Quando uma pessoa estava sofrendo, era incapaz de chorar.Lúcia soltava gritos secos de desespero, rasgando os lençóis com as mãos em um frenesi. Ele dizia que queria que ela desse à luz aquele filho, mas será que ele ao menos tinha se informado sobre cuidados infantis? Será que o médico não lhe disse que não se devia estressar uma grávida, que o estado emocional da mãe era crucial?Tudo não passava de desculpas! Mentiras patéticas! Giovana tinha razão, ele era apenas um sádico, e fazer com que ela engravidasse era só uma forma perversa de vê-la sofrer até a morte.Lúcia desabou na cama, encarando o teto, perdida em seus pensamentos.Seu sono vinha piorando a cada dia, e naquela noite, ela não conseguiu dormir um segundo sequer.Sua mente estava cheia de pensamentos desordenados, e nada conseguia acalmá-la.Ela ficou observando o quarto escuro pouco a pouco se iluminando, vendo a luz da manhã tocar as copas das árvores.Quando Marina chegou, surpreendeu-se ao vê-la já sentada no sofá:
— Exatamente. — O entregador respondeu com convicção.Lúcia sentiu um arrepio súbito, o tempo realmente passava muito rápido. Como já podia ter se passado metade de um mês?Ela pediu ao entregador que deixasse a encomenda na portaria e que ela iria buscá-la imediatamente.Marina fez um sinal com a mão, e um táxi parou na frente delas. Atenciosa, Marina abriu a porta, protegendo a cabeça de Lúcia com a mão. Só depois que Lúcia entrou, ela se sentou ao lado.Lúcia informou ao motorista o endereço da Mansão do Baptista. Pouco mais de dez minutos depois, ela já estava na portaria pegando uma pequena caixa de papelão.Ela não a abriu imediatamente, preferindo ver o conteúdo quando chegasse em casa.No caminho de volta, decidiram caminhar um pouco. Cruzaram com uma senhora vendendo plantas. O sol iluminava as folhas verdes, que pareciam envoltas em um véu dourado. Uma pequena e delicada flor brotava de uma das plantas.Marina percebeu que Lúcia gostou da planta e, sem pedir permissão, decidi
Sim, ela ainda era a esposa de Sílvio, mas nem ela sabia do paradeiro do marido, como é que outra pessoa poderia saber?Ela pegou o celular e ligou para Sílvio, mas o número estava bloqueado.Enquanto tentava pensar no que fazer, as portas do elevador ao lado se abriram com um "ding".Sílvio, vestindo um terno escuro, saiu do elevador cercado por sua equipe, caminhando na direção dela.Lúcia, irritada, soltou um sorriso sarcástico e foi ao encontro dele.— Sílvio, preciso falar com você!Ele, no entanto, a ignorou completamente, passando por ela como se fosse invisível.— Se você não me ouvir agora, eu vou te seguir até que esteja disposto a me escutar! — Lúcia olhou firme para a figura imponente dele, determinada.Mal acabou de falar, ele parou abruptamente. Murmurou algumas instruções para um dos executivos ao seu lado, que logo saiu pelas portas giratórias do Grupo Baptista.Lúcia se aproximou dele e comentou com ironia:— Inventando desculpas para fugir de mim, hein? Você não estav
Sílvio riu com desdém:— Nem preciso ouvir, já sei que é falsificação sua!— Você realmente pensa isso de mim? — Lúcia abriu os olhos, grandes e cheios de dor, sentindo um aperto no peito que quase a impedia de respirar.Quando se casaram, ele prometeu que sempre confiaria nela, que entre marido e mulher deveria haver confiança mútua. Será que aquelas promessas foram em vão?Ele estreitou os olhos:— Já te dei o suficiente, Lúcia. Pare de bancar a vítima. Tenha essa criança, e depois seguimos nossos caminhos. Você pode ir atrás de quem quiser.Na noite anterior, ele havia decidido. Aquela Lúcia, que estava diante dele, já não era a mesma mulher vibrante e bondosa que ele um dia conheceu. Ele só queria o filho deles, depois disso, um rompimento definitivo. Era hora de encerrar essa relação tóxica e cheia de erros.— Sílvio! Vou dizer pela última vez, o que acabei de falar é a verdade! — Lúcia gritou, desesperada. — O que precisa acontecer para você acreditar em mim?Ele a encarou por um
Ela não conseguia dormir, o que a deixava extremamente ansiosa, com o coração acelerado e lágrimas que corriam sem parar.Ela sentia que havia algo errado com ela! Já fazia dez dias inteiros que não conseguia pegar no sono!Lúcia, triste, percebeu que não tinha ninguém com quem pudesse desabafar, nenhum amigo em quem pudesse confiar.Desesperada, acabou ligando para Sílvio.Mas quem atendeu foi Giovana:— Lúcia, o Sílvio já está dormindo. Não ligue mais. Qualquer coisa, resolvemos amanhã.E desligou o telefone.Então ele estava dormindo na casa de Giovana!Lúcia se encolheu debaixo do cobertor e começou a chorar baixinho.Quando Marina passou pelo quarto dela, ouviu os soluços e ficou preocupada. Lúcia, ultimamente, chorava muito.Pegando o celular, Marina encontrou o número de Sílvio e ficou indecisa sobre contar ou não o que estava acontecendo....Na Mansão do Fonseca, Sílvio estava trazendo um copo de água quando viu Giovana rapidamente largar o celular dele, que estava carregando.
