— Se eu tivesse um infarto, você ficaria feliz, né? Já faz tempo que você quer me ver morto. Até um caixão você já deve ter preparado pra mim. — Lúcia deu um sorriso cansado. — Morrer não seria tão ruim assim. De qualquer jeito, um dia isso vai acontecer. No fim das contas, ninguém escapa da morte, né?O tom desanimado dela deixou Sílvio extremamente tenso. Sua voz carregava um traço de irritação:— Para com isso e tenta dormir um pouco.Ele não conseguia imaginar como reagiria se Lúcia, a pessoa que ele tanto amava e odiava ao mesmo tempo, realmente morresse de repente. Só de pensar, já era assustador. Ele enlouqueceria, com certeza!O ódio era o que o mantinha em pé até agora. Se Lúcia não estivesse mais ali, o que ele teria?Meia hora depois, Lúcia finalmente adormeceu em seus braços. Ela sonhou com algo bonito, e Sílvio, com cuidado, a deitou de volta na cama, cobrindo-a com o edredom. Depois, ele passou a ponta dos dedos pela bochecha dela, do mesmo jeito carinhoso que fazia quan
O relatório do último exame dela foi manipulado. Quem poderia garantir que o teste psicológico de hoje não teria sido adulterado?Sílvio pegou um guardanapo e limpou os lábios: — Não acho necessário trocar de hospital.Ele sabia que ela queria fazer o teste no mesmo hospital onde Abelardo estava internado, mas os dois hospitais tinham o mesmo diretor.O Dr. Arthur o acompanhava há muitos anos e jamais teria coragem de falsificar um relatório médico. Se ela queria mudar de hospital, ele começava a suspeitar que ela pudesse ter subornado algum médico!Ao ouvir isso, o coração de Lúcia afundou no peito, mergulhando em um abismo. Talvez o relatório médico falsificado da última vez tivesse sido ideia de Sílvio.Realmente não havia necessidade de trocar de hospital.Lúcia não respondeu, terminou o café da manhã em silêncio e foi para o closet. Escolheu um casaco de plumas branco, uma calça jeans justa e uma bota estilo coturno.Como fazia muito frio lá fora, também colocou um gorro de lã.Q
Leopoldo assentiu, e Lúcia não disse mais nada. Ela se virou e o seguiu para fora do hospital. Ele abriu a porta do carro para ela e, depois que Lúcia se acomodou no banco traseiro, ele sentou-se ao volante. Ao perceber que ela esfregava as mãos para se aquecer, ligou o aquecedor com um gesto cuidadoso.Lúcia agradeceu com um breve “obrigada”.— Sra. Lúcia, não se preocupe. Tenho certeza de que está tudo bem com a senhora. Todos nós passamos por momentos difíceis e, às vezes, ficamos para baixo. Desde que isso não seja constante, não há com o que se preocupar. O mais importante agora é cuidar da sua saúde mental, principalmente porque a senhora está grávida. Gestantes precisam se manter calmas e felizes. — Disse Leopoldo, tentando confortá-la.Ela forçou um sorriso. Será mesmo que estava tudo bem? Se está, por que Dr. Arthur parecia tão preocupado? E por que Sílvio a fez esperar no carro?Lúcia sentia um peso esmagador no peito, uma ansiedade que a consumia. Já faziam mais de dez dia
Lúcia sentiu o arroz prender na garganta, acompanhado por uma onda de amargura. Se não estava enganada, essa era a primeira vez, em mais de um ano de silêncio gelado, que ele falava com ela de maneira tão calma e gentil.Era ele o culpado por ela estar nessa situação! E mesmo assim, diante desse repentino gesto de preocupação, seu coração, há muito endurecido, parecia finalmente encontrar um pouco de calor, como uma planta recebendo a luz do sol após um longo inverno. Lágrimas ameaçaram cair, mas ela não queria parecer fraca na frente dele, então as reprimiu, concentrando-se em comer grandes bocados de comida.— Lavei as mãos e o sabão entrou nos meus olhos. Não foi nada sério.— Coma mais um pouco. A Marina preparou tudo isso para você. — Sílvio pegava a comida com o garfo e colocava no prato dela.Em pouco tempo, o prato estava abarrotado de comida. Será que o resultado do teste deu algo errado? Por isso ele estava sendo tão atencioso de repente? Lúcia se perguntou em silêncio.E
