Tendências depressivas! Paciente com câncer!Era exatamente o caso dela!— Tome os remédios.A voz grave veio acompanhada de uma mão grande e quente estendida em sua direção, cheia de cápsulas e comprimidos coloridos.Lúcia sentia um aperto no peito. Com um fio de esperança, levantou o olhar e, hesitante, perguntou para Sílvio, cujo rosto permanecia impassível:— Sílvio, eu posso não tomar esses remédios?— Não pode. — Ele respondeu rápido, sem a menor hesitação.Lúcia esboçou um sorriso amargo:— Eu realmente não posso tomar esses remédios!Ela sabia que poderia morrer! Estava claro na bula!— Por quê? — Sílvio franziu a testa.Lúcia mordeu o lábio:— Eu tenho tendências depressivas, você precisa acreditar em mim.— Sério? — A voz dele estava fria, distante, como se aquilo não tivesse nada a ver com ele.Sílvio se irritou um pouco ao ouvir aquela história de novo. Ele tentou de tudo para agradá-la: falou com mais suavidade, preparou café da manhã para ela, acompanhou-a ao psiquiatra,
— Agora você pode tomar os remédios?A voz fria de Sílvio era tão gélida que fez o coração de Lúcia parecer totalmente entorpecido.Afinal, toda a preparação havia sido para forçá-la a tomar aqueles medicamentos!Lúcia sentia uma dor aguda no peito, estendeu seus dedos magros e tocou os vários comprimidos e cápsulas na palma da mão dele, segurando-os com firmeza.Ela então pegou o copo de água que ele lhe entregou, tomou um gole pequeno e forçou os remédios para dentro da boca, engolindo-os com água.— Engula! — Sílvio franziu a testa ao notar seu pequeno atraso, seu olhar carregado de ameaça.Lúcia sabia que, se não obedecesse, ele provavelmente usaria seu pai ou a família Baptista para ameaçá-la! Era sua vida em jogo, e ela não tinha escolha senão se submeter.Ela engoliu com dificuldade, os comprimidos deslizando pela garganta e entrando em seu corpo.Sílvio parecia temer que ela tentasse vomitar, pois esperou dois longos horas antes de sair.Leopoldo tentou ligar para ele várias ve
Na sala de reuniões do Grupo Baptista,Sílvio e Basílio haviam acabado de assinar um contrato de parceria, e Basílio se levantou para sair.— Presidente Basílio, com a sua idade, não está pensando em encontrar alguém? Sua família não está cobrando? — Sílvio perguntou repentinamente.Basílio olhou para trás e viu Sílvio relaxado na poltrona de couro, com um sorriso sardônico.— Desde quando o Presidente Sílvio se interessou pela minha vida pessoal?— Principalmente porque estou preocupado que alguém possa estar de olho nas minhas possessões.— A Srta. Lúcia não é sua propriedade.— Ela ainda é minha esposa! E continuará sendo minha esposa para sempre! Basílio, você sabe o quanto Lúcia gosta de mim? Ela abriria mão de sua dignidade por mim! E você acha que tem alguma chance de competir comigo? — Sílvio esboçou um sorriso desdenhoso, cheio de escárnio.Basílio não se irritou, e seus olhos cor de âmbar brilharam com um tom complexo.— Presidente Sílvio, como seu parceiro de negócios, recom
Lúcia soltou uma risada sarcástica, com os olhos revelando cansaço.— Sílvio, se você quer viajar, pode levar a Giovana com você.Ao dizer isso, ela percebeu que as mãos dele, que estavam ao lado do corpo, se fecharam em punhos. Será que ele estava com raiva de novo? Ele pretendia agredi-la?— Eu já disse que vou cumprir o contrato! Tomei os remédios e o bebê está bem no meu ventre! O que mais você quer? — Ela levantou os olhos e olhou para o homem familiar à sua frente, confusa.O que ela disse o deixou entalado, sentindo-se frustrado e desconfortável.Eles ainda não haviam se divorciado, ela ainda era sua esposa, e mesmo assim ela o estava mandando viajar com outra mulher.Sílvio riu friamente.— Você acha que vou discutir com você sobre isso? Só estou te avisando!— Já que é só um aviso, por que se dar ao trabalho de pedir a minha opinião?— Lúcia, você precisa falar comigo assim?— Desculpe, não vou dizer coisas que não sinto. Se você quer ouvir algo agradável, procure minha boa am
