Na Mansão do Baptista, estava tudo na mais completa escuridão. Ela já teria ido dormir tão cedo?Com um clique, Sílvio acendeu a luz da parede, entrando com a expressão fechada.Tudo estava diferente do que ele imaginava.Sílvio pensou que Lúcia estaria como nos anos anteriores, com um bolo pronto, esperando por ele no sofá.Ele olhou para o sofá, a poltrona onde ela mais gostava de ficar estava vazia.O homem percebeu imediatamente que a xícara que ele comprou para Lúcia havia sumido.Sílvio foi até o quarto, que também estava escuro, com a porta aberta.A cama estava perfeitamente arrumada, sem nenhum vinco.Então ele foi ao closet e percebeu que a mochila favorita dela não estava lá, assim como a escova de dentes, pasta de dentes, os casacos e suéteres que ela costumava usar.Ela tinha fugido?Sílvio, com a expressão fria, caminhou até o sofá da sala, sentou-se e tirou as luvas de couro: - Em dez minutos, quero saber onde está a Lúcia!Leopoldo pegou o celular e foi até a varanda
A mulher, com medo de que Lúcia notasse, abaixou a aba do boné de pato sobre a cabeça. Olga estava com medo, especialmente porque Giovana a estava forçando a cometer um assassinato. Se Lúcia descobrisse quem ela era, estaria em apuros. O olhar de Lúcia caiu sobre a mulher naquela fileira de assentos, onde só ela estava sentada. O boné ocultava o rosto da mulher, mas Lúcia conseguia ver claramente as lágrimas e o corpo tremendo. Ela estava chorando tanto que devia ter passado por algo triste. Além disso, a mulher usava boné e máscara, só mostrando os olhos. Lúcia achou a mulher um pouco familiar, mas não viu nada de errado com ela.A comissária de bordo falava inglês fluentemente e pediu aos passageiros que desligassem os celulares e fechassem as bandejas. Lúcia tirou um pacote pequeno de lenços de papel da mochila e acenou para a comissária de bordo: - Oi.- A senhora precisa de alguma coisa? - A comissária de bordo perguntou, sorrindo calorosamente.Lúcia apontou para a mulher c
O ar estava assustadoramente quieto, e a atmosfera excepcionalmente opressiva. Sílvio limpou as xícaras na mesa e se serviu de café.Leopoldo segurava o celular enquanto entrava pela sacada e fechava a porta de vidro, aproximando-se de Sílvio e falando baixinho: - Presidente Sílvio, descobrimos o paradeiro da Sra. Lúcia.Sílvio nem sequer levantou os olhos. Leopoldo prosseguiu com as informações que havia descoberto: - Provavelmente, Sra. Lúcia foi para sua cidade natal. Ela está a caminho de Hasnan, e deve pousar no aeroporto de Hasnan na madrugada de hoje.Na mente de Sílvio, ecoaram as palavras de Lúcia durante o dia: “Sobre a morte de seus pais, eu certamente investigarei e lhe darei uma explicação! Mas eu acredito que meu pai é inocente, deve haver um mal-entendido!”Uma leve surpresa passou pelos olhos de Sílvio. Ela não estava fugindo, estava indo investigar o caso do passado. Ele pensou que Lúcia estava apenas falando por falar, mas ela realmente foi.- Presidente Sílvio,
Uma senhora idosa, segurando um buquê de flores azuis, com sotaque do interior, disse: - Moça, compre um buquê de flores, minhas flores estão fresquinhas e baratas.- Você estava me seguindo o tempo todo?- Sim, eu vi sua aparência e suas roupas, pensei que você fosse rica, então quis que você comprasse minhas flores.Lúcia viu que as costas da mão da senhora, que carregava a cesta de flores, estavam rachadas pelo frio, e a pele era áspera, claramente uma pessoa sofrida, lutando pela vida, difícil.Lúcia comprou todas as flores da senhora, que alegremente entregou a cesta de flores para Lúcia.Ela havia suspeitado demais, ninguém a estava seguindo deliberadamente.O ônibus para Bairro das Árvores já havia parado de funcionar, só voltaria a operar às nove da manhã seguinte.Lúcia encontrou um hotel online que ficava muito perto da estação de ônibus, fez a reserva e pegou um táxi até o hotel.Ela escolheu um hotel cinco estrelas.Enquanto Lúcia fazia o check-in na recepção, uma mulher c