Tendências depressivas! Paciente com câncer!Era exatamente o caso dela!— Tome os remédios.A voz grave veio acompanhada de uma mão grande e quente estendida em sua direção, cheia de cápsulas e comprimidos coloridos.Lúcia sentia um aperto no peito. Com um fio de esperança, levantou o olhar e, hesitante, perguntou para Sílvio, cujo rosto permanecia impassível:— Sílvio, eu posso não tomar esses remédios?— Não pode. — Ele respondeu rápido, sem a menor hesitação.Lúcia esboçou um sorriso amargo:— Eu realmente não posso tomar esses remédios!Ela sabia que poderia morrer! Estava claro na bula!— Por quê? — Sílvio franziu a testa.Lúcia mordeu o lábio:— Eu tenho tendências depressivas, você precisa acreditar em mim.— Sério? — A voz dele estava fria, distante, como se aquilo não tivesse nada a ver com ele.Sílvio se irritou um pouco ao ouvir aquela história de novo. Ele tentou de tudo para agradá-la: falou com mais suavidade, preparou café da manhã para ela, acompanhou-a ao psiquiatra,
— Agora você pode tomar os remédios?A voz fria de Sílvio era tão gélida que fez o coração de Lúcia parecer totalmente entorpecido.Afinal, toda a preparação havia sido para forçá-la a tomar aqueles medicamentos!Lúcia sentia uma dor aguda no peito, estendeu seus dedos magros e tocou os vários comprimidos e cápsulas na palma da mão dele, segurando-os com firmeza.Ela então pegou o copo de água que ele lhe entregou, tomou um gole pequeno e forçou os remédios para dentro da boca, engolindo-os com água.— Engula! — Sílvio franziu a testa ao notar seu pequeno atraso, seu olhar carregado de ameaça.Lúcia sabia que, se não obedecesse, ele provavelmente usaria seu pai ou a família Baptista para ameaçá-la! Era sua vida em jogo, e ela não tinha escolha senão se submeter.Ela engoliu com dificuldade, os comprimidos deslizando pela garganta e entrando em seu corpo.Sílvio parecia temer que ela tentasse vomitar, pois esperou dois longos horas antes de sair.Leopoldo tentou ligar para ele várias ve
Na sala de reuniões do Grupo Baptista,Sílvio e Basílio haviam acabado de assinar um contrato de parceria, e Basílio se levantou para sair.— Presidente Basílio, com a sua idade, não está pensando em encontrar alguém? Sua família não está cobrando? — Sílvio perguntou repentinamente.Basílio olhou para trás e viu Sílvio relaxado na poltrona de couro, com um sorriso sardônico.— Desde quando o Presidente Sílvio se interessou pela minha vida pessoal?— Principalmente porque estou preocupado que alguém possa estar de olho nas minhas possessões.— A Srta. Lúcia não é sua propriedade.— Ela ainda é minha esposa! E continuará sendo minha esposa para sempre! Basílio, você sabe o quanto Lúcia gosta de mim? Ela abriria mão de sua dignidade por mim! E você acha que tem alguma chance de competir comigo? — Sílvio esboçou um sorriso desdenhoso, cheio de escárnio.Basílio não se irritou, e seus olhos cor de âmbar brilharam com um tom complexo.— Presidente Sílvio, como seu parceiro de negócios, recom
Lúcia soltou uma risada sarcástica, com os olhos revelando cansaço.— Sílvio, se você quer viajar, pode levar a Giovana com você.Ao dizer isso, ela percebeu que as mãos dele, que estavam ao lado do corpo, se fecharam em punhos. Será que ele estava com raiva de novo? Ele pretendia agredi-la?— Eu já disse que vou cumprir o contrato! Tomei os remédios e o bebê está bem no meu ventre! O que mais você quer? — Ela levantou os olhos e olhou para o homem familiar à sua frente, confusa.O que ela disse o deixou entalado, sentindo-se frustrado e desconfortável.Eles ainda não haviam se divorciado, ela ainda era sua esposa, e mesmo assim ela o estava mandando viajar com outra mulher.Sílvio riu friamente.— Você acha que vou discutir com você sobre isso? Só estou te avisando!— Já que é só um aviso, por que se dar ao trabalho de pedir a minha opinião?— Lúcia, você precisa falar comigo assim?— Desculpe, não vou dizer coisas que não sinto. Se você quer ouvir algo agradável, procure minha boa am