. — O Dr. Arthur disse que tem uma solução para tratar meu rosto. Queria sua ajuda para escolher.Lúcia não suportava mais ouvir as demonstrações de afeto entre eles. Com a mochila nas costas, saiu rapidamente da sala do tribunal.Seu estômago embrulhou, e a náusea subiu pela garganta. Correndo, ela foi para o banheiro.Sílvio desviou-se do toque de Giovana e franziu o cenho:— Eu não sou médico, como vou saber qual tratamento escolher? Use o que achar melhor. Dinheiro não é problema.— Sílvio... — Giovana mordeu o lábio, desapontada.Sílvio olhou para o Dr. Arthur, que estava ao lado:— Acompanhe Giovana de volta ao hospital.— Sim, senhor. — Respondeu o dout
Sílvio originalmente queria apenas confortá-la. Ele realmente estava com boas intenções, tentando fazê-la enxergar a verdade para que ela parasse de remoer a morte do pai, e principalmente para que não o acusasse de ser um assassino.Mas as palavras saíram de sua boca como se estivessem fora de controle, afiadas como facas, indo direto ao coração de Lúcia.Impaciente, Sílvio puxou o pulso de Lúcia com força, e, desequilibrada, ela bateu a testa contra o peito dele.— Vou te levar para casa!Essas palavras, "te levar para casa", eram tão doces.No passado, quando discutiam, ele sempre mantinha uma postura fria e distante. Mesmo quando cedia, o fazia de maneira severa, como agora, impaciente, agarrando seu pulso e insistindo em levá-la para casa.Ao lembrar-se disso, Lúcia teve um breve momento de confusão.— Sílvio! — Uma voz feminina soou, clara e aguda.Lúcia levantou o olhar e viu Giovana, vestida com um casaco de pele rosa, correndo em direção a eles.Giovana, ao ver Sílvio segurand
Não se sabia se era a tristeza ou algo mais, mas uma dor repentina e violenta tomou o fígado de Lúcia, como se estivesse sendo rasgado impiedosamente. O gosto de sangue começou a surgir em sua boca.Ela rapidamente correu para o banheiro. Ao inclinar-se sobre a pia, vomitou um jato de sangue espumoso que manchou a porcelana. O sangue escorria incessantemente de seus lábios.Com os olhos arregalados e cheios de dor, Lúcia não conseguia entender. Por que estava cuspindo sangue de novo? O médico não havia dito que ela estava melhorando? Que o milagre já estava acontecendo?Será que sua condição piorou de novo... Lúcia não ousava pensar nisso. O sangue continuava a jorrar pela garganta.Sua dor interna era insuportável, como se milhares de formigas a estivessem devorando. Seu rosto estava pálido e o suor frio escorria de sua testa.Ela havia tomado alguns analgésicos antes da audiência. Por que a dor voltara agora?A única explicação era que a quantidade de remédio tinha sido insuficiente.
Quando Lúcia estava descendo o último degrau, sentiu alguém empurrá-la por trás. Em um piscar de olhos, ela se viu caindo desajeitadamente no chão. Inúmeros pés, sapatos de salto alto, pisoteavam seu pulso, quase quebrando seus dedos. A dor era tão intensa que as lágrimas escorriam de seus olhos.Ela tentou afastar os pés que esmagavam sua mão, mas estava completamente sem forças. “Esses jornalistas foram chamados pelo Sílvio?” pensou Lúcia, lembrando-se de situações semelhantes no passado. Não era a primeira vez que algo assim acontecia.Da última vez, seu pai sofreu um acidente de carro e precisou de dinheiro para o tratamento. Naquele dia, uma nevasca intensa caía do céu. Sílvio, para torturá-la, a fez ajoelhar na neve, enquanto Giovana a insultava. Logo depois, um enxame de repórteres apareceu, exatamente como agora, a pressionando sem piedade, até que a derrubaram no chão e começaram a pisar em suas mãos e pulsos, quase quebrando seus dedos.Agora, parecia que Sílvio havia repet
Dentro do quarto de hospital, Sílvio acompanhou Giovana até lá e, com o rosto frio, disse: — Se precisar de algo, me ligue. Eu vou embora agora.— Está bem. — Giovana sorriu agradecida. — Sílvio, obrigada por me escolher dessa vez em vez de Lúcia. Isso me faz sentir que tudo o que fiz por você valeu a pena.Franzindo a testa, Sílvio corrigiu: — Podemos ser apenas amigos, Giovana. Espero que você trate o rosto e depois encontre um homem para casar e ter filhos. Não perca mais tempo comigo. Não vale a pena.— Mas Lúcia é filha do seu inimigo! — Giovana tentou relembrá-lo, com um sorriso que tremia.Ele soltou uma risada sarcástica. — Meu inimigo está morto. Agora que a verdade veio à tona, não há mais obstáculos entre mim e Lúcia. Ninguém pode impedir que voltemos a ser como antes.Além disso, Lúcia estava esperando um filho dele. Abelardo estava morto, Sandra também, e Sílvio finalmente podia deixar o ódio para trás.Os olhos de Giovana encheram-se de desespero, ficando cada vez mais
Giovana estava tão furiosa que suas veias se destacavam, com os punhos cerrados e os dentes apertados, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.Lúcia, mesmo em sua situação, tinha Sílvio ao seu lado, enquanto Giovana se via sendo maltratada por aquele velho monstruoso, Arthur.— O que eu disse da última vez ainda vale. Você vai pensar melhor? — Dr. Arthur ofereceu, enquanto enxugava suas lágrimas.Giovana já tinha esquecido o que havia dito antes.— Eu mencionei que, se você quer ter uma vida boa, não precisa depender só do Sílvio. Isso é um beco sem saída. Venha comigo, e você também terá uma vida cheia de privilégios.— Arthur, eu também falei que, se você deseja se casar comigo, precisa provar que está falando sério.— Como eu faço isso?— Parece que você realmente não leva a sério o que digo. Já disse que, quando sua esposa e seu filho morrerem, você pode falar sobre casamento. Não vou ser sua amante para sempre.— Minha esposa esteve comigo por mais de dez anos, na pior fase da
— Que boa notícia?Lúcia ficou atônita. Ela já tinha chegado a esse ponto, e ainda poderia haver algo de bom em sua vida?— Vou te contar depois que terminarem de te cuidar. — Basílio respondeu com um sorriso enigmático.No corredor do hospital, a enfermeira estava estancando o sangue de Lúcia com um cotonete. Ela tinha vários arranhões no braço e na testa. A dor era tanta que Lúcia mal conseguia segurar um gemido.Uma voz chamou a enfermeira, e ela respondeu rapidamente, voltando-se para Basílio, que estava ao lado:— Preciso ir ali. Você pode segurar o cotonete para sua namorada enquanto eu volto e coloco o curativo.A palavra "namorada" pegou tanto Basílio quanto Lúcia de surpresa.Lúcia não conseguiu segurar a necessidade de explicar:— Não, ele...Ela não teve tempo de terminar a frase, pois a enfermeira logo interrompeu:— Ah, eu sei. Vocês formam um casal bonito. Dá pra ver de longe.O rosto de Basílio corou levemente. A enfermeira, sorrindo, o incentivou a se aproximar para seg