- Pode ser parcelado? - Lúcia perguntou com a voz trêmula.A funcionária do caixa, com uma expressão fria e acostumada a esse tipo de situação, respondeu: - Somos um hospital particular, não fazemos parcelamento. Ou você transfere seu pai ou providencia o dinheiro.As pessoas na fila atrás dela começaram a revirar os olhos e a reclamar:- Você vai pagar ou não? Se não, sai da frente, estamos esperando.- Exato, está ocupando o lugar à toa.- Se não tem dinheiro, por que veio ao hospital? Vai para casa esperar a morte!Lúcia levantou os olhos levemente e, com um pedido de desculpas, saiu da fila.Ela tinha poucos amigos e pedir dinheiro emprestado era fora de questão.A única pessoa que poderia ajudá-la era Sílvio.Ela ligou, mas ele não atendeu.Mandou uma mensagem: [Assunto urgente, atenda, Presidente Sílvio.]Era a primeira vez que ela o chamava de Presidente Sílvio.Primeira ligação, sem resposta. Segunda, terceira, também não.Ela continuou insistindo, sem desistir, mesmo com o co
Lúcia ouviu um zumbido nos ouvidos e sua visão ficou turva por um momento. Antes que pudesse reagir, sentiu suor frio na testa.Sandra, ainda furiosa, deu mais um tapa na filha.Lúcia quase caiu, mas uma enfermeira bondosa a segurou.Com a visão gradualmente recuperada, ela viu a mãe, furiosa, olhando para ela e gritando:- Sua ingrata! Eu te avisei para não fazer isso, mas você insistiu! Eu sempre disse que Sílvio não era bom para você, que ele tinha segundas intenções! Eu escolhi para você um bom partido, alguém do nosso nível, mas você preferiu um órfão, um segurança! E agora? Como ele te trata? Como ele nos trata? A família Baptista, que sempre foi tão respeitada, está arruinada por sua causa, tudo por sua culpa!Sandra, com o rosto vermelho de raiva, levantou a mão para bater de novo, mas foi contida pelos profissionais de saúde.Lúcia, com o rosto dolorido, tentou falar, mas não conseguiu emitir uma palavra. Tudo o que podia fazer era chorar de arrependimento.Na maca, o pai come
A enfermeira falava com um tom de ironia e desdém:- Se você não pretende fazer a cirurgia do seu pai, então leve-o daqui. Deixá-lo no hospital à toa é um desperdício de recursos públicos.Essa mesma enfermeira que, havia apenas quatro horas, tinha um sorriso largo no rosto enquanto recebia o pagamento, agora mostrava seu lado indiferente. A hipocrisia das pessoas era impressionante.No entanto, ela não tinha tempo para culpar ninguém. Sabia que ninguém ajudaria um estranho sem esperar algo em troca. Para evitar que sua mãe passasse por constrangimentos, ela mentiu com tranquilidade: - O dinheiro estará na conta antes da noite.- É mesmo? - A enfermeira parecia surpresa e esperançosa.- Espere até o dinheiro estar na conta. - Disse Lúcia.Desligando o telefone, ela ligou para Sílvio, pedindo que ele voltasse para casa para discutirem o divórcio. A única carta que ainda tinha na manga era negociar os termos do divórcio com Sílvio. O fato de cinco milhões de reais ser a última gota d
- Sra. Lúcia, é assim que você pede ajuda? - Ele desligou o computador com frieza e se levantou para sair. - Agora não quero mais me divorciar. Por favor, vá embora.Lúcia agarrou o pulso dele, sua voz finalmente suavizando: - Sílvio, eu realmente não tenho outra opção.Ela não chorou, apenas mordeu o lábio, implorando: - Eu aceito o divórcio, não vou mais te incomodar, por favor, me ajude…Foi a primeira vez que Lúcia se mostrou tão vulnerável diante dele.Mesmo assim, ele afastou a mão dela: - Mas eu quero mais do que ninguém que ele morra.- Sílvio, você está enganado sobre ele, ele é seu sogro. Ou então, diga suas condições, o que você quer para me ajudar?Sua voz, antes firme, agora tremia levemente.Ele não olhou para trás, carregando o paletó claro no braço.Ao ouvir o som, Sílvio se virou.Lúcia, a orgulhosa filha de Abelardo, a quem ele sempre tratou como uma princesa, agora estava ajoelhada diante dele.Seus olhos mostravam surpresa. Nem quando ele estava com Giovana, nem