O assento de Lúcia ficava ao lado de Sílvio.Mas ela nem sequer olhou para ele. Desde que ele a forçou a tomar medicamentos proibidos ontem, quase a matando, ela não sentia mais nada além de cansaço em relação a ele.Ela estava exausta e cansada dessa constante troca de acusações.Seu pai havia causado a morte dos pais de Sílvio, e ele, por sua vez, tomou o Grupo Baptista, levando a família Baptista à ruína, transformando a jovem que antes vivia sem preocupações em alguém tão lamentável quanto ela estava agora.E ela não podia culpá-lo, porque era uma dívida que ela mesma havia contraído.Mas, afinal, ela era apenas humana, não uma santa, e como poderia não se sentir ressentida?Assim, o silêncio parecia ser a melhor opção.Lúcia olhava para as nuvens grandes e fofas do lado de fora, piscando os olhos secos, com uma sensação de opressão que a fazia sentir dificuldade em respirar.— Não tem dormido bem há alguns dias? Ainda não vai fechar os olhos e descansar um pouco? — A voz de Sílvio
Lúcia achava Sílvio extremamente hipócrita. Entre eles havia um profundo abismo de ressentimento, ele queria a matar por tortura, mas ainda assim fazia questão de aparentar preocupação e carinho.Lúcia, no entanto, não rebateu, apenas sorriu com desdém e deixou que o cobertor fino fosse colocado sobre ela.Ela fechou os olhos e fez de conta que estava dormindo.Sílvio sabia perfeitamente que ela estava apenas fingindo para não ter que falar com ele.Ele não desmascarou a farsa, nem se importou. Não sabia se era devido à gravidez, mas ela parecia estar cada vez mais irritada e ácida.Giovana, no banco de trás, não fazia ideia do que estavam discutindo, apenas notava a intimidade entre eles e como Lúcia estava apoiada no ombro de Sílvio.A raiva e a inveja de Giovana eram evidentes, ela estava furiosa e se sentia profundamente injustiçada. Havia passado anos ao lado de Sílvio sem nunca sequer tocar em seus dedos, enquanto Lúcia estava ali, encostada no seu ombro e dormindo.A diferença e
Enquanto isso, no quarto de Giovana.Ela olhava para Sílvio com sinceridade, refletindo sobre como o dinheiro realmente podia transformar as coisas. Quando o conheceu no orfanato, ele era um adolescente com um olhar furtivo, vestindo jeans desgastados e isolado pelas outras crianças.Mas agora, onde estava aquela vergonha do passado?Ele estava vestido com um terno sob medida, um relógio caro no pulso, e seu olhar frio e calculista transmitia uma sensação de opressão, mesmo quando estava apenas sentado em silêncio. Era impossível decifrar o que ele estava pensando.Giovana havia mudado de estratégia ao chegar, precisava permanecer ali para ter a oportunidade de agir.Recuar para avançar era a melhor abordagem.— Qual é a sua resposta? — Sílvio foi o primeiro a falar, franzindo a testa ao perguntar.Giovana sorriu para ele, com um sorriso que era ao mesmo tempo elegante e caloroso, exatamente como ele a lembrava:— Sílvio, lembra do que eu te disse? Na época em que te apoiei com cinco m
— Eu acabei de sair para resolver um trabalho. — Disse Sílvio.Lúcia observou-o mentir com um rosto impassível e, com um sorriso irônico, comentou:— Sério? Foi realmente para resolver trabalho?— Como você se tornou tão desconfiada? — Ele perguntou, franzindo a testa involuntariamente.Ela sorriu amargamente, era a mesma sensação de traição repetida por esse homem. E ele ainda a acusava de ser desconfiada?Lúcia fechou os olhos, cansada demais para continuar a discussão.O celular de Sílvio tocou novamente, e ele deu uma olhada no display antes de olhar para Lúcia, que estava fingindo dormir na cama:— Eu vou sair um pouco. Pense no que você quer comer. Quando eu voltar, te levo para jantar.Lúcia não respondeu, e ele saiu.A porta do quarto foi fechada suavemente.Sentindo-se sufocada, Lúcia levantou-se da cama e foi até a janela.Olhou para baixo e viu que Giovana estava parada na entrada do hotel, com várias malas ao lado.Lúcia pensou se talvez Sílvio aparecesse por lá mais tarde.