Eduardo murmurou, um pouco envergonhado:— Ah, eram só vitaminas... Eu pensei que você estivesse com algum problema de saúde.Os cílios de Lúcia tremeram, e antes que pudesse dizer qualquer coisa, o rosto de Sílvio escureceu. Ele odiava ouvir qualquer sugestão de que Lúcia pudesse estar doente. Seus olhos lançaram um olhar cortante na direção de Eduardo.— Todos podem ter problemas de saúde, menos ela.Como Lúcia poderia estar doente? Ela sempre foi mimada e cuidada com todo o zelo. E agora, grávida, não deixava de fazer nenhum exame pré-natal. Sílvio simplesmente não aceitava que algo pudesse acontecer com ela. Por isso, as palavras de Eduardo o irritaram.Eduardo, percebendo o clima tenso, deu um sorriso sem graça e se calou.Giovana, tentando amenizar a situação, disse:— Sílvio, o Eduardo só estava falando por falar. Você não precisa levar tão a sério.— Nem "por falar" eu aceito. — Sílvio respondeu, virando-se para Giovana com um olhar impaciente.Giovana, sem querer dar o gostinh
Logo depois, o vídeo mostrou Lúcia e Sandra. Lúcia segurava uma caixa de doces recém-comprados — Os favoritos de Abelardo.— Sílvio, o que você pensa que está fazendo? — Gritou Lúcia para ele, que estava na varanda.No vídeo, Sílvio olhou para Lúcia. Naquele instante, a câmera captou com clareza o momento em que Abelardo soltou repentinamente o pulso de Sílvio.Com um estrondo, Abelardo caiu da varanda, despencando com força aos pés de Lúcia e Sandra.Os doces nas mãos de Lúcia caíram no chão.O sangue quente espirrou no rosto de Lúcia e manchou as botas brancas de couro de Sandra.O vídeo foi interrompido abruptamente.No tribunal, o silêncio era absoluto. A atmosfera pesada e solene.Sílvio olhou para Lúcia, que estava no banco do autor, visivelmente em choque. Ele falou, com calma:— Se isso ainda não for suficiente, eu posso fornecer o restante do vídeo para provar minha inocência. Mas você sabe o que vem depois, né?— Este vídeo demonstra claramente que o réu é inocente. — Disse o
Três a dez anos de prisão. Mas Lúcia sabia que não viveria tanto tempo assim.Quando a sessão foi encerrada e o juiz e os demais deixaram o tribunal, Lúcia se levantou, distraída. Pôs a mochila nas costas e saiu sem sequer olhar para Sílvio e Giovana.— Sílvio, você pode me levar ao hospital? — Giovana perguntou, com a voz manhosa. — O Dr. Arthur disse que tem uma solução para tratar meu rosto. Queria sua ajuda para escolher.Lúcia não suportava mais ouvir as demonstrações de afeto entre eles. Com a mochila nas costas, saiu rapidamente da sala do tribunal.Seu estômago embrulhou, e a náusea subiu pela garganta. Correndo, ela foi para o banheiro.Sílvio desviou-se do toque de Giovana e franziu o cenho:— Eu não sou médico, como vou saber qual tratamento escolher? Use o que achar melhor. Dinheiro não é problema.— Sílvio... — Giovana mordeu o lábio, desapontada.Sílvio olhou para o Dr. Arthur, que estava ao lado:— Acompanhe Giovana de volta ao hospital.— Sim, senhor. — Respondeu o dout
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come