— Sim, a Sra. Lúcia acordou muito cedo hoje. Quando cheguei, ela já estava sentada no sofá, olhando para o nada, chorando sem parar. Perguntei o que aconteceu, mas ela não quis falar. Embora esteja comendo as refeições e tomando os remédios para manter a gravidez regularmente, é visível que ela está perdendo peso rapidamente.As palavras de Marina fizeram Sílvio franzir o cenho.Ele subiu as escadas rapidamente e foi até a porta do quarto principal, batendo com firmeza.A porta não se abriu.Do lado de fora, ele pôde ouvir soluços abafados.De repente, o coração de Sílvio começou a acelerar, um sentimento de desespero tomando conta dele. Ele chamou pelo nome de Lúcia, mas o quarto permaneceu fechado.Marina lhe entregou a chave reserva, e ele a usou para destrancar a porta. Marina, percebendo a gravidade da situação, tirou o avental e foi embora.Sílvio entrou no quarto, que estava completamente escuro, sem nenhuma luz acesa.Somente a fria e pálida luz da lua penetrava pelas cortinas
— Se eu tivesse um infarto, você ficaria feliz, né? Já faz tempo que você quer me ver morto. Até um caixão você já deve ter preparado pra mim. — Lúcia deu um sorriso cansado. — Morrer não seria tão ruim assim. De qualquer jeito, um dia isso vai acontecer. No fim das contas, ninguém escapa da morte, né?O tom desanimado dela deixou Sílvio extremamente tenso. Sua voz carregava um traço de irritação:— Para com isso e tenta dormir um pouco.Ele não conseguia imaginar como reagiria se Lúcia, a pessoa que ele tanto amava e odiava ao mesmo tempo, realmente morresse de repente. Só de pensar, já era assustador. Ele enlouqueceria, com certeza!O ódio era o que o mantinha em pé até agora. Se Lúcia não estivesse mais ali, o que ele teria?Meia hora depois, Lúcia finalmente adormeceu em seus braços. Ela sonhou com algo bonito, e Sílvio, com cuidado, a deitou de volta na cama, cobrindo-a com o edredom. Depois, ele passou a ponta dos dedos pela bochecha dela, do mesmo jeito carinhoso que fazia quan
O relatório do último exame dela foi manipulado. Quem poderia garantir que o teste psicológico de hoje não teria sido adulterado?Sílvio pegou um guardanapo e limpou os lábios: — Não acho necessário trocar de hospital.Ele sabia que ela queria fazer o teste no mesmo hospital onde Abelardo estava internado, mas os dois hospitais tinham o mesmo diretor.O Dr. Arthur o acompanhava há muitos anos e jamais teria coragem de falsificar um relatório médico. Se ela queria mudar de hospital, ele começava a suspeitar que ela pudesse ter subornado algum médico!Ao ouvir isso, o coração de Lúcia afundou no peito, mergulhando em um abismo. Talvez o relatório médico falsificado da última vez tivesse sido ideia de Sílvio.Realmente não havia necessidade de trocar de hospital.Lúcia não respondeu, terminou o café da manhã em silêncio e foi para o closet. Escolheu um casaco de plumas branco, uma calça jeans justa e uma bota estilo coturno.Como fazia muito frio lá fora, também colocou um gorro de lã.Q