Não se sabia se era a tristeza ou algo mais, mas uma dor repentina e violenta tomou o fígado de Lúcia, como se estivesse sendo rasgado impiedosamente. O gosto de sangue começou a surgir em sua boca.Ela rapidamente correu para o banheiro. Ao inclinar-se sobre a pia, vomitou um jato de sangue espumoso que manchou a porcelana. O sangue escorria incessantemente de seus lábios.Com os olhos arregalados e cheios de dor, Lúcia não conseguia entender. Por que estava cuspindo sangue de novo? O médico não havia dito que ela estava melhorando? Que o milagre já estava acontecendo?Será que sua condição piorou de novo... Lúcia não ousava pensar nisso. O sangue continuava a jorrar pela garganta.Sua dor interna era insuportável, como se milhares de formigas a estivessem devorando. Seu rosto estava pálido e o suor frio escorria de sua testa.Ela havia tomado alguns analgésicos antes da audiência. Por que a dor voltara agora?A única explicação era que a quantidade de remédio tinha sido insuficiente.
Quando Lúcia estava descendo o último degrau, sentiu alguém empurrá-la por trás. Em um piscar de olhos, ela se viu caindo desajeitadamente no chão. Inúmeros pés, sapatos de salto alto, pisoteavam seu pulso, quase quebrando seus dedos. A dor era tão intensa que as lágrimas escorriam de seus olhos.Ela tentou afastar os pés que esmagavam sua mão, mas estava completamente sem forças. “Esses jornalistas foram chamados pelo Sílvio?” pensou Lúcia, lembrando-se de situações semelhantes no passado. Não era a primeira vez que algo assim acontecia.Da última vez, seu pai sofreu um acidente de carro e precisou de dinheiro para o tratamento. Naquele dia, uma nevasca intensa caía do céu. Sílvio, para torturá-la, a fez ajoelhar na neve, enquanto Giovana a insultava. Logo depois, um enxame de repórteres apareceu, exatamente como agora, a pressionando sem piedade, até que a derrubaram no chão e começaram a pisar em suas mãos e pulsos, quase quebrando seus dedos.Agora, parecia que Sílvio havia repet
Dentro do quarto de hospital, Sílvio acompanhou Giovana até lá e, com o rosto frio, disse: — Se precisar de algo, me ligue. Eu vou embora agora.— Está bem. — Giovana sorriu agradecida. — Sílvio, obrigada por me escolher dessa vez em vez de Lúcia. Isso me faz sentir que tudo o que fiz por você valeu a pena.Franzindo a testa, Sílvio corrigiu: — Podemos ser apenas amigos, Giovana. Espero que você trate o rosto e depois encontre um homem para casar e ter filhos. Não perca mais tempo comigo. Não vale a pena.— Mas Lúcia é filha do seu inimigo! — Giovana tentou relembrá-lo, com um sorriso que tremia.Ele soltou uma risada sarcástica. — Meu inimigo está morto. Agora que a verdade veio à tona, não há mais obstáculos entre mim e Lúcia. Ninguém pode impedir que voltemos a ser como antes.Além disso, Lúcia estava esperando um filho dele. Abelardo estava morto, Sandra também, e Sílvio finalmente podia deixar o ódio para trás.Os olhos de Giovana encheram-se de desespero, ficando cada vez mais
Giovana estava tão furiosa que suas veias se destacavam, com os punhos cerrados e os dentes apertados, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.Lúcia, mesmo em sua situação, tinha Sílvio ao seu lado, enquanto Giovana se via sendo maltratada por aquele velho monstruoso, Arthur.— O que eu disse da última vez ainda vale. Você vai pensar melhor? — Dr. Arthur ofereceu, enquanto enxugava suas lágrimas.Giovana já tinha esquecido o que havia dito antes.— Eu mencionei que, se você quer ter uma vida boa, não precisa depender só do Sílvio. Isso é um beco sem saída. Venha comigo, e você também terá uma vida cheia de privilégios.— Arthur, eu também falei que, se você deseja se casar comigo, precisa provar que está falando sério.— Como eu faço isso?— Parece que você realmente não leva a sério o que digo. Já disse que, quando sua esposa e seu filho morrerem, você pode falar sobre casamento. Não vou ser sua amante para sempre.— Minha esposa esteve comigo por mais de dez anos, na pior fase da
No consultório do médico.- Sra. Lúcia, suas células cancerígenas já se espalharam para o fígado. Não há mais o que fazer. Nos dias que lhe restam, coma o que quiser, faça o que desejar, sem arrependimentos.- Quanto tempo eu ainda tenho?- Um mês, no máximo.Lúcia Baptista saiu do hospital. Sem tristeza, sem alegria, pegou o celular e ligou para seu marido, Sílvio. Pensou que, apesar de não estarem mais apaixonados, era necessário contar a ele sobre sua condição terminal.O celular tocou algumas vezes e foi desligado.Ligou novamente, mas já estava na lista de bloqueio.Tentou pelo WhatsApp, mas também estava bloqueada.O amargor em seu coração aumentou. Chegar a esse ponto no casamento era triste e lamentável.Sem desistir, foi à loja e comprou um novo chip, ligando novamente para Sílvio.Desta vez, ele atendeu rapidamente: - Alô, quem fala?- Sou eu. - Lúcia segurava o celular, mordendo os lábios, enquanto o vento cortante batia em seu rosto, como lâminas geladas.A voz do homem no
Lúcia fixava intensamente a foto, com um olhar afiado e sereno, como se quisesse perfurá-la.Ela realmente se arrependia de não ter enxergado a verdadeira natureza das pessoas ao seu redor.Sílvio era seu marido, Giovana era sua melhor amiga, e ambos, que sempre diziam que a retribuiriam, agora a traíam pelas costas, causando-lhe uma dor atroz!A amante se sentia tão no direito de exibir sua conquista na frente da esposa legítima, era uma desfaçatez sem igual!Lúcia era orgulhosa. Mesmo que a família Baptista agora estivesse nas mãos de Sílvio, ela ainda era a única herdeira legítima da família.Giovana não passava de uma aduladora que sempre a seguia, bajulando e tentando agradar.Lúcia bloqueou todas as formas de comunicação com Giovana. Porque ela sabia que Giovana, sozinha, não teria coragem de agir. E Sílvio era a mão que impulsionava as ações de Giovana.Para esperar Sílvio, ela não jantou, apenas tomou o analgésico prescrito pelo médico.O relógio na parede marcava onze horas. L
- Eu vou soltar fogos de artifício por dias e noites no seu funeral para comemorar sua morte! - Disse Sílvio.Ao ouvir isso, o coração de Lúcia, que já estava pendurado por um fio, se despedaçou completamente. Cada pedaço, ensanguentado, parecia impossível de juntar novamente.Era difícil imaginar o quão frio Sílvio poderia ser. Ele desejava sua morte com tanta indiferença, falando com um sorriso sarcástico.- Sílvio, se quer casar com a Giovana, vai ter que esperar eu morrer.O homem que ela havia moldado com suas próprias mãos havia sido seduzido por uma mulher sem escrúpulos. Ela não podia suportar essa humilhação.Se estavam destinados ao inferno, que fossem os três juntos.- Lúcia, ainda vai chegar o dia em que você vai chorar e implorar de joelhos para se divorciar de mim!O olhar penetrante de Sílvio estava frio como gelo. Sem qualquer hesitação, ele bateu a porta ao sair.Aquela noite, ela não conseguiu dormir. Não era por falta de vontade, mas porque simplesmente não conseguia
- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co