Quando Lúcia viu claramente quem estava à sua frente, seus dedos se fecharam com força, e um lampejo de autodepreciação passou por seus olhos.Ela tinha imaginado demais, como poderia ser Sílvio?Se Sílvio não quisesse que ela sofresse, a família Baptista não estaria na situação em que se encontrava.Lúcia sentiu um nó no peito, levantando o olhar obstinado para Giovana. Giovana, que um dia fora sua amiga mais próxima, agora lhe parecia absolutamente repugnante.Giovana, toda maquiada e elegante, vestia roupas de grife e sapatos de salto alto fino. Rindo com desprezo, cobriu a boca: - Ora, ora, não é a filha mais orgulhosa e querida da família Baptista? Quem diria que um dia você se ajoelharia pedindo ajuda? Eu me lembro que, quando seu marido te tratava com frieza querendo o divórcio, você não se rebaixou assim.- Saia daqui!Lúcia nem se deu ao trabalho de olhar para ela, soltando a palavra com desdém.- Pfff, você está prestes a ser abandonada e ainda é tão arrogante? Lúcia, a cois
As mãos delicadas e alvas de Lúcia foram pisoteadas por inúmeras botas e sapatos.A dor fazia com que lágrimas escorressem de seus olhos e o suor frio brotasse em sua testa.Mas ele havia ido embora, saindo pela porta dos fundos do Grupo Baptista com Giovana, deixando-a sozinha.Que ridículo! Ela ainda nutria uma esperança, acreditando que ele viria salvá-la!Ele só se lembrava de Giovana, esquecendo completamente que sua esposa estava sendo cercada pela imprensa.Câmeras e microfones invadiam seu rosto desesperadamente. Ela tentou se levantar, mas foi empurrada de volta à neve pelos repórteres.As perguntas da mídia eram cruéis, os microfones quase enfiados em sua boca, questionando sobre o estado de seu casamento com Sílvio, se seu pai estava gravemente doente e morrendo, e se ela estava ajoelhada ali porque havia feito algo errado.Cada pergunta perfurava seu coração.“Sílvio, você conseguiu! Você pisoteou a dignidade e o orgulho de Lúcia, que sempre foram tão importantes para ela.”
Ela segurava o celular, sentada no pilar da ponte, que estava gelado como gelo.- E se foi, o que importa? E se não foi, o que muda? - Sílvio riu com indiferença.Mesmo nessa situação, ele ainda conseguia rir. Era a escória máxima.Mas, no fim, isso realmente já não importava mais.- Sílvio, eu já fiz o que você pediu, fiquei ajoelhada por duas horas em frente ao Grupo Baptista.- Devo te dar uma medalha por isso? - Ele respondeu, cheio de sarcasmo.- Você deveria cumprir sua promessa e me dar os cinco milhões.Ela falou com dificuldade, e ele fingia não entender, forçando-a a lembrá-lo repetidamente, sem vergonha.- Sra. Lúcia, quando foi que eu prometi salvar seu pai?- Sílvio! - Lúcia apertou fortemente o celular.- Acho que o que eu disse foi que eu queria mais que qualquer um que ele morresse, não? Você é que foi idiota o suficiente para ficar de joelhos no frio, isso é problema seu. Quem mandou ser masoquista?Todas as defesas de Lúcia desmoronaram.Segurando o celular, ela choro
Os braços de Lúcia estavam perdendo força. No entanto, ela precisava saber se aquela ligação era do Sílvio, essa resposta era crucial para ela.Com dificuldade, ela se esforçou para pegar o celular que estava na pia do banheiro. Olhou para a tela e, com um sorriso amargo, atendeu a chamada, acionando o viva-voz com dificuldade:- Lúcia, o dinheiro já está chegando? Seu pai acabou de receber a segunda notificação de estado grave do hospital! Eles querem transferi-lo, não vão esperar mais... Filha, eu não sei mais o que fazer, realmente não sei. Se você está enfrentando algum problema, me diga, por favor. Estou te implorando. Eu não posso perder seu pai, eu o amo. Sem ele, eu não consigo viver.Sandra, do outro lado da linha, estava desesperada, à beira do colapso, chorando compulsivamente. Sua voz era um apelo angustiado.O corpo de Lúcia estava inchado pela água morna da banheira, que parecia penetrar suas veias como milhares de formigas brancas devorando-a por dentro.- Por favor, es