- Você é a Srta. Lúcia?A mulher estava parada na porta, falando em voz baixa.Lúcia acenou com a cabeça: - Você precisa de alguma coisa?- Posso entrar para falar? Tenho algo muito importante para dizer.A mulher falou com urgência. Ela acabara de receber uma ligação de Giovana, que lhe mandara comprar uma faca para matar Lúcia.Ela precisava contar a verdade para Lúcia, para que Lúcia percebesse o perigo.Lúcia olhou para a mulher e achou que ela não parecia ser má pessoa. Mais importante, havia algo familiar naqueles olhos, como se já os tivesse visto antes, mas não conseguia se lembrar onde.Lúcia abriu a porta: - Entre, por favor.De repente, o telefone tocou.A mulher olhou para o celular, com uma expressão de leve preocupação: - Srta. Lúcia, tenho que atender uma ligação urgente. Já volto para falar com você.- Tudo bem.Lúcia não suspeitou de nada, deixou a porta aberta e entrou no quarto para secar o cabelo com o secador.A mulher, com o celular na mão, pegou o elevador até
A mulher entrou na suíte presidencial e percebeu que o quarto onde Lúcia estava hospedada tinha a mesma categoria que o dela.Era evidente que Lúcia realmente queria ser generosa e ajudar.Agora, com sua filha Célia nas mãos de Giovana, ela não tinha mais como resistir ou lutar. Só podia sentir-se culpada em relação a Lúcia.Lúcia fechou a porta e perguntou: - Você quer beber alguma coisa?- Srta. Lúcia, não precisa se incomodar. Eu só vim dizer algumas coisas e já vou embora.A mulher ajustou a máscara e mordeu os lábios em voz baixa.Mesmo assim, Lúcia fez uma xícara de café e entregou-a com as duas mãos.Ela pegou o copo descartável, sentindo um calor reconfortante nas mãos.A mulher colocou o café na mesa e enfiou a mão no bolso do casaco. Dentro do bolso, estava a faca de mola, que ela segurava firmemente.Ela esperava que Lúcia baixasse a guarda para então golpeá-la fatalmente.Lúcia sentou-se na beirada da cama, cruzou as pernas e olhou para ela com preocupação: - Você está de
- Quem? Os olhos turvos da velha passearam pelo rosto de Lúcia, percebendo que ela não era moradora do Bairro das Árvores.Lúcia entendeu que a velha estava com a audição comprometida pela idade e, aproximando-se do ouvido dela, elevou a voz: - Sílvio! Sílvio!A velha ficou pensativa por um momento e, então, assentiu: - Conheço, conheço sim. Somos do mesmo vilarejo, como não iria conhecê-lo?Lúcia tirou uma nota da carteira e a estendeu para a velha: - Dona, a senhora pode me levar até a casa dele? Esses cem reais são para você.- Claro, claro.Os olhos apagados da velha brilharam instantaneamente.Neste vilarejo, a maioria dos moradores eram idosos. Os jovens saíam para trabalhar e raramente voltavam para casa. Os idosos, sem dinheiro e força para trabalhar, viviam com muitas dificuldades.A velha agarrou a nota da mão de Lúcia rapidamente, como se temesse que ela se arrependesse: - Filha, eu te levo lá.Seguiram por um caminho estreito entre os campos, onde Lúcia pisava nas folh
A velha balançou a cabeça: - Não, foi um terremoto há alguns anos que deixou a casa assim. Todo mundo no nosso vilarejo já reformou suas casas, só essa família ainda morava numa casa dos anos 80. Filha, a gente não pode ficar aqui dentro muito tempo. Essa casa está muito desgastada pelo vento e pela chuva, pode desabar e nos enterrar aqui.A velha entrou na casa, inquieta, seguindo Lúcia.O chão era de terra batida, irregular, com uma poça de cinzas. Havia um buraco no chão que Lúcia não conseguia entender para que servia.As vigas caídas no chão estavam queimadas, restando apenas pequenos pedaços. Havia também alguns pedaços curtos de madeira, que a velha disse serem da cama.Ao olhar em volta, tudo o que se via eram ruínas. As vigas queimadas estavam cobertas de mofo e algumas tinham até cogumelos crescendo nelas.O ar estava impregnado com o cheiro de umidade e mofo.- Aquele incêndio na casa do Sílvio foi criminoso? - Lúcia perguntou, mordendo os lábios enquanto saía da casa.Ao l